Em uma entrevista reveladora, um dos gestores da Apolo Investimentos detalhou os pilares da estratégia que levou a gestora a superar o Ibovespa em mais de três vezes ao longo dos últimos anos. Com um histórico de aproximadamente 57% de acerto em suas decisões de investimento nos últimos 20 anos, a casa demonstra que consistência, diversificação e foco em assimetrias são mais importantes do que previsões certeiras sobre o futuro econômico.
Como identificar oportunidades com mais chance de sucesso?
O gestor explica que o objetivo da Apolo não é prever o futuro, mas identificar eventos que têm maior chance de ocorrer do que o que está precificado pelo mercado. Ele compara a abordagem à lógica de um cassino, em que o investidor busca “jogadas” com chances estatisticamente favoráveis — no caso da bolsa, oportunidades com 60% a 70% de probabilidade de sucesso.
“Não precisamos acertar todas. Precisamos acertar de forma consistente onde há mais chances. Nosso histórico mostra que essa abordagem funciona”, afirma o gestor.
Aposta em assimetrias e eventos mal precificados
A base da estratégia da Apolo está em procurar eventos que, embora tenham chance de ocorrer, são subestimados pelo mercado. Um exemplo citado foi a avaliação de risco político na Argentina em 2019, quando o mercado parecia ignorar sinais claros vindos das pesquisas e da conjuntura local.
A gestora busca exatamente essas situações: oportunidades em que a probabilidade real de um evento ocorrer é maior do que aquela embutida nos preços dos ativos. Essa lógica é aplicada em uma carteira diversificada, o que reduz o risco agregado e amplia a margem de sucesso no longo prazo.
Casos emblemáticos: Venezuela e pós-crise americana
Dois exemplos práticos ilustram os extremos dessa abordagem:
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Fracasso bem calculado: A gestora apostou em bonds da Venezuela entre 2018 e 2019, esperando uma reorganização política e econômica que justificaria uma forte valorização. Apesar de toda a análise apontar para essa direção, a mudança não veio, e a aposta não se pagou — um risco assumido dentro da lógica das probabilidades.
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Acerto por sorte: Já nos EUA, após a crise imobiliária de 2008, a Apolo apostou fortemente em ações de construtoras (“homebuilders”), com base no valor de liquidação de seus ativos. O investimento rendeu excelentes retornos, mas o gestor reconhece que subestimaram o tempo e o custo de desmobilizar esses ativos. “Fomos mais sortudos do que astutos”, admite.
A lógica do longo prazo
O diferencial da Apolo está em não depender de previsões perfeitas ou “tiros certeiros”. A diversificação entre apostas com boa relação risco-retorno cria uma carteira resiliente, capaz de superar o Ibovespa mesmo com erros pontuais. A chave, segundo o gestor, está em entender o que o mercado precifica e buscar eventos alternativos subvalorizados.
O post Gestora que superou o Ibovespa em 3 vezes revela estratégia baseada em simetrias e probabilidades apareceu primeiro em O Petróleo.