Gripe Aviária afeta exportações brasileiras: entenda impactos nos frigoríficos e na inflação

O Brasil voltou a acender o alerta sanitário após a confirmação de novos casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul. O estado decretou emergência de saúde animal após detecções em granjas comerciais, e a situação levou nove países a suspenderem temporariamente a importação de carne de frango brasileira. A medida, embora localizada, tem gerado apreensão no setor agropecuário e pode trazer efeitos pontuais à economia nacional.

O que está acontecendo?

O foco atual da gripe aviária, identificado no Rio Grande do Sul, reacende um tema que havia surgido em outras ocasiões nos últimos anos. A resposta imediata do governo estadual foi a implementação de um cinturão sanitário e o isolamento das áreas afetadas, como forma de conter a disseminação do vírus. Essa estratégia é recomendada internacionalmente para mitigar riscos sem comprometer a produção em larga escala.

Como isso afeta as exportações?

No curto prazo, a principal consequência é a suspensão das exportações de carne de frango para determinados mercados. Países como Japão, África do Sul e Arábia Saudita — grandes compradores do produto brasileiro — adotaram medidas cautelares, impedindo a entrada da proteína avícola enquanto as autoridades sanitárias não confirmam o controle do surto.

Esse tipo de interrupção, embora preocupante para os frigoríficos, não é novidade. Em surtos anteriores, os bloqueios foram revertidos após algumas semanas, assim que os protocolos sanitários foram cumpridos e os riscos controlados.

No primeiro momento, impacto negativo nas exportações, mas isso tende a ser temporário. O governo está agindo para conter o avanço da doença”, avalia o economista Dalton Gardiman.

Impactos econômicos são limitados, mas frigoríficos sentem

Do ponto de vista macroeconômico, a gripe aviária não deve comprometer o saldo comercial do Brasil. O setor de frango representa cerca de 4% das exportações totais brasileiras, e os efeitos da suspensão se concentram em empresas específicas, especialmente os grandes frigoríficos.

No entanto, essas companhias podem enfrentar desafios operacionais e financeiros, incluindo:

  • Redução temporária de receita externa;

  • Aumento de custos com controle sanitário e prevenção;

  • Redirecionamento da produção ao mercado interno, com possível redução de margens.

Oferta interna maior e possível alívio na inflação

Um dos efeitos colaterais imediatos da suspensão das exportações é o aumento da oferta interna de carne de frango. Com menos compradores internacionais, parte da produção é absorvida pelo mercado doméstico, o que pode resultar em queda nos preços ao consumidor, pelo menos no curto prazo.

Esse movimento tende a atuar como fator desinflacionário dentro do IPCA, especialmente no grupo de alimentos. Contudo, o efeito é limitado e temporário.

Se o surto durar pouco, o impacto será até positivo no sentido de conter preços. Mas, se se espalhar e for necessário abater em massa, sem reaproveitamento para consumo, o efeito pode se inverter e pressionar a inflação”, alerta Gardiman.

Riscos de longo prazo são baixos, mas exigem atenção

A possibilidade de que o surto se alastre e comprometa a cadeia produtiva de forma mais profunda é considerada baixa, desde que o plano emergencial funcione. O Brasil possui um sistema robusto de vigilância sanitária e protocolos reconhecidos internacionalmente.

Além disso, o país segue livre de influenza aviária de alta patogenicidade em aves comerciais, status que garante a confiança de mercados internacionais e pode acelerar o retorno das exportações.

 Um alerta controlado — por enquanto

A gripe aviária representa um desafio sanitário importante, com reflexos no comércio exterior e na rentabilidade de frigoríficos, mas não deve se tornar uma crise sistêmica. A reação rápida das autoridades, combinada com o histórico de superação de surtos anteriores, reforça a visão de que os impactos serão localizados e temporários.

Ainda assim, o episódio destaca a importância da biossegurança na agropecuária brasileira, especialmente em um momento de maior sensibilidade internacional quanto à saúde animal e às cadeias de abastecimento globais.

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