A taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, está entre os maiores patamares da década. Apesar das expectativas do mercado por um alívio monetário ainda em 2025, análises recentes apontam que a queda dos juros no Brasil pode ser adiada para o início de 2026, diante de fatores persistentes como a inflação elevada, o descontrole fiscal e o calendário eleitoral.
Por que os juros estão tão altos?
Nos últimos anos, o Brasil apresentou crescimento acima do seu potencial, impulsionado por estímulos governamentais, expansão do crédito e mercado de trabalho aquecido. Esse cenário elevou a demanda e pressionou os preços, gerando uma aceleração da inflação, especialmente a partir do segundo semestre de 2024.
Para conter essa dinâmica, o Banco Central adotou uma política monetária agressiva, elevando a Selic a 14,75% ao ano. Mesmo com os sinais iniciais de desaceleração da atividade econômica, a inflação segue acima da meta, o que mantém a autoridade monetária em postura de cautela.
Quando os juros devem começar a cair?
Embora parte do mercado apostasse em cortes já no fim de 2025, as projeções mais prudentes apontam para o primeiro trimestre de 2026 como o momento mais provável para o início da reversão da política de juros.
A previsão é que a inflação atinja seu pico em agosto de 2025 e, a partir daí, inicie um processo de desaceleração. Mesmo assim, o índice deve encerrar o ano entre 4,5% e 5,5%, ainda próximo do teto da meta do Conselho Monetário Nacional.
Fatores que adiam a queda da Selic
Dois elementos principais dificultam uma queda mais rápida dos juros:
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Pressões fiscais: O país continua com um alto risco fiscal, agravado por um orçamento engessado e pela expectativa de que a dívida pública ultrapasse 80% do PIB em 2025. Os gastos obrigatórios — incluindo Previdência e salários do funcionalismo — consomem quase 70% do orçamento total.
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Ciclo eleitoral: O ano de 2026 marca o início das campanhas para as eleições presidenciais. Historicamente, governos tendem a ampliar os gastos nesse período, o que aumenta a pressão sobre a inflação e gera desconfiança nos mercados.
Reforma administrativa volta ao debate
Diante desse cenário, medidas estruturais como a reforma administrativa são vistas como essenciais para conter o avanço das despesas obrigatórias e restabelecer a confiança fiscal. O tema voltou ao debate no Congresso, mas ainda está em fase inicial. As propostas incluem ajustes na progressão de carreira, racionalização de concursos públicos e revisão de cargos comissionados.
Perspectivas para os próximos meses
Para que a Selic volte a cair, será necessário observar uma combinação de fatores: desaceleração mais clara da inflação, estabilidade no câmbio, menor pressão fiscal e ausência de choques externos. Até lá, o custo do crédito permanece elevado, impactando diretamente o consumo, os investimentos e o crescimento da economia.
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