O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve registrar um crescimento de cerca de 2% em 2025, conforme previsões atualizadas por economistas. Embora o número em si pareça positivo diante da conjuntura internacional desafiadora — com guerras comerciais, inflação resistente e juros elevados —, especialistas alertam que boa parte desse avanço estará concentrada no primeiro trimestre do ano. O principal motor desse desempenho é o setor agropecuário, especialmente nas regiões do Centro-Oeste, que retomaram o fôlego em relação ao ano anterior.
Agro impulsiona o 1º trimestre, mas crescimento perde força depois
Segundo projeções, o PIB do primeiro trimestre deve fechar com alta de aproximadamente 1,3%, o que representaria mais da metade do crescimento esperado para todo o ano. Essa concentração indica que a economia brasileira pode perder tração nos trimestres seguintes, com um cenário cada vez mais dependente de estímulos pontuais do governo e da resiliência de setores específicos, como serviços e exportações.
A metáfora usada por analistas do mercado é clara: a temperatura pode ser de 2%, mas a sensação térmica está bem abaixo disso para quem vive nos grandes centros urbanos e depende do comércio, da indústria ou do setor de serviços.
Crédito em retração e juros em alta agravam a desaceleração
O enfraquecimento da economia urbana é visível nos dados mais recentes do Sistema Financeiro Nacional, que apontam para um arrefecimento do mercado de crédito. Com a taxa Selic ainda próxima de 14,75%, o custo de captação permanece elevado, inibindo empréstimos e financiamentos tanto para empresas quanto para famílias.
Esse ambiente inibe o consumo e os investimentos, justamente quando seria necessário estimular a atividade econômica para manter o ritmo após o “pico” do agro no início do ano.
Política fiscal expansionista tenta compensar juros altos
Apesar da política monetária restritiva, a política fiscal tem atuado em sentido oposto, colocando o “pé no acelerador”. O governo anunciou medidas que injetam recursos na economia, como:
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Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, prevista para entrar em vigor e gerar estímulo ao consumo em 2026;
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Liberação do consignado no setor privado, ampliando o acesso ao crédito pessoal;
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Previsão de R$ 70 bilhões em pagamentos de precatórios no segundo semestre de 2025, o que também deve funcionar como impulso ao consumo interno.
Essas iniciativas ajudam a manter o PIB positivo, mas criam um cenário de inflação persistentemente elevada, o que dificulta cortes mais expressivos na Selic ao longo do ano.
Expectativas para 2025 e 2026: crescimento com inflação e juros acima da média
A previsão atual é de que o PIB do Brasil cresça 2% em 2025 e 1,9% em 2026, mesmo com um ambiente de juros estruturalmente altos e inflação pressionada. Isso significa que o país deverá conviver com um custo de crédito elevado e um ambiente macroeconômico desafiador para investimentos de longo prazo.
A inflação média deve permanecer acima da meta ao longo do período, em parte devido à expansão fiscal e à resistência da inflação de serviços. Isso limita o espaço para o Banco Central iniciar um ciclo de afrouxamento monetário mais agressivo.
Crescimento desigual exige cautela
Embora o crescimento de 2% no PIB brasileiro possa parecer robusto em meio às dificuldades globais, grande parte desse avanço é concentrado e desigual. A recuperação do agro camufla a fragilidade dos centros urbanos, afetados por crédito escasso, consumo desaquecido e incertezas fiscais.
Para investidores, empresários e consumidores, o cenário exige cautela: o Brasil caminha entre estímulos fiscais e freios monetários, com riscos reais de estagnação caso a atividade econômica não se diversifique e o ambiente inflacionário continue pressionado.
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