
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, em 2022 e em 2023, o bioma enfrentou 44 eventos climáticos que causaram desmatamento. Desmatamento por causa de extremos climáticos na Mata Atlântica começam a preocupar
Um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica concluiu que, pela primeira vez, o desmatamento causado por eventos climáticos ameaça a floresta.
Uma imensidão devastada em diferentes áreas de serras do Rio Grande do Sul. As chuvas de abril e maio de 2024 levaram embora 2,8 mil hectares de Mata Atlântica no estado. As tempestades também desmataram no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, em 2022 e em 2023, o bioma enfrentou 44 eventos climáticos que causaram desmatamento. Em 2024, foram 651 – aumentou quase 14 vezes. A área desmatada subiu de pouco mais de 150 para mais de 3 mil hectares. Já o desmatamento total desacelerou em 2024: caiu 14% em relação a 2023.
Pela primeira vez o desmatamento provocado por eventos climáticos extremos preocupa:
“As mudanças climáticas ameaçam o futuro da Mata Atlântica tanto pelos extremos de chuvas que podem causar mais deslizamento de terra e perda de floresta como os invernos muito secos e quentes que podem aumentar os incêndios”, afirma Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica.
Essas áreas costumam se recuperar sozinhas. Mas alguns locais precisam de ajuda. A Fundação Florestal de São Paulo, por exemplo, usa drones para espalhar sementes. Trabalho que ajuda a regeneração da mata.
“Os resultados já estão assim bem promissores. Você já tem encosta, que era terra e pedra caindo ainda com qualquer chuva, já estabilizada com as raízes”, conta Marco Aurélio Nalon, diretor do Instituto de Pesquisas Ambientais.
Eventos climáticos extremos afetam a Mata Atlântica
Reprodução/TV Globo
Os drones também monitoram as regiões em recuperação. Uma área de Mata Atlântica ficou desmatada por mais de 50 anos, por isso que tem umas espécies que não são nativas, como o capim africano, e o solo está bastante compactado. Há cerca de seis anos começou o replantio lá, um trabalho que exigiu estratégia na hora de distribuir 1,5 mil mudas de 85 espécies diferentes do bioma – como a aroeira, que cresce mais rápido e vive menos, vai até os 40 anos. Mas ela é fundamental para dar suporte, criar o ambiente, fazer sombra para espécies que crescem mais devagar, mas vivem bem mais, como o pau-brasil que pode passar dos 100 anos.
“A solução é a gente acabar com o desmatamento e restaurar a floresta para ter resiliência e capacidade de resistir a esses eventos climáticos que vão ser cada vez mais intensos e frequentes. Nós precisamos prevenir”, afirma Luís Fernando Guedes Pinto.
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