RBRX11 aposta em desenvolvimento e guarda potencial bilionário nas SPEs

O fundo imobiliário RBRX11, da gestora RBR Asset, vem chamando atenção do mercado por sua estratégia arrojada e pouco comum entre os FIIs listados na B3. Com cotação estável ao redor de R$ 8 e dividendos mensais de R$ 0,08 por cota, o fundo esconde um potencial expressivo: acumula R$ 0,37 por cota em dividendos ainda não liberados, fruto de investimentos em projetos de desenvolvimento imobiliário.

O que está por trás dos números do RBRX11?

Com um patrimônio líquido de R$ 281 milhões e cerca de 12.600 cotistas, o RBRX11 se define como um FII multiestratégia — mas na prática tem se comportado como um fundo de desenvolvimento. Aproximadamente 30% do portfólio está alocado em projetos em construção, como galpões logísticos, edifícios residenciais de alto padrão e ativos comerciais estruturados via Sociedades de Propósito Específico (SPEs).

Esses empreendimentos, durante a fase de construção, não geram receita recorrente para o fundo. Pelo contrário: demandam aportes constantes, o que caracteriza o chamado “efeito da curva J” — período em que o capital é investido antes que qualquer retorno seja percebido.

Por que o dividendo é estável mesmo com tanta volatilidade?

Apesar da elevada exposição ao desenvolvimento, o fundo mantém dividendos mensais estáveis de R$ 0,08 por cota — o que representa um dividend yield (DY) anualizado de 12,9%. Esse valor vem sendo sustentado por três fatores principais:

  • 47% do portfólio alocado em crédito estruturado (CRIs), que gera fluxo de caixa previsível.

  • Reserva de lucro acumulada de R$ 0,03 por cota, usada como amortecedor de oscilações.

  • Baixa distribuição de resultado acumulado em 2025: até o momento, o fundo distribuiu apenas 76% do lucro apurado, mantendo margem para reforçar os rendimentos nos próximos meses.

Os R$ 0,37 “travados”: onde estão os dividendos ocultos?

Um dos pontos que mais desperta interesse nos investidores é o montante de R$ 0,37 por cota em dividendos represados — valor relacionado a lucros acumulados em projetos de desenvolvimento que ainda não foram realizados.

Esse dinheiro só será distribuído quando as unidades imobiliárias forem vendidas ou os ativos forem parcialmente desinvestidos. Exemplo recente foi a venda de uma fatia de uma SPE com retorno de R$ 0,01 por cota e o pagamento do primeiro dividendo de R$ 0,02 por essa mesma SPE.

Potencial de surpresas: se um comprador adquirir uma grande fração de algum empreendimento, o fundo pode destravar uma parcela relevante desses R$ 0,37 de forma súbita, gerando uma distribuição extraordinária.

Desenvolvimento: alto risco, alta recompensa

A estratégia do RBRX11 não é isenta de riscos. O desenvolvimento imobiliário não tem previsibilidade de receitas. A receita de fevereiro, por exemplo, foi de apenas R$ 114 mil, enquanto março gerou mais de R$ 1 milhão — um salto que mostra a volatilidade dessa classe de ativos.

Além disso, os projetos podem enfrentar atrasos, variações no custo de materiais, risco de não-venda ou até mudanças de mercado que afetem a precificação esperada.

Ainda assim, a gestão acredita que o fundo está bem posicionado para capturar valor no longo prazo. Entre os ativos em desenvolvimento destacam-se:

  • Dois galpões logísticos em São Bernardo do Campo e Guarulhos

  • Prédio residencial de altíssimo padrão (Caleia Jardins) com apartamentos de até 728 m², cujo metro quadrado pretende ser vendido por R$ 40 mil — o que pode gerar valores milionários caso as vendas avancem.

Comparativo: RBRX11 vs RBR Plus

O RBRX11 tem um mandato mais amplo do que o fundo irmão RBR Plus (RBRS11). Enquanto o Plus é focado em renda, o RBRX permite alocação em diversas frentes: ações, crédito, liquidez, tijolo e desenvolvimento. Contudo, na prática, o RBRX11 está hoje mais inclinado ao desenvolvimento, o que o aproxima de uma tese pura de ganhos por valorização e venda, em vez de geração de renda passiva constante.

Vale a pena investir no RBRX11?

Para investidores que buscam previsibilidade e renda mensal estável, o RBRX11 pode não ser a melhor escolha. Seu modelo exige paciência e apetite por volatilidade. Por outro lado, quem aceita o risco de curto prazo e enxerga valor em empreendimentos bem localizados pode ser recompensado com distribuições elevadas no médio e longo prazo.

A liquidez do fundo na Bolsa é razoável, com volume médio de negociação próximo a R$ 800 mil por dia, o que permite ao investidor montar ou desmontar posição com certa tranquilidade — embora não seja ideal para operações de curtíssimo prazo.

O RBRX11 se posiciona como uma alternativa diferenciada no universo dos FIIs, misturando renda previsível com apostas de valorização via desenvolvimento. É um fundo que exige conhecimento, paciência e visão estratégica — mas que pode entregar resultados expressivos no momento certo.

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