
Nesta semana, foi sancionada lei que prevê a erradicação e substituição das árvores da espécie na cidade. A nova legislação estabelece multa de R$ 1000 para quem descumpri-la. Especialistas explicam que a planta exótica tem a capacidade de ‘sufocar’ a biodiversidade da flora nativa A árvore invasora vai ser erradicada de Campo Grande
A leucena (Leucaena leucocephala), uma planta de aparência inofensiva e de história controversa, representa uma séria ameaça ao meio ambiente de Campo Grande. A espécie exótica, introduzida no ecossistema nativo por ação humana, será erradicada da cidade. Veja o vídeo acima.
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Nessa quarta-feira (4), a lei municipal nº 7.418 foi sancionada pela prefeita Adriane Lopes (PP), tornando a eliminação e substituição dessas árvores uma obrigação em Campo Grande. Este novo marco é tido por especialistas como um passo importante para proteger a biodiversidade local.
❓🐂Como a árvore chegou no Brasil? – O especialista em ecologia e em árvores Milton Longo, explica que a planta chegou ao Brasil na década de 1970. Nativa do México, a espécie foi introduzida em Mato Grosso do Sul e outros estados como uma alternativa para alimentar o gado.
🌱🌿 Planta invasora e cultivo fora do controle – No entanto, o cultivo da leucena saiu do controle devido à capacidade de se espalhar rapidamente e dominar o ambiente, sufocando espécies de plantas nativas.
Planta é agressiva ao ecossistema, diz especialista
A planta chegou ao Brasil na década de 1970, vinda do México
Reprodução
Longo explica que a leucena é agressiva ao ecossistema nativo. A árvore libera um composto químico, a mimosina, que inibe a germinação e impede o crescimento de outras espécies ao redor. Na prática, a leucena sufoca a vegetação nativa.
“Ela é muito agressiva, tem um crescimento muito rápido e se espalhou por todos os fundos de vale aqui em Campo Grande — fundos de vale, beiras de rodovias, ruas — porque cresce rápido, domina o ambiente e forma essas florestas únicas, mono-dominantes, compostas por uma única espécie.”
A pesquisadora Gisseli Giraldelli, bióloga e diretora da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, estuda a leucena há 15 anos e reforça que o crescimento descontrolado pode trazer riscos à saúde de todo o ecossistema.
“Uma área que sofre a invasão das leucenas perde toda a biodiversidade e vira aquilo que a gente chama de deserto verde. Aparentemente você olha, fala ‘tá lindo, né, tá verdinho, tem uma mata ali’, e quando você chega lá é toda de uma espécie só. Então ela ameaça a fauna e a flora como um todo”, afirma.
Giraldelli também destaca o impacto na saúde humana, já que a perda de biodiversidade em ambientes urbanos favorece o surgimento de doenças relacionadas ao desequilíbrio ecológico, afetando tanto a saúde quanto a economia.
Lei para erradicação aprovada
Foi sancionada a lei que prevê a erradicação e substituição das árvores da espécie na cidade. A nova legislação proíbe o plantio, comércio, transporte e produção da planta, e estabelece multa de R$ 1000 para quem descumpri-la.
Além da multa, a nova legislação prevê um plano de mapeamento das áreas onde a espécie invasora está presente. As árvores serão mapeadas e substituídas por árvores dos ecossistemas nativos, a fim de minimizar os impactos sobre a biodiversidade local.
O plano visa sensibilizar e engajar a comunidade na preservação ambiental. Para isso, promove a educação ambiental focada na conservação das espécies nativas e na conscientização sobre os riscos das espécies exóticas invasoras.
Processo de erradicação é difícil
Para os biólogos, a solução está no controle da planta por meio de manejo e monitoramento adequados. O biólogo Milton Longo complementa que erradicar e extinguir a leucena ainda é muito difícil, devido à alta viabilidade de suas sementes por muitos anos e à capacidade de rebrota imediata da planta.
O manejo adequado inclui a remoção da leucena e a substituição por uma espécie nativa de crescimento rápido, a fim de promover sombreamento e inibir seu desenvolvimento, além da retirada da camada superficial do solo onde estão as sementes, que podem permanecer viáveis por até cinco anos ou mais.
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