
Boxistas relataram as dificuldades enfrentadas no local, principalmente, no período noturno. Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
Arquivo/g1
A falta de segurança no Shopping Popular “Ana Cardoso Maia de Oliveira Lima”, o tão conhecido Camelódromo, em Presidente Prudente (SP), é alvo de preocupação para os comerciantes que trabalham no local. O espaço, que foi reaberto em 1º de julho de 2023 e fica localizado na Praça da Bandeira, no Centro, conta com 240 boxes e, destes, 111 ainda estão desocupados.
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Segundo dados da Polícia Civil, entre os dias 14 e 18 de março de 2025, um Boletim de Ocorrência registrou furtos de 11 hidrômetros, duas mangueiras e seis grelhas dos ralos de drenagem de água pluvial, além de diversos danos em grades e estruturas, como em 18 conexões e tubulações de canos de PVC, que foram encontrados estourados.
No mesmo dia 14, os comerciantes do Camelódromo também entraram em contato com a equipe de reportagem da TV Fronteira e relataram o furto de fios elétricos, que causou transtornos nas vendas dos boxistas que dependiam do cabeamento.
Na ocorrência, a Prefeitura foi notificada e providenciou a reposição dos materiais, e uma equipe foi mobilizada para realizar a reinstalação, restabelecendo posteriormente o fornecimento de energia.
Furto de fiação do camelódromo causa transtornos em Presidente Prudente
De acordo com a boxista Maria dos Anjos Ferreira de Almeida, de 60 anos, que trabalha há 28 anos no local com armarinhos e microeletrônicos em geral, o último registro de furto que presenciou foi o dos fios, mas ressaltou ao g1 que, neste ano, já houve ocorrência de extintores e mercadorias furtados.
“Nós não temos um suporte da Prefeitura para termos uma segurança adequada. Pagamos um guarda com recursos próprios, porém, não é o suficiente pela quantidade de boxes, que são 240, o que fica ruim para somente uma pessoa cuidar”, ressaltou Maria dos Anjos.
“Chegamos [na segunda-feira] para trabalhar e as lâmpadas começaram a queimar, as máquinas estavam dando erro… Medi a energia e, onde era pra ter 127vac tinha 207vac. Chamamos a Energisa, que constatou o furto e ligou para a Prefeitura providenciar o reparo. Na terça-feira, continuávamos sem energia”, compartilhou a comerciante.
O boxista Clóvis Marques de Freitas, de 62 anos, que trabalha no reparo de eletrônicos, contou que, no dia do furto dos fios elétricos, as vendas e os serviços que ele realizava foram diretamente impactados.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
Arquivo/g1
Para o vendedor Amarildo José de Araújo, de 63 anos, os furtos acontecem devido à falta de segurança noturna no local e que se sente seguro apenas durante o dia.
“A segurança é feita por duas pessoas que são contratadas por nós [boxistas] para fazer a ronda, de segunda a segunda, mas não são treinadas para enfrentar bandidos. Por ser um patrimônio público, a Prefeitura deveria ser responsável pela segurança”, contou ele em entrevista ao g1.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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Araújo, que comercializa peças automotivas, óculos e objetos de utilidades diversas, contou que não presenciou o furto dos cabos do Camelódromo porque o crime ocorreu durante a madrugada, e ressaltou que, para manter o seu boxe seguro à noite, mantém o espaço bloqueado com cadeados e fechadura.
Freitas também contou ao g1 sobre a insegurança que sente no local quando o período da noite chega.
“Durante o expediente [das 8h às 18h], me sinto seguro. Os ‘nóias’ e moradores de rua chegam à noite para receberem alimentação, que algumas entidades religiosas/assistenciais proporcionam a eles aqui na praça… Aí alguns acabam ficando por aqui nas redondezas e acabam praticando furtos”, disse o vendedor ao g1.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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Local de trabalho seguro, um direito de todos
Ao g1, a Polícia Militar informou que reforçou o policiamento ostensivo e preventivo em toda a área central de Presidente Prudente, com atenção especial ao Camelódromo, buscando garantir maior segurança aos comerciantes, trabalhadores e frequentadores.
“O Camelódromo conta com patrulhamento diário, realizado por equipes de Radiopatrulhamento, Força Tática e Rocam [Rondas Ostensivas Motorizadas]. As viaturas são posicionadas estrategicamente em pontos críticos, com rondas constantes durante todo o dia e em horários de maior fluxo”, disse a PM.
