O desejo de ter uma aparência descansada e natural, sem rugas ou com linhas mais suaves, fez com que a toxina botulínica, popularmente chamada de botox, se tornasse o procedimento não cirúrgico mais realizado no mundo, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps).Junto à fama, surgiu uma enxurrada de ofertas com preços variados e produtos de origem duvidosa, que podem não surtir efeito ou, pior ainda, causar problemas de saúde sérios.Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu seu primeiro alerta quanto aos riscos associados ao uso inadequado da substância, após a notificação de dois casos de botulismo ligados ao procedimento. O alerta foi direcionado tanto a médicos quanto a pacientes que buscam a toxina para fins terapêuticos ou estéticos.A Anvisa reforça que esses procedimentos devem ser realizados somente por profissionais habilitados, em locais autorizados e utilizando marcas registradas pelo órgão. Entre as dicas básicas, estão se informar sobre a formação do profissional e verificar a data de validade do produto.Os casos de botulismo levaram a agência a solicitar às empresas com produtos registrados como toxina botulínica que incluam em suas bulas informações acerca dos riscos, inclusive em áreas distantes do local da injeção.Seus sintomas iniciais incluem visão borrada, pálpebras caídas, fala arrastada e dificuldades para engolir e respirar. Em casos graves, pode ocorrer paralisia muscular generalizada e até a morte. Ao perceber qualquer sintoma, o paciente deve procurar ajuda médica imediatamente, pois a antitoxina botulínica — que interrompe a ação da bactéria — é essencial para o tratamento.“A Anvisa reforça que somente profissionais habilitados podem aplicar toxina botulínica e que o produto deve ser legalizado. Isso é fundamental para evitar riscos relacionados ao uso de substâncias falsificadas, má conservação ou complicações graves”, afirma a biomédica Andressa Parigi Bredariol. Ela, que é especializada no uso da substância, explica que o botulismo, causado pela bactéria Clostridium botulinum, geralmente é transmitido por alimentos contaminados e não tem relação com a toxina usada na estética, que passa por um rigoroso processo de purificação. Portanto, a procedência do produto é fundamental.Para ela, a segurança e a busca por resultados naturais fizeram do procedimento uma tendência que veio para ficar. “Pacientes bem informados fazem escolhas mais assertivas, garantindo não só a beleza, mas também a saúde”, destaca.Ela explica que as aplicações mais comuns são para suavizar rugas de expressão (testa, glabela, pés de galinha), levantar sobrancelhas, tratar sorriso gengival, assimetrias faciais, bruxismo, hiperidrose (suor excessivo) e enxaqueca tensional. Os últimos três usos são considerados de especialidade médica.Além das precauções antes citadas, o paciente deve seguir rigorosamente as recomendações pós-procedimento: evitar deitar, massagear ou fazer exercícios físicos nas primeiras quatro horas.Outro aspecto importante é respeitar o intervalo entre uma sessão e outra, que deve ser definido pelo profissional, levando em conta a individualidade de cada organismo.Atuando há 16 anos no mercado baiano, a dermatologista Yêdda Villa-Flor afirma que a ação rápida, eficaz e os preços acessíveis tornaram o botox uma realidade na vida de muitas pessoas, de classes A a D.“Houve uma grande quantidade de marcas no mercado, além de diversas falsificações, principalmente das mais conhecidas, como Botox e Dysport”, alerta Yêdda, que é especialista em Medicina Estética e dirige a Clínica Villa-Flor. Segundo ela, a busca por preços mais baixos faz com que profissionais desonestos adquiram produtos falsificados ou não registrados pela Anvisa.ConsequênciasO uso indevido pode causar alergias, ferimentos e até necroses na pele. A médica destaca que a falta de domínio técnico por parte do profissional pode levar a complicações como ptose palpebral — quando o olho fica caído, prejudicando a visão — ou paralisia da pálpebra.Apesar de não recomendar o uso preventivo da toxina contra o envelhecimento, ela ressalta que não há um consenso sobre a idade ideal para começar a realizar o procedimento. “Uma pessoa de 30 anos ou até menos pode desenvolver uma ruga de expressão, enquanto uma de 60 anos pode não ter nenhuma”, exemplifica Yêdda Vila-Flor, acrescentando que fatores genéticos também desempenham papel importante.Para ela, o mais importante é que a pessoa avalie bem a relação com as marcas do tempo e os objetivos que a motivaram a procurar um médico ou clínica de estética.Ela cita o exemplo de um paciente, também médico, que não se incomodava com as rugas, mas optou pela aplicação por pressões externas para parecer mais vigoroso e menos cansado. Para os profissionais, ela recomenda avaliação individualizada, sempre considerando se o procedimento é adequado às expectativas do paciente.“Em alguns casos, um peeling ou cuidados com a pele podem ser suficientes; em outros, tratamentos associados, como o aplicação de ácido hialurônico, são indicados”, pontua Yêdda.Quanto ao preço, ela afirma que varia bastante, dependendo do local, do profissional e do tipo de toxina utilizada. É possível realizar uma aplicação em uma pequena área do rosto a partir de R$ 300.
Cuidados no uso do botox evitam perda de dinheiro e problemas de saúde
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