Dólar recua a R$ 5,66 com incertezas tarifárias nos EUA e balanços no radar

Em uma sexta-feira de menor volume e marcada por incertezas no cenário internacional, o dólar comercial encerrou o dia em leve queda de 0,20%, cotado a R$ 5,66. A queda da moeda norte-americana refletiu um movimento de acomodação após a forte alta da véspera e também foi influenciada por dados econômicos divulgados nos Estados Unidos e pelos riscos crescentes relacionados à política tarifária adotada pelo país.

A tensão no mercado global aumentou após declarações do ex-presidente Donald Trump, que ameaçou impor tarifas mais agressivas caso 150 países não cheguem a um novo acordo comercial. A postura mais dura reacendeu o temor de uma nova guerra tarifária, que pode prejudicar o comércio internacional e afetar diretamente economias emergentes como o Brasil.

Ibovespa recua com impacto do Banco do Brasil

Apesar da trégua no câmbio e da estabilidade nos juros futuros, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,11%, aos 139 mil pontos. O principal responsável pela retração foi o desempenho das ações do Banco do Brasil (BBAS3), que registraram forte desvalorização após a divulgação de um balanço trimestral abaixo das expectativas do mercado.

O banco estatal apresentou uma queda de 20% no lucro líquido e anunciou a suspensão do guidance, ou seja, não forneceu projeções futuras de desempenho. O aumento da inadimplência e o ambiente macroeconômico desafiador acentuaram o pessimismo. “Não há resiliência que drible um balanço decepcionante”, avaliou Leonardo Levate, da Traders Club, durante a cobertura da CNN Mercado.

Com grande peso na composição do índice, os papéis do Banco do Brasil arrastaram o Ibovespa para baixo, impedindo que o índice se aproximasse de uma nova máxima histórica.

Fusão entre Marfrig e BRF anima mercado

Do lado positivo, a notícia de que Marfrig e BRF vão unir operações animou parte do mercado. A fusão resultará em uma companhia com receita consolidada de R$ 153 bilhões nos últimos 12 meses, o que levou as ações da Marfrig a dispararem. O movimento reforça o apetite dos investidores por empresas com potencial de sinergia operacional e ganhos de escala, mesmo em um ambiente volátil.

Exportações de frango do RS suspensas após gripe aviária

Outro destaque do noticiário foi a suspensão das exportações de carne de frango do Rio Grande do Sul após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial na cidade de Montenegro. O estado é o terceiro maior exportador do produto no Brasil, atrás apenas de Paraná e Santa Catarina.

Segundo dados de 2024, o Rio Grande do Sul faturou mais de R$ 1 bilhão com a exportação de carne de frango. A suspensão visa proteger a imagem sanitária do Brasil no mercado internacional, mas a situação se complica com restrições antecipadas de compradores importantes como China e União Europeia, que já haviam interrompido as compras antes do anúncio oficial.

Expectativas para a próxima semana

Para os próximos dias, os investidores estarão atentos aos dados de atividade econômica na China, Estados Unidos e Europa. As atenções também se voltam para a evolução da guerra tarifária proposta por Trump, a política fiscal brasileira e as tensões geopolíticas.

A combinação entre fatores externos e a temporada de balanços deve continuar influenciando o comportamento dos ativos no curto prazo, em especial o dólar e o Ibovespa. O fluxo estrangeiro segue sendo um importante componente no mercado, com potencial para amenizar ou intensificar movimentos de aversão ao risco.

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