Um estudo divulgado pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal da Bahia e a Universidade de Barcelona revela o impacto positivo do programa Bolsa Família na saúde pública brasileira ao longo de duas décadas. Publicada na revista científica Lancet Public Health, a pesquisa mostra que entre 2004 e 2019, a transferência de renda evitou mais de 700 mil mortes e 8 milhões de internações hospitalares no país.
Os grupos mais beneficiados, segundo os dados, foram crianças menores de 5 anos e idosos acima de 70 anos. No período analisado, a mortalidade infantil caiu 33%, enquanto as internações hospitalares entre os idosos foram reduzidas pela metade.
Projeções até 2030
Além de avaliar os resultados passados, a pesquisa também projeta o futuro do programa. Caso o Bolsa Família seja fortalecido — com aumento do valor dos repasses e inclusão de mais beneficiários —, o estudo estima que, até 2030, podem ser evitadas outras 683 mil mortes e mais de 8 milhões de internações.
Para o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, os dados confirmam o papel vital do Bolsa Família. “É um programa que salva vidas”, disse, destacando que a exigência de contrapartidas em saúde e educação contribui para esses resultados.
Desafios e a porta de saída
Especialistas apontam, no entanto, que o programa precisa avançar em dois pontos centrais: o aprimoramento do Cadastro Único, responsável por identificar corretamente os beneficiários, e a inclusão produtiva, que visa oferecer meios para que as famílias conquistem autonomia financeira.
A proposta de criação de um agente de desenvolvimento social, defendida por economistas como Ricardo Paes de Barros e Laura Machado, é citada como ferramenta essencial para guiar as famílias em um plano individual de emancipação, conectando o programa a outras políticas públicas, como acesso à educação, saúde, creches e emprego.
Segundo os analistas, a principal mensagem da pesquisa é clara: menos pobreza significa mais saúde. Para além da transferência de renda, o foco deve estar na criação de condições estruturais para que a população supere a pobreza de forma duradoura, com apoio à iniciativa privada e geração de empregos.
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