Leia Também:
Feiras agropecuárias movimentam a economia dos municípios baianos
Inovação agropecuária: Bahia investe cerca de R$ 10 milhões em projeto
Cidade baiana é uma das melhores do país para investir em Agropecuária
Reconfiguração de cadeias produtivasCom forte base na fruticultura, a unidade também atua no redesenho de cadeias produtivas. O caso do abacaxi é emblemático: com origem no Recôncavo Baiano, a produção foi migrando para o semiárido e agora passa por nova transformação com o lançamento de cultivares resistentes a doenças.“O abacaxi saiu daqui da nossa região, do Coração de Maria, que era fortemente acometido também por uma doença. Foi para a região de Itaberaba, aqui na Bahia. Então, lá houve uma convergência de interesse de produtoras, de empresários, de outros parceiros, e mudou totalmente toda essa cadeia de produção de abacaxi. Nós participamos ativamente disso. Mas ainda falta um pulo, nós vamos lançar, certamente no próximo ano, duas variedades de abacaxi, que é a Sol Bahia e a Diamante. BRS Sol Bahia e BRS Sol Diamante. Com as mesmas características da variedade pérola e com a vantagem de ser resistente à doença”, descreve.
Carlos Estevão Leite Cardoso, chefe-geral substituto da Embrapa de Cruz das Almas (esq)
| Foto: .José Simões / Ag. A TARDE
Foco em culturas estratégicasA criação da unidade teve como base a relevância da Bahia na produção de abacaxi, citros, banana, maracujá e mamão. Essas culturas seguem como foco da unidade, mas novas demandas também vêm sendo absorvidas com o passar dos anos.“A gente vem com foco nessas culturas […] mas temos uma janela aberta para o que nós chamamos de cultura de oportunidade”, afirma. A inclusão depende de fatores como relevância local e disponibilidade de financiamento para pesquisa.A decisão de atuar sobre uma nova cultura envolve avaliação de escopo e capacidade técnica. “Desde que não esteja totalmente fora do nosso escopo e se não tiver uma outra unidade da Embrapa com vantagens mais competitivas do que a nossa para dar resposta em prazo mais curto. Se você traz uma demanda hoje pra gente, por exemplo, de manga a gente vai priorizar as unidades que estão trabalhando.”Respostas para a crise climática e doençasCom foco em sustentabilidade e adaptação às mudanças do clima, a Embrapa também prepara novos lançamentos genéticos com melhor desempenho hídrico e tolerância a temperaturas extremas.“Hoje os genótipos quando são lançados eles têm que vir já preparados para gastar menos água. Os genótipos de banana que estão sendo lançados hoje nas regiões que são o polo de produção de banana, têm que ficar preparados para os extremos de temperatura. Nós estamos com um produto já para colocar na praça, em parceria com a iniciativa privada, que é de proteção das culturas para conseguir se adaptar melhor a essas condições de uma mudança climática. E esse produto já conseguiu funcionar muito bem para várias dinâmicas de nossas culturas.”Além das mudanças ambientais, o centro também lida com ameaças fitossanitárias que exigem resposta antecipada da ciência.“Tem uma doença na banana que se chama fusarium. A gente convive aqui com a chamada raça 1, mas já tem outros lugares do mundo a raça 4. E se entrar no Brasil, nós podemos estar numa situação muito complicada. Então nós estamos já com pesquisas bastante avançadas com relação a isso, e é bem provável que em breve nós teremos notícias muito boas com relação a novos mecanismos de enfrentamento dessa doença, novas variedades e inclusive, com menos agressão. Porque você vai ter a capacidade genética da planta conviver naquela condição, desse estresse da presença de doença e vai evitar que esteja utilizando mais agrotóxico”, conclui.