
Em 2023, Fhillip da Silva Gregório foi apontado como o principal compradores de armas para a facção. Professor, como era conhecido, morreu na noite deste domingo (1). Fhillip da Silva Gregório, o Professor, fornecedor de drogas, armas e munições de traficantes do RJ
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O traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor, morreu na noite deste domingo (1), vítima de disparos de arma de fogo.
O g1 apurou que o traficante foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele chegou a ser internado, mas não resistiu.
O criminoso ganhou espaço na facção e não deixou o morro de Alemão nos últimos cinco anos, com medo de ser preso. Professor, que teve sua primeira prisão há mais de 10 anos, era apontado como o principal comprador de armas do Comando Vermelho.
Histórico de prisões
Em 2012, Fhilip foi preso em flagrante carregando comprovantes de depósitos bancários com valores significativos feitos para traficantes da favela Nova Brasília, uma das comunidades do Complexo do Alemão. Em sua casa, a polícia encontrou ainda anotações contábeis e nominais em cadernos.
Nos registros policiais, Fhillip da Silva Gregório, passou a responder por lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Foi a primeira vez que o jovem apareceu em um Boletim de Ocorrência.
Em março de 2015, Professor foi preso em um sítio em Seropédica. Os agentes da PF identificaram que o local era utilizado para receber drogas, armas e munições adquiridas pela quadrilha. De lá, a droga era distribuída para as comunidades ligadas ao grupo.
Em um dos cômodos da casa, os policiais federais encontraram 100 quilos de cocaína. Interceptações telefônicas com autorização judicial mostram que, em 15 dias, Professor chegou a movimentar R$ 1 milhão ao negociar drogas ou armas.
Fuga do presídio
Preso, o criminoso foi levado para Bangu 3, onde ficou até 20 de julho de 2018. De lá, seguiu para o Instituto Moniz Sodré, tendo sido transferido em 18 de setembro daquele ano para o Edgard Costa. Dez dias depois, em 28 de setembro, Professor fugiu e não foi mais recapturado.
Em 2021, Professor passou a responder também por homicídio. Um homem chamado de Bilidim foi morto no baile funk da Fazendinha após urinar em uma criança.
O amigo da vítima, Rogério, foi até à favela saber o paradeiro do rapaz. Ele foi pego pelos traficantes e agredido até a morte. No relatório de indiciamento, o delegado justifica por que Professor passou a ser considerado responsável pelo crime:
“Certo que o executor por hora não foi identificado, porém, o procedimento pode ser encerrado pois conforme apurou-se e vem sendo apurado no decorrer de diversos procedimentos desta especializada, as execuções, quando praticadas dentro de comunidades dominadas pelo tráfico, só ocorrem com aquiescência ou determinação por parte daqueles que se intitulam ‘donos'”.
Um vídeo que circulou em redes sociais, em 2021, mostrava fuzis com o nome “Professor”, chamando a atenção de policiais e mostrando o poderio do traficante na facção.
Pagamento de propina para PM
Troca de mensagens entre PM e o traficante Professor
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Em maio deste ano, o g1 revelou que investigações da Polícia Federal (PF) mostravam uma proximidade entre a PM e o Professor.
Relatório da PF, obtido pelo g1, mostra que o criminoso negocia valor da propina com PMs, que reclamam do valor pago semanalmente. Em conversas, os policiais chegam a dizer que o valor é baixo e ameaçam retomar as operações na comunidade caso o valor não aumente, o que irritou o traficante.
Grande fornecedor de armas
Em 2023, Fhillip foi apontado pela Polícia Federal como o grande comprador de armas para a facção criminosa Comando Vermelho no Rio de Janeiro.
As armas, de acordo com a investigação que resultou na operação Dakovo, nome de uma cidade da Croácia, eram adquiridas legalmente pelo argentino Diego Hernan Dirísio, repassadas a intermediários em Ciudad del Leste, na fronteira com o Brasil, e de lá vendida para facções no RJ e em São Paulo.
No linguajar do crime, Professor é o “matuto'”, a pessoa que manda no negócio, fornecendo drogas e armas e fazendo negociações no exterior.
Traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor
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A vida sem deixar o Complexo do Alemão
Traficante do Rio monta estrutura para fazer lipoaspiração em casa
Por não deixar a comunidade por cinco anos, Fhillip montou dentro de casa uma estrutura para fazer tratamento dentário, implante de cabelo e lipoaspiração.
Professor construiu uma casa com piscina e hidromassagem. Do local, ele tem uma ampla visão da região da Fazendinha. O criminoso chega a comemorar a obra durante um telefonema para um traficante que está no Paraguai:
“Eeee aumentei a laje. Comprei a casa do lado e botei uma piscina e uma hidro maior”, diz
Piscina instalada em cobertura que pertenceria ao traficante Professor na Fazendinha, interior do Complexo do Alemão
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Em casa, Professor chegou a receber visitas de uma médica para atendimentos. Mesmo após as consultas, ele buscou outros profissionais para implante capilar e até lipoaspiração. No local, o traficante ainda passou por uma cirurgia para retirada de estilhaços da cabeça.
Em 16 de janeiro de 2022, o criminoso escreve para um comparsa dizendo “tô nem com energia não”.
“Eu fiz uma cirurgia não te falei. Tirei um estilhaço de bala que tava na minha cabeça um tempão”, escreve Professor.
Fhillip da Silva Gregório, o Professor, fornecedor de drogas, armas e munições de traficantes do RJ
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Fuzis com o nome do traficante Professor em vídeo das redes sociais
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