O dólar fechou cotado a R$ 5,63 após cair 0,65% na última sessão, consolidando um patamar mais baixo em comparação aos meses anteriores. A valorização do real, no entanto, não é fruto de um fluxo robusto de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, como muitos poderiam imaginar. Segundo o especialista em câmbio Alexandre Cabral, trata-se de um movimento concentrado na renda fixa, somado à desvalorização global da moeda americana.
Conforme dados do Banco Central, o ingresso de capital estrangeiro na B3 foi de apenas US$ 43 milhões em abril. Em contraste, houve forte entrada de recursos para investimentos em títulos públicos e debêntures, o que contribuiu para a apreciação do real frente ao dólar.
“A valorização do real nas últimas semanas foi pouco reflexo da bolsa e muito mais do fluxo estrangeiro em renda fixa”, destacou Cabral.
Dólar perde força globalmente, mas cenário interno pesa
Além do apetite por títulos de renda fixa brasileira, a moeda americana vem se enfraquecendo no cenário internacional. Desde janeiro, o dólar acumulou queda de aproximadamente 6%. Essa tendência também contribui para o fortalecimento do real.
Contudo, Cabral adverte que a projeção de grandes bancos, como Morgan Stanley, de dólar abaixo de R$ 5 nos próximos meses, está superestimando a resiliência da economia brasileira. Para ele, a instabilidade política e fiscal continua sendo um fator limitante.
“Não consigo ver argumentos que sustentem o dólar a R$ 5. Presidente impopular em busca de reeleição tende a cometer medidas populistas que assustam o investidor”, afirmou.
Brasília em silêncio ajuda temporariamente
Outro ponto mencionado por Cabral foi o “silêncio de Brasília” nos dias que antecederam a crise envolvendo o IOF. A ausência de ruídos políticos ajudou a estabilizar o câmbio temporariamente, mas o cenário ainda inspira cautela. A recente coletiva do ministro Fernando Haddad, que terminou com o anúncio de uma nova reunião, não trouxe definições claras e mantém o mercado em compasso de espera.
Monitoramento semanal ajuda a entender o câmbio
Para quem acompanha o mercado cambial, Cabral recomenda observar dois indicadores-chave semanalmente:
-
Fluxo cambial (divulgado toda quarta-feira às 14h30 pelo Banco Central)
-
Leilão de NTNF (realizado às quintas-feiras por volta das 11h40)
Esses dados ajudam a entender o comportamento dos investidores estrangeiros e suas preferências entre renda fixa e bolsa.
O post Fraqueza do dólar e juros altos impulsionam o real, mas especialista descarta cotação abaixo de R$ 5 apareceu primeiro em O Petróleo.