O fundo imobiliário Urca Prime (URPR11) vive seu momento mais crítico desde a criação. A tentativa da gestão de dividir o portfólio em dois fundos foi rejeitada em assembleia, o que forçou a adoção de medidas emergenciais para manter o fundo funcional. Com isso, os rendimentos foram severamente reduzidos e a cota voltou a despencar, refletindo a desconfiança crescente dos investidores.
Na sessão desta semana, as cotas do URPR11 chegaram a cair cerca de 5%, acumulando uma sequência de perdas. O motivo central é a distribuição do pior dividendo da história do fundo: R$ 0,69 por cota, valor que já reflete parte dos ajustes e contenções de caixa promovidos pela gestão. O resultado representa queda relevante frente aos rendimentos anteriores, que giravam em torno de R$ 0,80 por cota.
Gestão anuncia corte de dividendos por 6 meses para salvar operações
Diante da não aprovação da cisão, a gestora optou por uma reorganização interna com o objetivo de “oxigenar” o portfólio. Isso inclui o redirecionamento de parte dos rendimentos para financiar obras em andamento, cujos custos restantes somam R$ 85 milhões. A medida prevê que os dividendos distribuídos nos próximos seis meses fiquem entre R$ 0,50 e R$ 0,55 por cota — uma redução ainda mais drástica.
Com aproximadamente R$ 5 milhões em caixa atualmente e pressões por capital em obras atrasadas, a gestão sinalizou que essa contenção visa preservar o valor dos ativos, mesmo que isso sacrifique temporariamente a rentabilidade.
Investidores se sentem mal informados e criticam comunicação da gestora
Outro ponto que tem gerado frustração entre os mais de 73 mil cotistas do fundo é a falta de transparência e comunicação clara por parte da gestão. A proposta de cisão não foi acompanhada de materiais explicativos robustos e, após sua rejeição, as consequências não foram imediatamente detalhadas ao mercado. Investidores cobram uma postura mais proativa e estruturada para lidar com o agravamento da situação.
A percepção de descontrole tem aumentado, especialmente pela dificuldade da gestão em antecipar cenários alternativos e comunicar riscos com clareza. Muitos enxergam nas falhas de comunicação um indício de que o “buraco é mais embaixo”.
Modelo de negócios de risco e falta de novas emissões aprofundam a crise
Grande parte das dificuldades enfrentadas pelo URPR11 está relacionada ao seu modelo de operação baseado em desenvolvimento imobiliário — um segmento que exige fluxo constante de capital. Como o fundo não realiza novas emissões há algum tempo, a escassez de recursos agravou o cenário.
Operações de maior risco, como o Fidic Residencial, já representam mais de 13% do portfólio, e os altos custos de financiamento dificultam a retomada da performance. A comparação com outros fundos que colapsaram após o fim das emissões, como TORD11 e HCTR11, levanta preocupações semelhantes para o Urca Prime.
Risco elevado e volatilidade afastam novos investidores
Com o fundo operando bem abaixo do valor patrimonial — cotado abaixo de R$ 50 no mercado secundário — e sem sinais claros de recuperação de curto prazo, investidores de perfil conservador tendem a se afastar. O fundo virou alvo de especuladores que apostam em uma possível valorização no futuro, caso a gestão consiga entregar os projetos em andamento e retomar a distribuição acima de R$ 1,00 por cota.
Contudo, o cenário ainda é altamente incerto. Se a gestão falhar em reverter o quadro nos próximos seis meses, a espiral negativa pode se aprofundar.
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