
Profissional foi demitida após causar uma luxação na mão esquerda do menino. Caso aconteceu em uma unidade de ensino de Guarujá (SP). Menino de três anos ficou ferido após ter a mão puxada pela professora da creche, em Guarujá (SP)
Arquivo pessoal
O menino de três anos que foi agredido por uma professora dentro de uma creche em Guarujá, no litoral de São Paulo, está com medo de voltar às aulas. Conforme apurado pelo g1, a funcionária em questão foi demitida após causar uma luxação [deslocamento do osso] na mão esquerda do aluno.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp
O caso aconteceu no Núcleo de Educação Infantil Conveniado (Neic) Espírita Cristã Maria de Nazaré, localizado no bairro Vila Baiana. A diarista Janilma Ferreira da Silva, de 47 anos, é avó materna do menino e contou à equipe de reportagem que as imagens das câmeras de monitoramento da unidade de ensino mostraram a professora agredindo o aluno após ele jogar um brinquedo no chão.
De acordo com Janilma, o menino ficou traumatizado após a agressão e não quis mais ir para a creche. Segundo ela, o menor pediu desculpas constantemente para a família e também pediu para que alguém ficasse ao lado dele o tempo todo.
“Não quer saber de escola. Outro dia, ele viu o amiguinho indo para escola e falou: ‘Não vai para escola, a tia vai machucar seu braço'”, contou a diarista. “Estamos vivendo esse pesadelo, infelizmente”, lamentou ela.
Diante da situação, a avó contou que a creche está dando assistência psicológica para o aluno e para a família. Ela disse que foi a própria unidade de ensino que procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência, mas o delegado só aceitou a denúncia feita pela mãe do menino na segunda-feira (2).
“Eu só quero que [o caso] realmente seja investigado e que ela [professora] responda por isso. Eu sei que todo mundo tem seu momento ruim, tem seu dia ruim, tem seu dia difícil, mas a criança não tem nada a ver com os nossos problemas de adultos”, destacou a avó.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado na Delegacia de Guarujá. De acordo com a pasta, foram expedidas guias de exame de corpo de delito [conjunto de vestígios materiais que demonstram a materialidade de um crime].
O caso
Caso aconteceu no Núcleo de Educação Infantil Conveniado (Neic) Espírita Cristã Maria de Nazaré, em Guarujá (SP)
Prefeitura de Guarujá/Divulgação
A avó contou que a família foi acionada para ir até a creche no último dia 28, pois o aluno estava reclamando de dor no braço. “Tomei um susto quando eu vi [o menino] porque [ele] veio gritando. O meu filho, de 25 anos, falou que já pegou ele na porta da creche gritando. Ela [professora] ainda perguntou para o meu filho se ele tinha machucado em casa”, disse Janilma.
Segundo a diarista, o menino foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada, medicado e liberado, mas continuou com fortes dores durante a noite. Por este motivo, a avó levou o neto à UPA da Rodoviária, onde o médico fez um exame de raio-x e constatou uma luxação na mão esquerda.
“Comecei a investigar porque eu vi que estava muito estranho e comecei a falar: ‘[Nome do neto], o que aconteceu na creche? Como você machucou o braço?’. Foi quando ele falou: ‘Vovó, a tia machucou o meu braço”, contou.
Agressão
Janilma e a filha foram conversar com a diretora da creche e mostrar o laudo médico no último dia 29. De acordo com ela, a mulher disse que voltaria a entrar em contato com a família após analisar as imagens das câmeras de monitoramento, o que aconteceu na sexta-feira (30).
Conforme a avó viu nas imagens e relatou ao g1, a professora estava organizando as crianças para devolvê-las aos pais, quando pegou um livro do colo do menino, que estava sentado no canto da sala. “[Ele] fez uma birrinha de criança de três anos, pegou um brinquedo e jogou no chão”, explicou.
Ainda de acordo com Janilma, a professora virou de frente para o aluno e fez um movimento brusco para pegá-lo pelo braço. “Ela ficou segundos com ele pendurado, vendo outra criança. Ela pegou o [menino] e saiu arrastando ele até o meio da sala, agora segurando na mão. Ali, ele já estava gritando, já sentiu dor ali. Ela ainda colocou ele no cantinho do pensamento, de castigo”, contou a avó.
Violência e abuso sexual infantil: saiba como denunciar
Confira abaixo o posicionamento da prefeitura na íntegra:
“A Prefeitura de Guarujá informa que a apuração do incidente está sendo conduzida de forma criteriosa pela Secretaria Municipal de Educação (Seduc) e seguindo todos os protocolos estabelecidos para garantir a transparência e a justa responsabilização dos envolvidos.
Já foram adotadas providências imediatas para proteger os direitos do aluno e garantir a segurança de todos os envolvidos. As imagens das câmeras de segurança da unidade foram analisadas e o caso foi registrado na delegacia sede de Guarujá, por orientação do Conselho Tutelar. A funcionária em questão não integra mais o corpo docente da unidade.
No que diz respeito à contratação de funcionários, a Seduc esclarece que tal responsabilidade cabe à entidade mantenedora da unidade, que é conveniada ao município.
Para evitar novos incidentes semelhantes, a Seduc está exigindo que a entidade mantenedora realize um processo de contratação mais criterioso, com foco em um treinamento contínuo e eficiente dos profissionais, além de exigir maior fiscalização sobre a checagem das imagens das câmeras de segurança, para garantir uma atuação preventiva e remediativa imediata sempre que necessário”.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos