Com o avanço do calendário fiscal, investidores atentos ao setor de saneamento voltam suas atenções para duas gigantes do setor: Sanepar (SAPR11) e Copasa (CSMG3). Enquanto a Sanepar se prepara para anunciar novos dividendos em junho, a Copasa enfrenta um cenário de maior pressão financeira nos próximos anos, com expectativas de queda nos proventos a partir de 2026.
Sanepar: valuation atrativo e potencial de valorização nos dividendos
As métricas fundamentalistas indicam que a Sanepar é a companhia mais descontada entre as estatais do setor. Com P/L e P/VP inferiores aos de Copasa e Sabesp, além de um EV/Ativo Regulatório (EVRAB) de 0,80, a empresa mostra margem para valorização de até 20%, considerando o patamar justo estimado pelo mercado (EVRAB = 1,0).
Além disso, a indenização bilionária que a Sanepar deve receber do governo paranaense pode impulsionar os dividendos já em 2025 ou 2026. A depender do percentual distribuído aos acionistas, o impacto no yield pode ser relevante. Hoje, a estimativa de proventos para 2025 é de R$ 1,95 por ação, representando um dividend yield projetado de 5,95%.
A companhia costuma anunciar dividendos em junho e dezembro, mas paga com defasagem: o dividendo de junho é quitado apenas em junho do ano seguinte, e o de dezembro, geralmente em junho do ano subsequente. No entanto, corretoras como a Confir já permitem antecipação desses proventos na data-com, melhorando o fluxo de caixa para investidores buy and hold.
Copasa: projeção de dividendos menores e revisão tarifária no radar
Enquanto os números atuais da Copasa são sólidos, o futuro próximo inspira cautela. A companhia deve pagar R$ 1,80 por ação em dividendos referentes ao exercício de 2025, o que projeta um yield em torno de 7,54%. Entretanto, dois fatores podem comprometer esse desempenho a partir de 2026:
1. Ciclo de investimentos e aumento da dívida
A Copasa passa por um ciclo de investimentos mais robusto, com o capex saltando de R$ 2,5 bilhões em 2025 para R$ 3,4 bilhões em 2026, elevando sua alavancagem financeira. A previsão é que o dívida líquida/EBITDA atinja até 3x em 2029, o limite considerado aceitável por agências de rating. Com isso, é provável que a empresa reduza seu payout para preservar o caixa.
2. Revisão tarifária em 2025 com risco de impacto negativo
Outro fator de preocupação é a revisão tarifária prevista para ocorrer entre junho e novembro de 2025, com efeitos esperados a partir de janeiro de 2026 (ou 2027). A depender do resultado dessa revisão — que deve considerar investimentos, inflação e eficiência operacional —, os ajustes podem reduzir as receitas da empresa. Isso já ocorreu em 2021, quando a revisão resultou em uma queda tarifária de 1,52%, derrubando as ações de R$ 17,81 para R$ 11,50.
Segundo analistas, a revisão de 2025 pode seguir o mesmo caminho, pressionando os resultados e forçando novo recuo nos dividendos.
Comparativo: projeções de dividendos até 2026
Empresa | Dividendos Prev. 2025 | Dividend Yield Estimado | Dividendos Prev. 2026 | Potencial de Crescimento |
---|---|---|---|---|
Sanepar | R$ 1,95 | 5,95% | R$ 2,15 | Alta (com indenização) |
Copasa | R$ 1,80 | 7,54% | R$ 1,65 | Queda provável |
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