Impulsionada pelo agronegócio, economia brasileira cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025


O PIB do agro cresceu 12,2% de janeiro a março, o auge da colheita da soja. Economia brasileira cresce 1,4% no primeiro trimestre de 2025
O Produto Interno Bruto, o conjunto de todos os bens e serviços produzidos pelo Brasil, cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025. E, mais uma vez, o agronegócio teve um papel muito importante para a economia brasileira.
É soja, mas pode chamar de PIB, o apelido que ela ganha quando entra nas contas que medem a riqueza do Brasil. Comparando os primeiros três meses deste ano com o trimestre anterior, a economia brasileira cresceu 1,4%, puxada principalmente pelo que brota da terra. Um desempenho melhor que o do mesmo período de 2024.
Seja soja ou seja PIB, ela faz parte de uma família rica, junto com o milho, o arroz e muitos outros mais. Todo mundo junto fez o PIB do agro crescer 12,2% de janeiro a março, o auge da colheita da soja.
“Embora a gente também veja outras atividades vindo com desempenho bom, a agropecuária realmente é o que explica em grande parte a magnitude do resultado. Talvez não o crescimento. Mas ter crescido acima de 1%, esse crescimento de 1,4% está realmente associado à agropecuária”, comenta Juliana Trece, economista da FGV Ibre.
No campo, se nada atrapalhar, o Brasil cresce. Se o tempo ajudar então…
“Foi um dos melhores climas que nós já tivemos de plantação nesses quatro anos, foi esse do ano passado. Começou a chover mais cedo, nós conseguimos começar um plantio na hora certa e veio todas as etapas que a gente precisa da chuva, ela veio”, diz o produtor rural Alberto Alves de Castro.
O Brasil da terra e o Brasil da tela estão bem mais próximos do que se imagina.
“Um mês atrás a gente estava no Acre implantando um sistema pro agro. Um sistema que fazia a gestão das fazendas de agro. Então a gente consegue atender até mesmo um setor que está crescendo tanto como o agronegócio”, destaca Leonardo Ferreira de Souza, diretor comercial.
E o Leonardo anda tão ocupado com a expansão da empresa que nem se deu conta: a atividade em que ele trabalha está crescendo ainda mais do que o agro. Desde a pandemia, a produção agropecuária evoluiu acima da média do PIB: 21,4%. Já a área de informação, que abrange as empresas de tecnologia, teve um avanço de 35,7%.
O peso do agro na economia é muito maior. Mas as atividades de informação e comunicação aumentaram 3%, ajudando o setor de serviços como um todo a crescer 0,3% no primeiro trimestre.
Já nem cabe todo mundo nessa startup que começou com três pessoas e hoje tem 52. Só no primeiro trimestre foram 10 contratações. Giovana é designer e chegou nessa leva.
“Aproveitei que está bombando para poder explorar isso. Sempre tive interesse nas diversas formas que você tem de integrar o design na tecnologia, desde jogos digitais ao software mesmo”.
E chegou a vez da operadora de linha. Em março, acabou a espera da Ana Paula pela vaga na indústria.
“Desde 2017 procurando emprego, sem registro na carteira formal e eu não encontrava. Aumentou a renda, a gente passeia agora, leva as meninas para parque, se diverte. A gente está conseguindo terminar nossa casa, que era algo que a gente queria demais”, conta a operadora de linha, Ana Paula Cristina Pedroso.
Encaixa, monta, reabastece, testa… Assim operárias e operários transformaram esforço em capital. Mas a alta dos juros já corre na linha de produção da indústria.
“Notamos um consumidor mais cauteloso com juros altos, e um endividamento. E essas condições macroeconômicas gerando restrições, inclusive com as indústrias, de forma mais cuidadosa nos seus investimentos em inovação, nos seus investimentos em crescimento no longo prazo. Acredito que poderíamos ter crescido mais se não fossem essas condições”, destaca o vice-presidente de Negócios da Natura, Agenor Leão.
Depois de oito trimestres de alta, a indústria não cresceu. Queda de 0,1%, estável para o IBGE. Tiveram resultados negativos as indústrias da transformação e da construção. O contraponto positivo foram as extrativas e de eletricidade e gás, água e esgoto.
Impulsionada pelo agronegócio, economia brasileira cresce 1,4% no 1º trimestre de 2025
Reprodução/TV Globo
Em um ranking com 49 países, o Brasil aparece em quinto lugar, na frente da China e dos Estados Unidos.
O que é produzido em uma pequena sala aumenta a produtividade de outros negócios. E não é só por isso que um local de 36 m² irriga a economia em um espaço muito maior. Uma empresa tem funcionários trabalhando remotamente em outros seis estados. São famílias que consomem bens e serviços e ajudam a movimentar o PIB do Brasil.
O consumo das famílias aumentou 1% no primeiro trimestre.
“A gente está em um ciclo agora de aperto monetário, normalmente esse é um componente que acaba sendo afetado, mas a gente também viu melhora no mercado de trabalho, além de ter também programas do governo de transferência de renda. Então, isso acaba contribuindo também para o consumo das famílias ter tido esse crescimento no primeiro trimestre”, diz a economista da FGV Ibre.
Surpresa foi o nível de investimentos. Alta de 3,1% em relação ao trimestre anterior. A chamada “formação bruta de capital fixo” chegou a 17,8% do PIB. É o dado de investimento que dá para a gente uma visão do futuro. É de onde vêm os recursos para ampliação das fábricas, compras de máquinas e equipamentos, qualificação dos profissionais e desenvolvimento dos laboratórios de inovação.
Na conta dos economistas, ainda investimos pouco para o tamanho da economia do Brasil e do desejo de crescer dos brasileiros.
“Eu tenho duas filhas, e hoje com esse trabalho eu consigo me ver planejando o futuro delas”, ressalta a operadora de linha, Ana Paula Cristina Pedroso.
“E agora, com um pouquinho de dinheiro, já tenho planos. Eu gosto muito de viajar, então eu estou economizando para poder viajar. Europa que me espere”, comenta a operadora de linha, Ana Paula Cristina Pedroso..
E os setores seguem plantando crescimento. A colheita vai depender do clima e da condução da economia.
“Não tem quem não goste de crescimento. Agora, crescer nesse ritmo que a gente está desde o ano passado está acima das nossas condições de oferta. Agora crescer nesse ritmo que a gente está desde o ano passado está acima das nossas condições de oferta. E aí quando você cresce acima daquilo que você tem condição de produzir na economia, você acaba pressionando a mais essa economia e aí você gera um processo de inflação. Se está demandando mais do que você consegue produzir, a inflação aparece. Para tudo isso acontecer, para a gente ter uma taxa mais normal de juros na economia brasileira a primeira coisa que precisa fazer é reordenar a questao fiscal. O que o governo fez ate agora foi mto focado em aumentar arrecadação, o governo não teve muito espaço e muita atenção a diminuir o gasto com mais intensidade. Então precisaria ser dos dois lados: aumentar receita de um lado mas também diminuir gasto do outro”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
O presidente Lula (PT) declarou que o Brasil teve mais um trimestre com mais emprego e renda.
O Ministério da Fazenda afirmou que o PIB veio ligeiramente abaixo da previsão, e que surpreendeu o menor crescimento do setor de serviços, assim como a queda da indústria. Mas que o consumo das famílias e os investimentos das empresas contribuíram para a alta.
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