A pergunta parece simples: “Qual carro eu consigo comprar ganhando R$ 5 mil, R$ 10 mil por mês?” Mas a resposta exige muito mais do que olhar apenas para sua renda. Avaliar se vale a pena comprar um carro envolve considerar seu estilo de vida, rotina de transporte, despesas mensais, e até seu nível de apego emocional ao veículo.
Neste guia, você vai aprender a fazer uma análise realista, financeira e até comportamental para decidir se deve ou não comprar um carro — e qual o tipo ideal para o seu perfil.
A lógica errada de usar só a renda como critério
É comum encontrar fórmulas na internet sugerindo que você deve gastar até 10% do seu patrimônio com um carro. Mas essa lógica nem sempre faz sentido.
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Exemplo extremo: Alguém com patrimônio de R$ 10 milhões deveria, por essa conta, ter um carro de R$ 1 milhão?
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E quem ainda está construindo patrimônio e precisa do carro para trabalhar? Essa pessoa não teria “direito” a um carro?
Na prática, um veículo precisa ser avaliado com base no seu uso, nos custos substituídos e no impacto no seu orçamento.
O ponto de partida: quanto você gasta com transporte hoje?
Antes de tudo, levante seus gastos mensais com transporte:
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Uber, táxi, ônibus, metrô, van escolar, aplicativos.
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Repetição de rotas (como levar filhos à escola, trabalho, supermercado).
Por exemplo, uma família que gasta R$ 2.000 mensais com transporte pode reduzir esse custo com um veículo financiado cuja parcela fique em torno de R$ 600 a R$ 800, mais os custos de manutenção e seguro.
Vale a pena financiar um carro?
Financiamentos são geralmente malvistos em planejamento financeiro. Mas quando se trata de transporte, podem fazer sentido em contextos específicos.
Compare o custo total mensal:
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Financiamento + manutenção + IPVA + seguro + combustível
vs. -
Uber, transporte escolar, tempo gasto, conveniência
Em muitos casos, especialmente para famílias ou quem mora em cidades com transporte ruim, ter um carro pode significar economia — mesmo com juros do financiamento.
Como simular a compra de um carro sem se endividar à toa
Faça um teste de resistência financeira:
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Calcule todos os custos mensais com o carro desejado (veja abaixo).
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Subtraia esse valor do seu orçamento por 3 a 6 meses antes de comprar o carro.
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Veja se você consegue manter sua qualidade de vida.
Exemplo prático de simulação com carro de R$ 40.000:
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IPVA: R$ 1.600 (4%)
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Seguro: R$ 2.000 a R$ 3.500 (5% a 9%)
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Manutenção anual: R$ 1.200 (3%)
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Combustível: R$ 500 a R$ 800/mês
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Financiamento: R$ 800/mês (entrada de R$ 10.000)
Total estimado mensal: entre R$ 1.500 e R$ 2.200
Se esse valor for menor do que seus gastos atuais com transporte, o carro pode compensar.
Avalie também o fator “tempo de vida”
Tempo é dinheiro — e qualidade de vida.
Se você gasta 2 horas por dia no transporte público ou esperando carros de aplicativo, talvez um carro traga mais do que economia: ele devolve tempo e liberdade.
Se mudar para mais perto do trabalho é impossível, um carro pode ser uma solução de mobilidade eficaz.
Mas e se for só um sonho? Pode comprar?
Nem toda decisão precisa ser racional. Se você já poupa 25% da renda, tem uma reserva de emergência e vive com tranquilidade financeira, realizar um desejo pode sim ser justificável.
Quer um carro mais caro porque ele representa algo importante para você? Faça a conta do custo de oportunidade:
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Um carro de R$ 150 mil, investido a 8% ao ano por 20 anos, viraria mais de R$ 700 mil.
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Se ainda assim ele “valer a pena” para você emocionalmente, vá em frente — com planejamento.
O melhor carro é o que cabe na sua vida — não só no seu bolso
Comprar um carro com base no salário é um erro comum. O ideal é olhar para o contexto completo:
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Qual sua necessidade real de mobilidade?
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Quanto você já gasta com transporte?
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Quanto custará manter esse veículo ao longo dos anos?
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Você está abrindo mão de investimentos ou experiências futuras?
Se a resposta for coerente com seu planejamento de vida, então o carro — seja ele um modelo simples ou um esportivo — pode ser uma boa escolha.
O post Quanto do seu salário você deve gastar com um carro? Veja como tomar a decisão certa apareceu primeiro em O Petróleo.