O Bradesco (BBDC4) surpreendeu o mercado ao reportar um lucro recorrente de R$ 5,86 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta expressiva de 39,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho, acima das expectativas, impulsionou as ações do banco, que acumularam valorização superior a 40% desde os suportes indicados por analistas, chegando a superar os R$ 15,50. A performance positiva motivou o Bank of America (BofA) a reforçar a recomendação: “É hora de comprar BBDC4”.
Lucro crescente e tendência de alta
O Bradesco apresentou um crescimento consistente, com lucro recorrente 8,6% superior ao quarto trimestre de 2024. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) alcançou 14,4%, evidenciando uma gestão mais eficiente e lucrativa. Segundo o CEO Marcelo Noronha, o banco caminha para superar as metas do guidance e manter a trajetória de recuperação.
A tendência de alta das ações é clara: após encontrar suporte entre R$ 11,16 e R$ 11,71, o papel iniciou um movimento forte, rompendo resistências e atingindo recentemente R$ 15,54. A análise técnica projeta a possibilidade de teste no patamar de R$ 16,37, embora também indique chance de correção lateral após a disparada.
Carteira de crédito atinge R$ 1 trilhão
Um dos destaques do trimestre foi o crescimento da carteira de crédito expandida, que atingiu R$ 1 trilhão — marca que até então era exclusividade do Itaú e do Banco do Brasil. O crescimento foi de 2,4% frente ao trimestre anterior e 12,9% na comparação anual. O avanço foi puxado, principalmente, pelo crédito para pessoas físicas (+16,2%) e para micro, pequenas e médias empresas (+29,6%).
As grandes empresas apresentaram expansão mais modesta, de 1,2%, reflexo de maior seletividade do banco após episódios como o caso Americanas.
Receita e eficiência operacional
A receita total do Bradesco no trimestre foi de R$ 33,3 bilhões, crescimento de 15,3% na comparação anual, apesar de leve recuo de 1,5% frente ao trimestre anterior — movimento atribuído à sazonalidade. As receitas de prestação de serviços subiram 10,2% na base anual, enquanto o segmento de seguros, previdência e capitalização avançou 32,7%, com ROE setorial de 22,4%.
A eficiência operacional também foi destaque, com uso intensivo de tecnologia para reduzir custos e melhorar o atendimento ao cliente. A margem financeira cresceu 1,4% no trimestre e 13,7% na comparação anual, mesmo com a pressão sobre despesas operacionais, que avançaram 12,3%.
Guidance e perspectivas para 2025
O guidance do Bradesco para 2025 indica crescimento da carteira de crédito entre 4% e 8%, porém, o banco já surpreendeu com avanço de 12,9% no 1T25. A margem financeira líquida prevista é entre R$ 39 bilhões e R$ 41 bilhões, com o banco alcançando R$ 9,6 bilhões no primeiro trimestre, dentro das expectativas.
Apesar do forte resultado, o CEO Marcelo Noronha adotou tom cauteloso na teleconferência: descartou “surpresas arrebatadoras”, projetando crescimento gradual. O executivo destacou ainda o desafio da atividade mais lenta no segundo semestre, impactada pela Selic a 14,75%.
Ações BBDC3 ou BBDC4: qual escolher?
Para investidores, surge a dúvida: comprar ações ordinárias (BBDC3) ou preferenciais (BBDC4)?
As BBDC4 possuem maior liquidez, com volume médio diário de R$ 500 milhões, contra R$ 80 milhões de BBDC3. No entanto, quem valoriza a proteção via tag along pode preferir BBDC3, que oferece 100% de proteção, enquanto as preferenciais oferecem 80%.
Outro diferencial: BBDC4 é amplamente utilizada para estratégias de dividendos sintéticos, conforme destacam especialistas do mercado.
Bank of America recomenda compra
O Bank of America reforçou sua recomendação de compra para BBDC4, com preço-alvo de R$ 17, apontando potencial de valorização de cerca de 12% a partir das cotações atuais. O banco destacou a simetria favorável de avaliação — 0,8 vez o preço sobre o valor contábil — e revisou para cima as projeções de lucro do Bradesco: R$ 24,5 bilhões em 2025 e R$ 27,6 bilhões em 2026.
Para o BofA, a margem com clientes está crescendo acima do esperado, enquanto os esforços de controle de custos estão à frente do planejado. A margem financeira superou as estimativas, chegando a 14,4%.
Valuation: ainda está barato?
Sim. O Bradesco segue com valuation atrativo:
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P/L: 8,71, bem abaixo do benchmark internacional de até 15 vezes.
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P/VPA: 0,96, indicando cotação inferior ao valor patrimonial.
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Dividend Yield: 8,74%, com potencial de elevação.
O preço teto calculado para BBDC4, conforme projeções, varia de R$ 34,65 (caso o investidor busque DY de 4%) a R$ 13,86 (para DY de 10%).
Dividendos e cenário para investidores
Com a recuperação dos resultados, o Bradesco reforça sua atratividade como ativo gerador de dividendos. A previsão de Dividend Per Share (DPS) para 2025 é de R$ 1,38, consolidando o banco como uma das principais opções para quem busca renda passiva.
A dúvida agora é: há espaço para mais valorização? Para o Bank of America, sim. Para analistas técnicos, também, embora ressaltem a possibilidade de correção no curto prazo após a recente disparada.
O Bradesco vive um momento de inflexão, com recuperação operacional, avanço robusto na carteira de crédito e rentabilidade crescente. A recomendação do Bank of America e os sinais técnicos reforçam o potencial de valorização das ações BBDC4.
Para o investidor, a escolha entre BBDC3 e BBDC4 dependerá do perfil, estratégias e objetivos: quem busca liquidez e dividendos pode preferir BBDC4; quem prioriza proteção via tag along, BBDC3.
O post Bradesco supera estimativas no 1T25 e BBDC4 dispara: vale a pena comprar? apareceu primeiro em O Petróleo.