Exames descartaram a possibilidade de botulismo no caso das três pessoas internadas após comerem uma torta de frango em uma padaria de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) nesta terça-feira (20).
O caso foi registrado no dia 21 de abril no bairro Serrano, na região da Pampulha. Após os médicos descartarem envenenamento por chumbinho, os internados receberam soro contra botulismo, doença causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
No entanto, os testes realizados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), laboratório de referência nacional para botulismo, deram negativo para a doença. De acordo com a SES-MG, foram analisadas amostras clínicas dos pacientes e dos alimentos suspeitos.
“Os resultados para essa doença foram negativos. No entanto, outras possíveis causas de intoxicação ainda estão sendo analisadas. A SES-MG solicitou ao IAL a realização de exames complementares para detecção de outras neurotoxinas e agentes relacionados”, informou a pasta em nota.
Caso o IAL não disponha das metodologias necessárias, a secretaria informou que acionou o Ministério da Saúde a respeito da possibilidade de encaminhamento das análises para outros centros de referência no país.
Os pacientes continuam internados e o caso segue sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Como começou a investigação?
Uma idosa de 78 anos, sua sobrinha de 23 e o namorado da jovem, de 24, foram hospitalizados após comerem empadas e uma torta de frango compradas na Padaria Natália, no bairro Serrano, em BH, em uma segunda-feira, dia 21 de abril. O casal, que estava visitando a tia, chegou a retornar ao estabelecimento no mesmo dia para reclamar que os produtos pareciam estragados, recebendo o estorno do valor.
Posteriormente, já em Sete Lagoas, os jovens começaram a passar mal durante a madrugada de terça-feira (22) e foram internados na UTI do Hospital Municipal local com insuficiência respiratória. A tia, que permaneceu em BH, também adoeceu na manhã de terça, sofrendo uma parada cardiorrespiratória – sendo reanimada pelo filho – antes de ser levada à UTI de um hospital particular na capital.
Exames
A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para determinar a causa exata do mal-estar. Amostras gástricas foram coletadas e enviadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed) para análise, buscando identificar a presença de toxinas como a botulínica ou resíduos de organofosforados. Segundo o delegado Alex Sandro Cecílio Pimenta, nenhuma linha investigativa está descartada no momento. Com a suspeita inicial de envenenamento por “chumbinho” perdendo força, a hipótese de botulismo ganha relevância, aguardando confirmação laboratorial.
Versões
O padeiro responsável pela produção dos salgados, um homem de 55 anos com 40 de experiência que estava em um trabalho temporário de seis dias na padaria, prestou depoimento no dia 23 de abril e negou ter adulterado os alimentos.
Ele afirmou ter levado uma torta similar para casa no sábado anterior, que foi consumida por sua família sem causar problemas. O padeiro também minimizou relatos de uma colega sobre uma ligação telefônica exaltada, onde teria dito que “cometeria uma tragédia”, alegando ser uma discussão com a esposa sem intenção criminosa. Ele levantou suspeitas sobre as condições de armazenamento dos produtos na padaria.
O proprietário do estabelecimento, há seis meses na administração, também foi ouvido e liberado. Ele alegou que as vistorias estavam em dia e confirmou que o padeiro era um contratado temporário recente, com quem teria perdido contato após o incidente.
Interdição
Na manhã de 23 de abril, a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte interditou a Padaria Natália. A ação foi motivada pela falta de alvará sanitário e pela constatação de “irregularidades no que se refere a questões de higiene e estrutura sanitária”. Ingredientes foram recolhidos para análise. A prefeitura esclareceu que o Alvará de Localização e Funcionamento estava regular, mas o alvará específico da vigilância sanitária estava pendente.
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