Um pastor de 51 anos, líder de uma comunidade religiosa no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste de Belo Horizonte, foi indiciado pelos crimes de estupro, violação e importunação sexual contra fiéis. De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), os abusos ocorriam há pelo menos 20 anos.
As investigações tiveram início depois que um grupo de sete mulheres procurou as autoridades para denunciarem as violências. Todas elas faziam parte da mesma igreja evangélica.
A PCMG pediu a prisão preventiva do pastor, mas teve a solicitação negada pela Justiça de Minas Gerais. O homem também foi intimado para depor, mas se manifestou por meio do advogado, dizendo que estava doente e que se reservaria no direito de permanecer em silêncio.
A delegada Larissa Mascotte, da Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual, apresentou os detalhes da investigação à imprensa nesta terça-feira (20).
“Em todos os casos ele agia com um modo de execução muito semelhante, enganando as vítimas. Não havia uma liberdade de escolha em relação ao ato sexual”, afirma.
“Esse pastor se utilizava a palavra de Deus, cometia esses atos dentro da igreja, nas dependências da igreja, antes ou após os cultos, e também durante momentos de oração. Ele citava versículos bíblicos durante os abusos sexuais e sempre se dizia um ungido de Deus e que as vítimas não poderiam se opor aos atos de um ungido de Deus sob pena de serem amaldiçoadas”.
O primeiro abuso reportado ocorreu em 2003. Já o último teria sido em 2023. Ainda conforme os levantamentos, uma das vítimas é uma menina de 12 anos, filha de uma das mulheres que também foi abusada pelo pastor. “Ele chegou a a abrir a blusa dela e passar a mão nos seios dessa menor de 12 anos de idade. Essa menor contou ao pai. A mãe já sofria abusos sexuais por parte desse pastor, mas depois do ocorrido com a filha foi quando a família decidiu não frequentar mais a igreja”, diz a delegada.
Modus operandi
Conforme Larissa Mascotti, o líder religioso se aproveitava de sua posição e boa reputação para manipular as mulheres dentro da igreja, criando uma inimizade entre as vítimas. Dessa forma, uma não saberia dos abusos sofridos pela outra, perpetuando o ciclo de impunidade.
A situação mudou quando uma das mulheres resolveu procurar a polícia: “Quando uma começou a denunciar, as outras tomaram conhecimento e criaram coragem para vir denunciar também”.
“Elas achavam que só elas teriam sido vítimas de abuso e achavam que se viessem procurar a polícia, ninguém acreditaria nelas, que elas não teriam provas para comprovar provar os abusos”.
O pastor foi indiciado seis vezes pelo crime de estupro, cinco vezes pelo crime de violação sexual mediante fraude e duas vezes pelo crime de importunação sexual. A soma das penas é pode passar de 100 anos de reclusão.
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