Instituto Terra: iniciativa ambiental fundada por Sebastião Salgado manifesta luto em MG


Laço de tecido preto foi colocado na entrada principal do instituto. Localizada em Aimorés, a organização se tornou uma referência internacional em reflorestamento. “Vamos seguir com base nesses ensinamentos de Sebastião”, garantiu o diretor executivo Sérgio Rangel. Instituto Terra, fundado por Sebastião Salgado, em Aimorés, manifestou o luto
Léo Olesse/Inter TV dos Vales
O Instituto Terra, referência internacional em reflorestamento e educação ambiental, fundada por Sebastião Salgado, manifestou o luto pela morte do fotográfo, nesta sexta-feira (23), em Paris, aos 81 anos. Um enorme laço de tecido preto foi pendurado na entrada principal do projeto, localizado em em Aimorés, no Leste de Minas Gerais.
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Em nota oficial, a organização descreveu Salgado como “muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo”, destacando que ele e sua esposa Lélia Wanick “semearam esperança onde havia devastação” ao criar o instituto.
O Instituto Terra surgiu de um sonho ambicioso: mudar o cenário de degradação ambiental na região da Fazenda Bulcão, onde o fotógrafo passou a infância. O que começou como a recuperação de uma propriedade familiar se tornou um dos maiores projetos de restauração ecológica e educação ambiental do país.
O Instituto Terra foi fundado em 1998 por Sebastião Salgado e sua esposa, Lélia Salgado
Leonardo Merçon/Instituto Terra
O projeto transformou uma área degradada na região mineira do Vale do Rio Doce em um santuário de biodiversidade, com mais de 3,5 milhões de árvores replantadas.
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Sérgio Rangel, diretor executivo do instituto, explicou que quatro pilares dão forma ao principal objetivo do Salgado com o projeto: educação ambiental – capacitação de comunidades e produtores rurais; restauração florestal – reflorestamento de áreas desmatadas, especialmente na Mata Atlântica; recuperação de nascentes – mais de 1,5 mil fontes de água já foram revitalizadas e sistemas agroflorestais – implantação em pequenas e médias propriedades de Minas Gerais e Espírito Santo.
Rangel disse que as ações são focadas na revitalização do Rio Doce, indiretamente melhorando a qualidade da água e reduzindo a pressão sobre o rio. “Não atuamos na calha principal, mas nas propriedades que influenciam sua bacia”.
O projeto ganhou força após o desastre de Mariana, em 2015, intensificando esforços na região. Além do reflorestamento, o instituto gera 150 empregos diretos, muitos ocupados por moradores locais com mais de 20 anos de atuação.
Salgado, que visitava o local três a quatro vezes por ano, deixou a gestão há oito anos, mas seguia envolvido nas decisões. Atualmente, a presidência é exercida por seu filho, Juliano Salgado, enquanto a direção executiva é conduzida por Rangel.
O futuro do Instituto
Com a morte de Salgado, a pergunta que ficou é: o que acontece agora? Rangel garantiu que o trabalho não vai parar.
“O instituto se profissionalizou muito”, afirma. “Temos um planejamento estratégico de 10 anos. E vamos seguir com base nesses ensinamentos, no exemplo do Tião e na fibra da Lélia, né, que é uma guerreira.”
Enquanto o mundo chora a perda de um dos maiores fotógrafos da história, em Aimorés, seu maior projeto continua vivo – e crescendo.
“Os alicerces são tão consistentes que o instituto vai crescer ainda mais […] ele, de onde estiver, vai estar aplaudindo – ou puxando nosso pé se achar que estamos errando”, disse Rangel.
O Instituto protege e preserva a fauna e a flora local
Leonardo Merçon/Instituto Terra
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