A Méliuz (CASH3) surpreendeu o mercado nos últimos meses ao transformar radicalmente sua estratégia de negócios. Em uma decisão ousada, a empresa investiu quase todo o seu caixa em Bitcoin, tornando-se a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil e uma das 100 maiores detentoras da criptomoeda no mundo.
O movimento gerou uma valorização expressiva das ações, que subiram mais de 150% em apenas três meses, atraindo atenção de investidores e analistas que tentam entender os riscos e oportunidades desse modelo de negócio.
Como Méliuz se transformou em uma Bitcoin Treasury Company
Em maio, a Méliuz realizou uma assembleia de acionistas para alterar a maneira como a empresa opera. A proposta: alocar praticamente todo o seu caixa em Bitcoin. O movimento foi aprovado com sucesso, resultando na compra de US$ 28,4 milhões em Bitcoin, totalizando uma reserva de mais de 320 unidades da criptomoeda.
Esse volume colocou a Méliuz entre as 100 maiores detentoras institucionais de Bitcoin do mundo, ao lado de gigantes como MicroStrategy e Metaplanet — duas empresas que também mudaram seu modelo de negócios para focar na acumulação estratégica de criptomoedas.
A decisão impactou fortemente as ações da empresa, que saltaram 30% logo após o anúncio, embora também tenham enfrentado quedas de até 20% nos dias seguintes, refletindo a volatilidade típica do mercado de criptoativos.
O impacto na valorização de CASH3
Desde que anunciou a primeira alocação em Bitcoin, as ações da Méliuz subiram mais de 150%. Esse desempenho foi impulsionado pela percepção de que a empresa está replicando a estratégia bem-sucedida da MicroStrategy, que viu seu valor de mercado crescer de US$ 500 milhões para mais de US$ 110 bilhões ao longo de cinco anos, com a mesma abordagem de compra agressiva de Bitcoin.
A posição da Méliuz hoje representa 85% da carteira de ações de alguns investidores que apostaram na tese da Bitcoin Treasury Company, elevando significativamente o retorno dessas carteiras.
Por que empresas como Méliuz adotam essa estratégia?
Segundo especialistas, quatro fatores explicam o prêmio de mercado que empresas com Bitcoin em caixa recebem:
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Liquidez: ações são mais líquidas e acessíveis que a compra direta de Bitcoin, especialmente para investidores institucionais limitados por regulamentações.
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Volatilidade: ativos voláteis tendem a ter prêmios mais altos, pois oferecem potencial de grandes ganhos.
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Resultados futuros: investidores apostam na capacidade dessas empresas de captar recursos e ampliar suas reservas de Bitcoin.
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Bitcoin Yield: conceito que avalia o crescimento do número de bitcoins por ação, potencializando ganhos além da mera valorização do criptoativo.
Méliuz está cara? O múltiplo NAV da empresa
O Net Asset Value (NAV), ou valor patrimonial líquido, é um indicador chave para avaliar Bitcoin Treasuries. Enquanto a MicroStrategy negocia a um NAV de 1,88x e a japonesa Metaplanet a 3,08x, a Méliuz já atingiu um NAV de 3,84x, sugerindo que o mercado atribui um prêmio elevado às perspectivas futuras da empresa.
Apesar de o múltiplo parecer esticado, analistas destacam que a reserva de Bitcoin da Méliuz ainda é relativamente pequena, o que permite expansão significativa caso a empresa consiga captar mais recursos — um plano já em andamento, conforme sinalizado pela própria companhia em fato relevante.
Vale a pena investir em Méliuz?
Investir em empresas como Méliuz não é o mesmo que comprar Bitcoin diretamente. A exposição via ações é “anabolizada”, com possibilidade de maiores ganhos, mas também maiores riscos. Além disso, o investidor conta com a proteção da responsabilidade limitada: no pior cenário, perde o valor aplicado, mas não compromete seu patrimônio pessoal.
Por outro lado, a concentração excessiva de capital em um único ativo — como ocorreu com investidores que viram Méliuz representar 85% de suas carteiras — eleva o risco. Para muitos, a estratégia agora é realizar parte dos lucros e rebalancear posições.
O futuro das Bitcoin Treasury Companies no Brasil
A aposta da Méliuz pode inaugurar uma nova tendência no mercado brasileiro. Especialistas acreditam que outras empresas de pequeno e médio porte, que hoje estão “abandonadas” na bolsa, podem seguir o mesmo caminho, transformando-se em Bitcoin Treasury Companies para atrair investidores e valorizar seus papéis.
Além disso, é possível que novas empresas surjam já com esse modelo de negócios, focadas exclusivamente na acumulação de Bitcoin e capitalização via mercado de capitais.
O caso da Méliuz ilustra a convergência entre mercado financeiro tradicional e criptoativos, abrindo uma nova classe de ativos que desafia as métricas convencionais de avaliação de empresas.
Se essa estratégia será sustentável no longo prazo, ainda é cedo para dizer. Mas o fato é que Méliuz entrou para a história como a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil, com potencial para inspirar um movimento mais amplo no mercado acionário nacional.
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