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“Estou acompanhando a cada notícia sobre todo o endurecimento nas regras para residir aqui em Portugal e, em alguns momentos, confesso ter uma insegurança de como será daqui pra frente”, afirmou H. B., em entrevista ao Portal A TARDE.“O reflexo de tudo isso é sentir que, dependendo de quem está no governo, tudo pode mudar, seja positiva ou negativamente”, acrescentou a brasileira, que migrou sozinha para o continente europeu.ChegaDos pouco mais de 1 milhão de imigrantes legalizados em Portugal, aproximadamente 370 mil são brasileiros, conforme dados divulgados em 2024 pelo governo local. Mas esse número fala apenas daqueles que já possuem sua situação regularizada na Europa. Estima-se que mais de 200 mil cidadãos do Brasil vivem em território português de maneira ilegal.Vários deles ainda tentam regularizar sua situação no país. Só em 2025, 73 mil brasileiros tiveram seus pedidos de residência em Portugal analisados pela Aima. A maioria, cerca de 68 mil, teve sua solicitação aprovada pela administração portuguesa.“Estou com autorização de residência da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], agora aguardando a resposta para renovação e pegar autorização de residência que é válida para toda a União Europeia”, contou ao Portal A TARDE a baiana C. F., de 30 anos de idade.Para a jovem oriunda de Salvador, moradora de Portugal há mais de três anos, o endurecimento das regras de imigração possui relação com a ascensão do partido político de extrema direita “Chega”, liderado pelo deputado André Ventura. A ideia é ter maior controle de quem acessa o país, visando garantir maior segurança para quem já reside em território português.“O que acontece é que há um tempo as regras para imigração estão ficando mais rigorosas, principalmente por conta de um partido denominado Chega. Nas últimas eleições, o presidente do partido não levou, mas eles ganharam algumas cadeiras em outras posições e estão com mais força”, explicou a baiana.ZucasChamados pelos portugueses de “zucas” — uma corruptela para “brazucas” —, os brasileiros estão presentes no dia a dia das maiores cidades portuguesas, como Lisboa e Porto, locais onde é possível encontrar até acarajé, abará, moquecas e escondidinhos, vendidos por baianos instalados em Portugal.Mesmo em cidades menores, como Setúbal, é possível encontrar açaí, coxinha e o Guaraná Antártica em diversas lanchonetes da região central. Nesses espaços, o sotaque brasileiro sobressai e suplanta o falar característico dos “tugas” — corruptela para “portugas”, portugueses.Ao entrar em um supermercado português, é possível encontrar nas prateleiras o famoso pão de sal, conhecido por lá como “pão brasileiro”. Também ganha nome diferente em Portugal a linguiça toscana, fundamental em qualquer churrasco: por lá, é “linguiça brasileira”.O vocabulário português também já está sofrendo influência brasileira. Os jovens portugueses, que antes falavam “relva”, agora preferem usar “grama”. Os “autocarros” viraram “ônibus” e os “frigoríficos” tornaram-se “geladeiras”.Toda essa mudança influenciada pela presença dos brasileiros no dia a dia tem incomodado os portugueses tradicionalistas, que protestam contra a colonização cultural de Portugal por parte do Brasil.