Com uma queda acumulada de 25% nos últimos 30 dias, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) despertaram dúvidas e preocupações entre investidores, sobretudo os iniciantes. A cotação atual na casa dos R$ 22 reacendeu debates sobre valuation, projeções de lucro, fluxo de dividendos e o real risco de investir na estatal diante de um cenário de incerteza no setor bancário e no agronegócio.
Apesar da forte desvalorização, analistas como os do Banco Safra seguem confiantes na solidez da instituição e mantêm a ação na carteira recomendada de dividendos para junho de 2025.
Panorama: queda expressiva e perda de valor de mercado
Em meio à queda de R$ 40 bilhões em valor de mercado, o BBAS3 chegou a ser ultrapassado pelo Bradesco em capitalização. Com essa reversão histórica, muitos investidores começaram a questionar a sustentabilidade da posição do Banco do Brasil como uma das ações mais resilientes da Bolsa brasileira.
Ao mesmo tempo, é importante destacar a dimensão da instituição: são mais de 5,7 bilhões de ações emitidas, com 50% detidas pela União, e cerca de 1,5 milhão de acionistas, dos quais 99% são pessoas físicas. Trata-se de uma das companhias mais antigas listadas na B3, com 216 anos de história e um ecossistema bancário robusto.
Revisão de lucro e projeções pessimistas: o que esperar?
O que mais preocupa o mercado neste momento é a possível revisão para baixo no lucro líquido projetado para 2025. Anteriormente, o guidance indicava um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões. No entanto, diante das dificuldades enfrentadas pelo agronegócio — especialmente com empresas em recuperação judicial —, o cenário passou a exigir cautela.
Algumas simulações já projetam lucros na faixa de R$ 30 bilhões, e em cenários mais negativos, até R$ 28 bilhões. Ainda assim, mesmo com esse número reduzido, a distribuição de dividendos se mantém atrativa.
Dividendos continuam robustos mesmo no pior cenário
Segundo estimativas do Banco Safra, o Banco do Brasil pode pagar até R$ 2,51 por ação em dividendos em 2025, o que corresponde a um dividend yield de 11,3% na cotação atual. Já em projeções mais conservadoras, como a de 30 bilhões de lucro e payout de 40%, o dividend yield seria de 9% com pagamento estimado de R$ 2,90 por ação.
Num cenário catastrófico com apenas R$ 28 bilhões de lucro, o pagamento cairia para R$ 1,96 por ação, mantendo ainda um yield acima de 8%, o que supera grande parte da renda fixa disponível hoje.
BBAS3: preço teto, margem de segurança e fluxo de pagamentos
De acordo com os analistas do Safra, o preço teto estimado para 2025 é de R$ 25,50, o que oferece uma margem de segurança de 14% sobre a cotação atual. A constância na distribuição de proventos também chama atenção: o banco costuma pagar dividendos de 7 a 8 vezes ao ano, um comportamento raro entre ações do setor financeiro e comparável ao fluxo de fundos imobiliários.
O histórico de crescimento de lucro também contribui para a visão positiva. Em 2017, o banco lucrou cerca de R$ 10 bilhões. Já em 2023, ultrapassou R$ 33 bilhões, mesmo em um ambiente econômico desafiador.
O papel ainda é confiável?
A despeito da volatilidade e do sentimento negativo do mercado, o Banco do Brasil continua sendo um ativo com fundamentos sólidos, ampla base de acionistas, presença nacional e previsibilidade na geração de caixa. A projeção de um ROI de 20% até o fim de 2025 ainda está no radar de diversos analistas.
A queda atual pode representar uma oportunidade de entrada com bom potencial de retorno, especialmente para quem busca renda passiva via dividendos. Contudo, é essencial acompanhar de perto os próximos fatos relevantes, revisões de guidance e a performance do setor agropecuário, que ainda pesa sobre os resultados do banco.
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