Investigações policiais apontam que o ex-padre Bernardino Batista dos Santos teria cometido crimes sexuais contra ao menos 50 vítimas. Detalhes do inquérito foram revelados pela repórter Naiana Andrade, da Agência Pública, nesta segunda-feira (19). Em 2024, o pároco foi indiciado por estupro de vulnerável e chegou a ficar preso durante 36 dias após uma série de denúncias contra ele. O BHAZ tentou contato com o religioso e aguarda retorno.
Os crimes teriam ocorrido entre 1975 e 2016, principalmente na cidade de Tiros, noroeste de Minas Gerais, onde o padre mantinha um sítio, e no bairro Paraíso, na região Leste de Belo Horizonte, onde atuou como pároco por mais de três décadas.
A Agência Pública apurou que Bernardino se valeria de sua posição como líder religioso e, em alguns períodos, como diretor escolar, para se aproximar das vítimas, em sua maioria meninas com idades entre 3 e 11 anos.
Os abusos, que incluíam atos libidinosos diversos e, em certos casos, estupro, ocorriam em momentos de oportunidade e em locais variados, como o sítio, a casa paroquial, sacristias ou durante excursões e passeios, apontou o relatório.
O padre geralmente isolava as crianças sob pretextos como pedir ajuda ou oferecer algo, sem o uso de armas, mas aproveitando-se da confiança depositada nele pela comunidade e pelos pais.
Santos foi preso preventivamente em outubro de 2024, mas liberado um mês depois, com uso de tornozeleira eletrônica. A previsão é que o julgamento ocorra até o final de 2025.
A maioria das denúncias prescreveu. Contudo, um caso referente a um abuso em 2016 contra uma criança de 4 anos permanece ativo e é central para a acusação penal.
A Arquidiocese de Belo Horizonte informou ter conduzido uma investigação interna em 2021, mas não forneceu detalhes dos depoimentos às vítimas ou à imprensa, citando à Agência Pública o sigilo do direito canônico. Vítimas e familiares criaram um perfil em rede social para dar visibilidade ao caso.
A Arquidiocese de Belo Horizonte declarou que Bernardino Batista dos Santos está afastado das funções sacerdotais desde 18 de novembro de 2021, por decisão definitiva do Vaticano. A instituição afirma ter acolhido as denunciantes e colaborado com as autoridades civis.
O padre, em depoimento à polícia em 2024, confirmou ser proprietário do sítio em Tiros e sua venda em 2021, mas negou a realização de excursões escolares no local. Segundo relatos de um ex-funcionário à Agência Pública, em 2021, Bernardino negou veementemente as acusações de abuso, classificando-as como invenção.
A reportagem aguarda posicionamento do religioso sobre as acusações.
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