As novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atingem mais de 180 países e territórios com uma exceção surpreendente: a Rússia. A medida, que prevê sobretaxas de até 125% sobre produtos de setores como tecnologia, siderurgia, baterias e veículos elétricos, foi oficialmente justificada pelo Departamento do Tesouro Americano. Segundo o órgão, a ausência de Moscou se deve ao já limitado intercâmbio comercial entre os dois países, resultado das sanções severas impostas após a invasão da Ucrânia.
Apesar disso, o Kremlin reagiu. Maria Zakarova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, acusou os EUA de romperem com os princípios do comércio global. “A decisão viola regras fundamentais da Organização Mundial do Comércio (OMC) e demonstra que Washington não se considera mais vinculado ao direito comercial internacional”, disse a diplomata.
China promete reagir com firmeza
Pequim também se posicionou de forma contundente contra a nova rodada de tarifas, destacando que tem “recursos abundantes” e “vontade firme” para enfrentar o que chamou de barreiras unilaterais. A China, que já trava uma guerra comercial com os Estados Unidos há anos, foi diretamente atingida, reacendendo temores sobre a estabilidade econômica global.
Lula critica política externa dos EUA
No Brasil, a reação veio em tom crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Honduras. Lula classificou as tarifas como arbitrárias e alertou para os efeitos nocivos sobre a economia internacional. “Não é um bom sinal quando um país tenta impor sua hegemonia econômica”, afirmou o presidente, acrescentando que, se não houver avanço nas negociações, o Brasil poderá retaliar.
Segundo Lula, os Estados Unidos deveriam ter convocado uma mesa de diálogo, especialmente com a China, principal alvo das tarifas. Ele também reforçou que “guerras comerciais não têm vencedores” e defendeu a atuação da OMC como mediadora de conflitos econômicos.
Reações internas: impacto no Brasil
Internamente, os impactos da medida já começam a ser discutidos. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, relacionou a nova política tarifária à possível alta no preço dos alimentos no Brasil. “Se o preço dos alimentos subir, a culpa será das tarifas norte-americanas”, disse. Teixeira também criticou a estratégia de Trump de transferir a inflação dos EUA para o resto do mundo por meio da valorização do dólar.
Por outro lado, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, mostrou-se mais otimista. Ele afirmou que os preços de alguns alimentos, como a carne bovina, já começaram a cair no varejo e no atacado, o que pode neutralizar parte dos efeitos inflacionários.
CELAC sem consenso
Durante a cúpula da CELAC, Lula também defendeu mudanças nas regras internas do bloco, criticando o fato de que países como Argentina, Paraguai e Nicarágua vetaram uma declaração conjunta de repúdio às tarifas. Para o presidente brasileiro, esses entraves demonstram a necessidade de reformular os processos de consenso entre os membros.
Uma escalada que preocupa o mundo
A nova ofensiva tarifária de Donald Trump, ainda que prevista em sua retórica econômica, reacende temores de um novo ciclo de tensões geopolíticas. O gesto de excluir a Rússia, ao mesmo tempo em que agrava a disputa com a China, levanta dúvidas sobre os objetivos estratégicos dos EUA e coloca o mundo em alerta diante dos riscos de uma escalada comercial de grandes proporções.
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