Comitiva de Lula na China assina acordo para parceria em combustível sustentável de aviões

Previsão é que o projeto seja desenvolvido em três fases, com produção inicial de 170 mil toneladas por ano entre 2025 e 2026. Comitiva do governo anunciou ainda outros investimentos durante viagem à China, na ordem de R$ 27 bilhões. O governo brasileiro, por meio da comitiva liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na China, assinou nesta segunda-feira (12) um Memorando de Entendimentos (MoU) com a empresa Raízen Energia S.A e a companhia SAFPAC Ltd., de Hong Kong, para viabilizar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) na região Ásia-Pacífico.
A previsão é que o projeto seja desenvolvido em três fases, com produção inicial de 170 mil toneladas por ano entre 2025 e 2026, passando para 285 mil toneladas anuais entre 2027 e 2029 e chegando a 500 mil toneladas por ano de 2030 a 2033.
O acordo foi celebrado em meio às discussões sobre transição energética e contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
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O memorando estabelece as bases para uma parceria estratégica que prevê o fornecimento de etanol produzido pela Raízen, incluindo o de segunda geração (feito a partir do bagaço da cana-de-açúcar), como matéria-prima para a produção de SAF através da tecnologia Alcohol-to-Jet (ATJ), que transforma etanol em querosene renovável para aviação.
Embora ainda não envolva compromissos contratuais de compra e venda, o MoU marca um passo importante para aprofundar negociações comerciais e técnicas entre as empresas.
Garantias e proteção de dados
O acordo inclui cláusulas rigorosas de confidencialidade, válidas por três anos após seu encerramento.
As partes se comprometeram a usar as informações compartilhadas exclusivamente para avaliar a viabilidade da parceria, proibindo a divulgação a terceiros, exceto para afiliados e representantes diretamente envolvidos no projeto.
O documento também estabelece que nenhuma das partes poderá reivindicar propriedade intelectual sobre tecnologias, marcas ou dados estratégicos da outra. Em caso de descumprimento, está prevista a possibilidade de responsabilização por perdas e danos.
Outros investimentos anunciados
Durante a viagem à China, o governo Lula também anunciou um pacote de investimentos de cerca de R$ 27 bilhões em novos projetos no Brasil. Os investimentos chineses estão distribuídos em diferentes setores:
Carros elétricos: R$ 6 bilhões da Great Wall Motors (GWM) para expansão no Brasil.
Delivery: R$ 5 bilhões da Meituan para operar com o app “Keeta”, gerando até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos.
Energia limpa: R$ 3 bilhões da CGN para construir um hub de energia renovável no Piauí.
Indústria net-zero: Até R$ 5 bilhões da Envision para um parque industrial neutro em carbono, incluindo SAF e hidrogênio verde.
Mineração: R$ 2,4 bilhões do grupo Baiyin Nonferrous para a compra da mina de cobre Serrote, em Alagoas.
Bebidas: R$ 3,2 bilhões da Mixue para iniciar operações no Brasil, com previsão de 25 mil empregos até 2030.
Tecnologia: R$ 650 milhões da Longsys para ampliação da produção de semicondutores em São Paulo e Amazonas.
Transporte e mobilidade: A DiDi, que opera no Brasil por meio da 99, prevê construir 10 mil pontos de recarga para veículos elétricos.
Farmacêutica: R$ 350 milhões da Nortec Química em parceria com empresas chinesas para construir uma plataforma de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) no Brasil.
Expansão comercial e fortalecimento de laços
A viagem de Lula à China busca fortalecer as relações comerciais entre os países, com foco na ampliação das exportações brasileiras. O governo brasileiro vê na guerra comercial entre Estados Unidos e China uma oportunidade para consolidar o Brasil como alternativa de fornecimento de produtos para o mercado chinês.
A ApexBrasil mapeou cerca de 400 oportunidades de negócios entre os países, especialmente no setor agropecuário. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, integra a comitiva para negociar a redução de burocracias no registro de produtos biotecnológicos, facilitando exportações para a China.
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