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“De toda a cadeia construtiva, a madeira é o único material renovável. A indústria da construção civil e manutenção dos prédios é o maior emissor de CO2 do planeta. Se você pegar os carros, aviões, navios etc., eles emitem menos da metade do que a indústria civil emite. A nossa responsabilidade de olhar para a edificação como um produto sustentável é enorme, por isso temos apostado nesse material”, afirma Marcelo Aflalo, engenheiro, designer e presidente do Núcleo de Referência em Tecnologia da Madeira.No cenário internacional, essa aposta tem se consolidado em mega construções, como o edifício Mjøstårnet, na cidade de Brumunddal, na Noruega. Com 85,4 metros de altura e 18 andares, ele é o prédio mais alto do mundo todo construído em madeira e nasceu justamente com o objetivo de chamar atenção para soluções mais sustentáveis na construção civil. “Esperamos que essa construção inspire outros a escolher soluções mais ecologicamente corretas nos próximos anos”, declarou Morten Kristiansen, CEO da Moelven Industrier ASA, incorporadora à frente do projeto durante a construção do edifício, em 2019.Embora não esteja tão avançado quanto em outros países, o uso do material no Brasil tem um futuro promissor: em 2024, o país produziu 10 mil m³ de madeira engenheirada. Há cinco anos, a produção era de menos de quatro mil m³, de acordo com os dados do Ibramem. Segundo Ângela do Valle, a consolidação no setor depende do reconhecimento das vantagens técnicas e produtivas desse modelo. “A construção com madeira permite obras mais rápidas, com redução de até 40% no tempo de execução, e oferece um controle rigoroso de qualidade, uma vez que as peças saem prontas da fábrica para montagem direta no canteiro. Tecnologias como o CLT (Cross Laminated Timber) e o MLC (Madeira Lamelada Colada) já viabilizam construções seguras, sustentáveis e em larga escala, incluindo edifícios de múltiplos andares, como ocorre em países da Europa e da América do Norte”, diz.Fábio Brun, presidente da Associação Paranaense das Empresas da Base Florestal (APRE Florestas), destaca outras barreiras na popularização do material: “Falta de mão de obra qualificada, de competência técnica, tanto da parte que envolve a arquitetura como a engenharia, e de políticas públicas específicas que incentivem as construções em madeira. São alguns dos gargalos que o setor precisa enfrentar e vencer”.Ambientes interioresSe na construção ela ainda está em debate, no design de interiores e decoração, a madeira é um consenso. Associado à ideia de aconchego, o material pode ser utilizado de diversas maneiras, conferindo diferentes texturas e tons aos ambientes. Nas reformas realizadas pelo arquiteto Raphael Wittmann, a madeira torna-se uma peça escultural, às vezes desde a porta de entrada. “Com ela, podemos elaborar portas amplas, com texturas naturais e com acabamentos sofisticados que entregam também a questão da arte. É um elemento que não apenas cumpre um papel prático, mas também adiciona calor e identidade ao ambiente”, afirma.Wittmann também utiliza o material na marcenaria planejada, que executa móveis sob medida que maximizam o uso do espaço em ambientes em uma abordagem que permite atender às necessidades específicas dos usuários. “Essa estratégia não apenas melhora a funcionalidade dos ambientes, mas também assegura a durabilidade dos móveis, fazendo dela uma opção inteligente para quem busca otimização e praticidade em projetos de interiores”, diz o arquiteto. Em um cenário que valoriza cada vez mais a estética sustentável, isso é fundamental.