Caçador encontrado após se perder em floresta no AM sobreviveu mais de 50 dias comendo fruto amazônico


Magnilson da Silva Araújo, de 34 anos, também comeu dois animais crus durante o período, informaram os bombeiros. Ele desapareceu no dia 7 de abril, durante uma caçada na região do km 50 da rodovia AM-352. Caçador resgatado após 50 dias perdido em floresta no Amazonas
Divulgação
O caçador Magnilson da Silva Araújo, de 34 anos, que foi encontrado após mais de 50 dias desaparecido em uma área de mata no interior do Amazonas, sobreviveu se alimentando de buriti, um fruto típico da região amazônica. Além disso, no período da noite, ele subia em árvores para tentar se proteger de animais silvestres e dormir.
Magnilson desapareceu no dia 7 de abril, durante uma caçada com outros dois comunitários na região do km 50 da rodovia AM-352, que liga os municípios de Manacapuru a Novo Airão. Segundo os familiares, em determinado momento da caçada, ele decidiu seguir sozinho por um caminho diferente. Desde então, não havia sido mais visto.
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De acordo com o pai de Magnilson, Edelvânio Rodrigues de Araújo, de 63 anos, o caçador passou dias próximo a buritizeiros, onde conseguia se alimentar com os frutos. O caçador também comeu dois animais crus durante o período: uma perema – espécie de de tartaruga de água doce – e siris de igarapé.
“Só comendo buriti e tomando água. Chegava num pé de buriti, ele se sentava e depois passava dois dias, três dias só num pé, roendo caroço e comendo. Chegou a comer um animal lá. Comeu dois animais, uma perema e siri, que é o sirizinho de igarapé que ele pegava. Ele comia cru mesmo”, afirmou Edelvânio Rodrigues de Araújo, de 63 anos, o pai de Magnilson.
Nos dias seguintes, o homem passou a apresentar sinais de desorientação e relatou ter tido alucinações auditivas. Edelvânio disse que ele afirmava ouvir uma voz feminina que o chamava e impedia seu retorno para casa.
“Ele contou que ficou estonteado, se perdeu, saiu e depois aparecia uma visão de uma mulher que não deixava ele voltar. Dizia que ele não podia voltar pra casa e que ele ia ficar no mato com ela”, contou Edelvânio. “Como se fosse o encanto”, completou.
Já durante a noite, o pai de Magnilson relatou que o filho subia em árvores para tentar se proteger de animais silvestres. Com a piora do seu estado físico, ele caiu e passou a dormir no chão.
“A dificuldade era para dormir, não tinha como dormir. Aconteceu que ele subiu [na árvore] e de noite caiu. Depois não conseguia mais subir e dormiu no chão mesmo”, declarou o pai do caçador.
Nos três dias que antecederam sua saída da mata, ele chegou a considerar tirar a própria vida. “Três dias antes de sair ele não se matou porque não tinha cartucho na espingarda, ele tinha perdido os cartuchos, mas a vontade era de se matar para sair do sofrimento”, disse o pai.
Ainda segundo o familiar, a saída da mata ocorreu após ele ouvir sons ao longe.
“Ele teve uma visão que no outro dia ele saía, foi quando ele conseguiu ouvir um som e fogos. Ele andou dois dias naquela direção e saiu”, concluiu.
Magnilson é o filho do meio de seis irmãos e, ainda segundo o pai, se recupera dos efeitos físicos e psicológicos dos mais de 50 dias isolado na mata.
Resgate
Na manhã da quarta-feira (28), ele reapareceu em uma área de mata no Ramal do Tumbira, cerca de 5 km do ponto onde foi visto pela última vez. Desidratado e visivelmente debilitado, Magnilson surgiu próximo a uma residência e pediu ajuda.
Ele foi acolhido por moradores da região, que lhe ofereceram comida. No entanto, devido ao estado de fraqueza, passou mal após se alimentar e precisou ser levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Lázaro Reis, em Manacapuru, onde permanece internado em recuperação.
Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros informou que, inicialmente, foi acionado no dia 10 de abril, três dias após o desaparecimento, que ocorreu em uma área de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e no mesmo dia iniciou as buscas. A operação durou 11 dias e fez uma varredura em uma área de 180 km², com o apoio de um cão farejador do Grupamento de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (GBRESC).
No dia 21 de abril, as buscas foram oficialmente encerradas, após decisão conjunta com os familiares, diante da ausência de vestígios.
O g1 procurou a Polícia Civil do Amazonas para esclarecer se haverá investigação sobre o tipo de caça praticada na área no dia do desaparecimento de Magnilson da Silva Araújo e aguarda retorno.
Caçador é encontrado vivo após 50 dias desaparecido em floresta no Amazonas
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