A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) voltou ao centro das atenções após a Justiça de Minas Gerais anular a venda de quatro usinas hidrelétricas leiloadas pela companhia. A decisão foi motivada por uma ação movida por sindicatos, que questionam a legalidade da negociação. O governo de Minas Gerais, controlador da estatal, já anunciou que irá recorrer.
As usinas foram arrematadas em dezembro de 2024 por aproximadamente R$ 52 milhões por empresas ligadas ao grupo J&F, pertencente aos irmãos Wesley e Joesley Batista. A venda fazia parte do plano do governo mineiro para reduzir seu pesado endividamento, que já ultrapassa R$ 168 bilhões. Contudo, a judicialização da operação evidencia os desafios políticos e legais para a alienação de ativos públicos no estado.
Federalização da Cemig: riscos e custos
Diante da pressão fiscal, ganha força a possibilidade de federalização da Cemig, ou seja, a transferência do controle acionário da empresa para a União. Segundo estimativas de mercado, essa operação pode gerar um custo adicional de R$ 16 bilhões ao governo federal.
Esse valor decorre da necessidade de uma oferta pública aos acionistas minoritários, em virtude do direito ao tag along de 80% garantido para as ações ordinárias (ON) da Cemig. Já as ações preferenciais (PN), como a CEMIG4, não possuem essa proteção.
Atualmente, o governo de Minas detém pouco mais de 50% das ações ON da Cemig, com valor de mercado estimado em cerca de R$ 7 bilhões. A complexidade da operação e os custos envolvidos geram incertezas sobre a viabilidade e os prazos para eventual federalização.
Endividamento de Minas Gerais pressiona decisões
O elevado endividamento do estado de Minas Gerais é um dos principais fatores que impulsionam discussões sobre privatizações ou transferências de ativos como Cemig e Copasa. Desde o início da gestão do governador Romeu Zema, essas opções são cogitadas como alternativas para reduzir a dívida pública.
Apesar disso, a Cemig emitiu comunicado oficial informando que não há definição sobre mudanças em seu controle acionário, embora reconheça que o governo estadual tem discutido soluções para o passivo com autoridades federais.
Projeção otimista para o Ibovespa: até 170 mil pontos
Em paralelo às incertezas sobre a Cemig, o banco Safra divulgou uma projeção otimista para o Ibovespa, apontando a possibilidade de o principal índice da bolsa brasileira alcançar os 170 mil pontos até meados de 2026 — uma valorização de cerca de 21% frente aos níveis atuais, ao redor de 140 mil pontos.
Segundo o Safra, esse avanço dependerá principalmente da valorização das grandes empresas que compõem o índice, como Petrobras, Vale e os principais bancos. Setores como educação e varejo também podem se beneficiar do cenário.
Entre os principais fatores que podem impulsionar o Ibovespa estão:
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Tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que podem redirecionar investimentos para o Brasil.
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Possível queda nas taxas de juros no Brasil, estimulando a migração de recursos da renda fixa para a renda variável.
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O atual desconto de 24% do Ibovespa em relação à sua média histórica dos últimos dez anos.
Por outro lado, o cenário ainda é de cautela, com inflação resiliente e manutenção da Selic em patamares elevados, ao redor de 15% ao ano. Caso o ciclo de queda de juros se confirme, empresas com alto grau de alavancagem poderão ser beneficiadas, impulsionando ainda mais o índice.
Perspectivas
A Cemig permanece no foco das discussões sobre o futuro das estatais mineiras, enquanto a bolsa brasileira aponta potencial de valorização, segundo especialistas. A combinação de pressões fiscais, decisões judiciais e projeções de mercado reforça a necessidade de atenção dos investidores.
Entender mecanismos como o tag along e monitorar o cenário macroeconômico será essencial para quem busca oportunidades ou proteção em meio às transformações no setor elétrico e no mercado financeiro brasileiro.
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