A crise financeira dos Correios atingiu um novo patamar em 2025. A estatal registrou um prejuízo de R$ 1,72 bilhão apenas no primeiro trimestre do ano, mais que o dobro dos R$ 801 milhões negativos anotados no mesmo período de 2024. O resultado é o pior para um primeiro trimestre desde 2017.
Apesar da gravidade dos números, o balanço financeiro divulgado pela empresa não detalha os fatores que levaram a esse resultado. O cenário, no entanto, é agravado por denúncias de funcionários e terceirizados sobre atrasos salariais, sucateamento das agências e falta de materiais básicos de trabalho, como caixas de papelão e fitas adesivas.
Críticas à gestão e gastos com veículos de luxo
A situação da empresa gerou forte repercussão entre analistas e parlamentares. O deputado estadual Guto Zacarias acionou o Ministério Público Federal após a revelação de que os Correios abriram licitação para contratação de veículos de luxo destinados à diretoria da estatal com exigências como carro preto, potência mínima de 150 cavalos e motorista com combustível incluso.
A medida gerou indignação diante da realidade operacional da estatal. “Não se consegue enviar uma encomenda por falta de papelão, mas há orçamento para carro de luxo”, criticou o comentarista político Luís Felipe D’Ávila durante programa da Jovem Pan.
Monopólio com prejuízo: “Caso de estudo em economia”
Analistas destacam o paradoxo econômico que envolve os Correios. Apesar de ainda manter posição dominante no mercado de entregas postais no Brasil sobretudo em regiões menos atendidas pela iniciativa privada a empresa acumula déficits recorrentes, alimentando críticas à gestão politicamente aparelhada e à falta de metas de eficiência.
“O Correio é praticamente um monopólio e ainda assim dá prejuízo. É caso de estudo em qualquer escola de economia”, afirmou D’Ávila.
Debate sobre privatização volta à pauta
A divulgação do rombo reacendeu o debate sobre a privatização dos Correios. Durante o governo anterior, houve tentativas de avançar com a venda da estatal, inclusive com resultados positivos nos balanços chegando a registrar superávit de R$ 900 milhões em 2021. No entanto, o projeto travou no Congresso por resistência política, inclusive dentro da própria base governista à época.
Críticos apontam que o atual modelo favorece o aparelhamento político e dificulta qualquer tentativa de modernização ou adoção de estratégias competitivas. “Enquanto empresas como Amazon e Mercado Livre criam suas próprias redes logísticas, os Correios perdem espaço por incompetência e ineficiência operacional”, destacou o analista Cristiano Beraldo.
Impacto para a população e uso do dinheiro público
O rombo bilionário levanta preocupações sobre o impacto nas contas públicas. Especialistas alertam que o dinheiro do contribuinte está sendo utilizado para sustentar um modelo deficitário e sem perspectiva de reversão, em vez de ser investido em serviços essenciais como saúde, segurança e educação.
“O prejuízo de R$ 1,72 bilhão daria para investir em saneamento básico, educação digital ou infraestrutura escolar mas está sendo usado para manter uma máquina estatal ineficiente”, concluiu o analista Mota.
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