Segundo o advogado Luã Carlos Souza de Oliveira, de 33 anos, a legislação brasileira garante ao trabalhador o direito de um ambiente de trabalho seguro e saudável.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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“A Constituição Federal diz que é dever do empregador reduzir os riscos no trabalho, oferecendo condições adequadas para preservar a saúde e a integridade dos funcionários. Já a Consolidação das Leis do Trabalho [CLT] detalha que, aquele que contrata deve tomar todas as medidas necessárias para garantir essa segurança, como fornecer equipamentos de proteção, treinar os trabalhadores e manter o local em boas condições”, exemplificou o advogado.
Oliveira detalhou ao g1 que, em casos de alegações sobre a segurança do Camelódromo, os trabalhadores locais podem fazer uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) ou, então, buscar auxílio do sindicato da sua categoria ou até da própria Prefeitura, que é a responsável pelo espaço público.
“Um local pode ser considerado perigoso quando oferece riscos à saúde ou à vida das pessoas. Isso pode incluir fios elétricos expostos, risco de incêndio, falta de saída de emergência, estrutura precária, desorganização dos espaços ou mesmo a presença de violência. Se essas situações não forem resolvidas, o local é considerado inseguro tanto para quem trabalha quanto para quem frequenta”, salientou ao g1.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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Ainda, o advogado compartilhou durante a entrevista que a falta de segurança de um local afeta, além dos trabalhadores, os próprios consumidores.
“Quando o local é inseguro, os consumidores também podem ser diretamente afetados, pois as más condições de segurança, como fiação exposta, pisos escorregadios ou ausência de rotas e sinalizações de fuga, podem causar acidentes, como choques elétricos, quedas e, em situações mais graves, tumultos em caso de incêndio ou emergência”, contou ao g1.
“Além disso, a insegurança afasta o público, prejudica as vendas e a confiança no espaço, razão pela qual garantir um Camelódromo seguro é bom para todos, aos trabalhadores, lojistas e clientes”, finalizou o advogado.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
Cedida
À espera de providências
Ao g1, os comerciantes compartilharam que esperam providências da Prefeitura em relação à segurança do Shopping Popular e que medidas eficazes precisam ser adotadas.
“A questão de segurança é um problema nacional, com leis falhas e recursos limitados ou mal direcionados. No Camelódromo, sugerimos a implantação de uma base da PM aqui, o que ajudaria a coibir tanto atos de furtos e/ou vandalismos como também o tráfico de drogas”.
“Esperamos que a Prefeitura ceda um guarda somente para o Camelódromo e libere a autorização para nós, vendedores, reforçarmos a segurança das portas dos boxes, como, por exemplo, colocar grades”.
“A medida que se espera é que a Prefeitura coloque vigias noturnos. É mais à noite, mesmo, quando os boxes ficam todos fechados e as pessoas mal intencionadas ficam rondando por aqui”.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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Diante da situação, a Polícia Militar também orienta os comerciantes para que seja feito o reforço da vigilância, com a instalação de sistemas de câmeras de segurança, e o suplemento da iluminação interna e externa de seus estabelecimentos.
Além disso, a PM ressalta a importância de manter constante a comunicação entre os próprios comerciantes, criando redes de proteção comunitária e o registro imediato de qualquer atividade suspeita.
Camelódromo de Presidente Prudente (SP)
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Outro lado
O g1 solicitou um posicionamento oficial sobre o assunto à Prefeitura de Presidente Prudente e a resposta enviada à reportagem segue abaixo na íntegra:
“Infelizmente, temos enfrentado furtos praticados, em sua maioria, por algumas pessoas em situação de ruas que visam revender o material subtraído. Essa realidade não é exclusiva do Camelódromo, mas ocorre em diferentes pontos da cidade e em outras cidades do país.
A Prefeitura tem ciência da situação e trabalha em conjunto com as forças de segurança para minimizar esse tipo de ação.
A segurança no Camelódromo é dividida de acordo com a legislação vigente. O Decreto Municipal nº 34.265/2023 estabelece que a Prefeitura é responsável pela proteção do patrimônio público de uso comum. Já a segurança dos boxes, por se tratarem de espaços locados individualmente, é de responsabilidade dos próprios comerciantes.
Ainda assim, a Prefeitura vem buscando alternativas para reforçar o monitoramento e colaborar com os locatários, como por exemplo a parceria firmada entre a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) e a Prefeitura de Presidente Prudente, com o Centro de Emergência Multiagências.
Os furtos ocorrem no local desde quando estava em obras. Atualmente a Prefeitura tem monitorado a situação e atua prontamente sempre que há registro de ocorrências, como foi o caso recente”.
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