Um desfile que foi além da estética
No último sábado (10), o CEU Paulistano foi palco de um desfile que ultrapassou o conceito tradicional de moda. O encerramento da 1ª edição do projeto Moda, Rua e Arte transformou a passarela em um manifesto vivo. Dessa forma, a apresentação celebrou a diversidade, a ancestralidade e a criatividade pulsante das periferias paulistanas.
Participação plural e criativa
Com participantes entre 18 e 68 anos, vindos de regiões como José Bonifácio, Canta Galo e Perus, o evento revelou mais que estilo. Além disso, trouxe à tona histórias pessoais, coletivas e carregadas de significado.
As roupas, desenvolvidas em parceria com a marca Cavalera, foram criadas com técnicas como upcycling, colagem, bordado, costura e customização. Por isso, cada peça carregava identidade, consciência ambiental e muita originalidade.
Estética com propósito
A passarela foi tomada por frases de impacto, cores vibrantes e texturas ousadas. Enquanto isso, elementos do grafite, da religiosidade e da moda urbana dialogavam com a força das comunidades. Tudo isso acontecia ao som de ritmos como hip-hop, rap e dancehall, que embalaram o público com intensidade.
A beleza seguiu a mesma linha. Sob direção de Luana Karla Rosa, os visuais destacaram peles reais, brilhos sutis, tons terrosos e dourados. Além disso, os cabelos naturais — crespos, cacheados e ondulados — foram celebrados como afirmação de identidade, e não apenas como tendência estética.
Moda como linguagem de resistência
“O desfile foi uma mistura poderosa de orgulho, emoção e realização”, afirma Mônica Bezerra, diretora e stylist do projeto. “Cada look carrega histórias, superações e muito trabalho manual. Quando essas peças ganham o palco, é como se cada aluno estivesse dizendo: ‘eu posso, eu crio, eu existo’.”
Segundo ela, o que se apresentou foi mais que moda — foi uma narrativa de transformação social. Em outras palavras, a passarela se tornou um espaço de celebração coletiva. Um lugar onde o futuro foi costurado com coragem, identidade e pertencimento.
Reconhecimento e representatividade
Após o desfile, os participantes receberam os certificados de conclusão do curso. A cerimônia contou com a presença do diretor criativo da Cavalera, Alberto Hiar, da assessora parlamentar Marlena Payan (representando a vereadora Sandra Santana), da diretora do Cia dos Sonhos, Elizabete Pereira da Silva Gabriel, do gestor do CEU Paulistano, Evandro Fabrício Américo de Campos, além dos professores Betinho Hiar, Adriano Florêncio das Neves e Monica Barboza.
A moda como ferramenta de inclusão
Para Alberto Hiar, a moda tem o poder de transformar vidas. “Ela torna acessível um universo que antes parecia distante. A inclusão sempre foi um pilar central da Cavalera. Por isso, acredito que a moda pode — e deve — ser para todos”, destaca.
Já Marlena Payan ressaltou o impacto social do projeto. “Além de desenvolver habilidades em moda, arte e design, o Moda Rua e Arte promove autoestima, confiança e diversidade. Consequentemente, torna-se um espaço de diálogo real”, afirmou.
Um marco para a moda periférica
O desfile marcou mais que o encerramento de um curso. Na verdade, ele consolidou a moda como uma ferramenta de pertencimento e engajamento social. Estilo, arte e resistência caminharam lado a lado. Assim, mostraram que das ruas nascem vozes potentes — prontas para ocupar qualquer espaço, inclusive as passarelas da moda autoral brasileira.
Fotos passarela: Gabriel Nogueira @nogs_fresh AION IMAGINE
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