A Méliuz (CASH3) divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2025, revelando um cenário desafiador com queda expressiva no lucro líquido. Ainda assim, o mercado reagiu positivamente, e as ações da empresa dispararam nos últimos dias, impulsionadas pela valorização do Bitcoin e expectativas de recuperação no setor de tecnologia e cashback.
Receita cresce, mas lucros encolhem
Na comparação anual, a receita líquida da Méliuz cresceu 21,8%, passando de R$ 82,4 milhões no 1T24 para R$ 100,4 milhões no 1T25. Já o lucro líquido caiu 47,6%, saindo de R$ 19,9 milhões para R$ 10,4 milhões no mesmo período. O lucro atribuído aos acionistas recuou ainda mais, 49%, reduzindo o lucro por ação de R$ 0,23 para R$ 0,12.
Apesar da queda no resultado final, o lucro bruto cresceu expressivamente, 282,6%, devido à expansão das margens operacionais — que subiram 7,62 pontos percentuais.
Margens pressionadas e prejuízo acumulado
O prejuízo acumulado dos últimos 12 meses aumentou 124,5%, passando de R$ 7,9 milhões para R$ 17,8 milhões. As margens líquidas também sofreram retração: no 4T24 estavam em 24,6% e recuaram para 10,3% neste trimestre. Mesmo com a evolução na margem bruta (de 3,6% para 11,2%), o cenário geral ainda é de pressão.
Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) segue negativo em -5,1%, com indicadores de rentabilidade e eficiência ainda longe do ideal.
Alavancagem sob controle e caixa positivo
Por outro lado, a alavancagem da empresa permanece sob controle, com dívida líquida negativa — ou seja, um caixa líquido positivo. Isso indica que, mesmo com prejuízos, a empresa mantém uma posição financeira sólida no curto prazo.
O patrimônio líquido teve leve avanço, enquanto o número de ações em circulação aumentou discretamente. O valor de mercado da Méliuz também deu um salto nos últimos 30 dias, alcançando cerca de R$ 900 milhões com a valorização dos papéis.
Avaliação de múltiplos e fundamentos
Os múltiplos da companhia ainda apontam para um valuation esticado. O P/VPA está em 2,55 e o PSR em 2,35, o que sugere que as ações estão sendo negociadas com prêmio elevado em relação ao valor patrimonial e à receita anual.
Vale destacar que o VPA da companhia é de R$ 4,04, enquanto o preço de mercado da ação gira em torno de R$ 10,33.
Bitcoin puxa ações da Méliuz
O recente rali do Bitcoin, que renovou máximas em abril e maio, beneficiou indiretamente a Méliuz por sua exposição ao segmento cripto e ao perfil mais arrojado dos investidores que atuam nas plataformas da empresa.
Esse otimismo impulsionou a valorização das ações, mesmo diante de resultados financeiros pouco animadores. O movimento também pode estar atrelado a expectativas do mercado quanto a uma reversão dos prejuízos nos próximos trimestres.
Perspectivas: Méliuz pode recuperar tração?
A aposta do mercado parece mirar o potencial de crescimento da empresa, sobretudo com a retomada do consumo digital e expansão dos serviços financeiros integrados. O cashback, principal produto da companhia, continua sendo uma ferramenta atrativa em tempos de inflação elevada e busca por economia nas compras.
No entanto, os desafios operacionais e a necessidade de atingir rentabilidade sustentável permanecem. A gestão precisará entregar consistência nos próximos trimestres para justificar os múltiplos elevados e consolidar a confiança dos investidores.
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