Banrisul cresce carteira de crédito e projeta dividendos de até 9% em 2025

O Banrisul (BRSR6) divulgou seu balanço do primeiro trimestre de 2025 com resultados positivos e perspectivas que chamam a atenção de investidores de longo prazo. A carteira de crédito cresceu 18,6% em relação a março de 2024, atingindo R$ 64 bilhões, com destaque para o avanço em crédito pessoal, consignado e rural. O lucro líquido foi de R$ 241 milhões — alta de quase 29% sobre o 1T24.

Apesar da melhora operacional, a ação segue negociada com desconto expressivo na Bolsa, com um P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial) de apenas 0,48. Com previsões de dividend yield entre 8% e 9%, o papel pode estar entre as assimetrias mais interessantes do setor bancário brasileiro.

Carteira de crédito cresce com destaque para o agro

O grande motor de crescimento do banco tem sido a expansão do crédito, especialmente para pessoas físicas e o setor agropecuário. A carteira de crédito pessoal avançou 33%, enquanto o crédito rural já representa 21% do total. O Banrisul vem consolidando uma posição semelhante à de um “pequeno Banco do Brasil”, com forte presença em crédito consignado e rural.

Além disso, a inadimplência acima de 90 dias segue sob controle, em 2,2%, e as provisões representam apenas 1,4% da carteira — uma das menores entre seus pares, sinalizando boa qualidade dos ativos.

Captação eficiente, mas falta eficiência operacional

O banco também se destaca por seu baixo custo de captação, equivalente a cerca de 82,4% da taxa Selic, atrás apenas do Banco do Brasil (70%). No entanto, ainda enfrenta desafios no controle de despesas: os custos com pessoal e administração somaram R$ 1,1 bilhão no trimestre, com alta de 4,1% frente ao 1T24.

Essa estrutura pesada limita a eficiência do banco, que apresenta um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) de 9%, abaixo do custo de capital, estimado entre 14% e 15%. Isso justifica a precificação descontada da ação pelo mercado.

Receita com serviços cresce pouco, mas lucro avança

Apesar da estrutura custosa, o Banrisul conseguiu elevar seu lucro com um bom controle de despesas e avanço das receitas financeiras. A margem financeira atingiu R$ 1,5 bilhão e o lucro líquido de R$ 241 milhões representa um avanço significativo na comparação anual.

As receitas com prestação de serviços, no entanto, cresceram apenas 2,7%, mostrando que ainda há espaço para o banco melhorar a rentabilidade de segmentos com margens maiores, como cartões, seguros e consórcios.

Por que o mercado ainda penaliza o papel?

Mesmo com lucro crescente e dividendos consistentes, o Banrisul segue sendo penalizado por entregar um ROE abaixo do custo de capital, o que, na prática, destrói valor ao acionista. Isso mantém o P/VPA em patamares baixos — mesmo após alguma recuperação na cotação, o banco ainda é negociado a menos da metade do valor patrimonial.

Historicamente, o lucro do Banrisul oscila entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão desde 2007, sem crescimento estrutural. Isso limita o potencial de valorização no longo prazo, fazendo com que muitos investidores usem o papel para swing trade ou focando exclusivamente nos dividendos.

Previsão de dividendos e potencial de retorno

A projeção de lucro para 2025 gira em torno de R$ 950 milhões, com um payout que pode gerar entre R$ 0,80 e R$ 1,00 por ação ao longo do ano. Com base na cotação atual, isso implica em um dividend yield estimado entre 8% e 9%.

O banco realiza pagamentos trimestrais, com datas já previstas para junho, setembro e dezembro, mantendo uma distribuição regular. Desde 2007, o Banrisul nunca falhou nos repasses de proventos, e os dividendos respondem por 96% do retorno total aos acionistas.

Assimetria de valor: vale o risco?

Para quem busca assimetrias e renda passiva, o Banrisul se apresenta como uma oportunidade com margem de segurança, desde que o investidor esteja ciente das limitações de crescimento. O valor patrimonial por ação segue subindo ano após ano, o que pode reduzir ainda mais o P/VPA e aumentar o potencial de valorização, caso a rentabilidade melhore.

Entretanto, é preciso paciência. O papel exige visão de médio a longo prazo, e o investidor deve estar confortável com um cenário em que boa parte da rentabilidade virá dos dividendos, não da valorização da ação.

O Banrisul oferece uma combinação rara de crescimento na carteira de crédito, rentabilidade controlada e dividendos acima da média do setor. Ainda que penalizado pelo mercado por sua baixa eficiência, o banco segue sólido e com potencial de valorização se houver avanços na digitalização e na gestão de custos. Para quem busca renda passiva, a ação pode ser uma escolha estratégica em um cenário de juros altos e volatilidade.

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