Azia, constipação e refluxo são comuns, mas podem indicar desequilíbrios. Veja hábitos, alimentos e quando procurar um médico para cuidar do intestino. Crédito: Divulgação
Azia, refluxo, constipação e gases estão entre os problemas digestivos mais relatados por brasileiros nos consultórios médicos. Segundo dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia, distúrbios no sistema digestivo afetam cerca de 30% da população.
Esses sintomas, embora muitas vezes tratados como desconfortos pontuais, podem sinalizar desequilíbrios no trato gastrointestinal que, se ignorados, comprometem a qualidade de vida.
A boa notícia é que, com mudanças simples na alimentação, no estilo de vida e o uso correto de alguns recursos, é possível aliviar esses incômodos e melhorar a saúde digestiva no dia a dia.
Por que a saúde digestiva é tão importante para o corpo?
O sistema digestivo, além de digerir alimentos, é responsável por absorver nutrientes, eliminar toxinas e manter o equilíbrio da microbiota intestinal.
Além disso, o intestino abriga cerca de 70% das células de defesa do organismo, o que reforça a ligação direta entre digestão e imunidade.
Quando esse equilíbrio se rompe, seja por alimentação inadequada, estresse ou uso excessivo de medicamentos, os reflexos aparecem em todo o corpo: fadiga, queda na imunidade, alterações de humor e até problemas de pele podem estar ligados a uma má saúde intestinal.
Principais causas dos problemas digestivos
Uma série de hábitos do dia a dia pode afetar diretamente o bom funcionamento do sistema digestivo.
Entre os principais vilões estão:
Alimentação desequilibrada: dietas ricas em gorduras, ultraprocessados e pobres em fibras tornam a digestão mais lenta e pesada, favorecendo quadros como azia, constipação e refluxo;
Baixa ingestão de líquidos: a falta de hidratação dificulta o trânsito intestinal e pode agravar episódios de prisão de ventre;
Sedentarismo: a falta de atividade física reduz os movimentos naturais do intestino, conhecidos como peristaltismo, que ajudam a eliminar os resíduos do organismo;
Estresse crônico: emoções intensas e constantes ativam o sistema nervoso central e podem desregular o funcionamento intestinal, favorecendo sintomas como dor, distensão abdominal e diarreia;
Uso excessivo de laxantes: quando usados sem orientação médica, esses medicamentos podem causar dependência e atrapalhar o funcionamento natural do intestino.
Além disso, algumas condições clínicas como síndrome do intestino irritável, intolerância à lactose e doença celíaca também provocam sintomas digestivos recorrentes.
Nesses casos, é necessário buscar orientação médica para o diagnóstico correto e o tratamento adequado.
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Dicas de hábitos diários que melhoram a digestão
Apesar dos desconfortos digestivos serem comuns, não devem ser ignorados: eles podem sinalizar desequilíbrios que comprometem a absorção de nutrientes, a imunidade e até o humor.
Para prevenir esses sintomas, especialistas recomendam uma combinação de alimentação equilibrada, hidratação adequada, movimento corporal e controle do estresse. A seguir, veja práticas cotidianas que podem melhorar a sua saúde digestiva:
Mastigue bem os alimentos: a digestão começa na boca. Comer com calma ajuda o estômago a trabalhar melhor e evita desconfortos como gases e sensação de peso;
Estabeleça horários regulares para as refeições: manter uma rotina alimentar ajuda a regular o ritmo do intestino;
Inclua atividades físicas na rotina: exercícios como caminhada e alongamento estimulam a motilidade intestinal;
Controle o estresse: o sistema digestivo é sensível a emoções. Diante desse problema, técnicas de respiração, pausas no trabalho e até terapia podem ajudar a reduzir sintomas como refluxo e diarreia emocional.
Evite álcool e cigarro: o consumo frequente dessas substâncias irritam o trato gastrointestinal e favorece quadros inflamatórios;
Outra dica é começar o dia com um copo de água em jejum e, no café da manhã, incluir fibras como aveia, frutas com casca e sementes, para manter o intestino ativo logo nas primeiras horas do dia.
Alimentos que favorecem o funcionamento do sistema digestivo
A escolha dos alimentos impacta diretamente a saúde digestiva, isso porque uma dieta rica em fibras, líquidos e probióticos é essencial para manter o bom funcionamento intestinal e prevenir problemas como prisão de ventre, inchaço e gases.
Veja alguns exemplos recomendados por especialistas:
Frutas com casca, como maçã, pera e mamão: ricas em fibras insolúveis e auxiliam na formação do bolo fecal e na eliminação de resíduos;
Aveia: contém fibras solúveis, como a betaglucana, que ajudam a regular o trânsito intestinal e contribuem para a saúde cardiovascular;
Vegetais variados, como brócolis, cenoura e couve: oferecem fibras e micronutrientes que favorecem o equilíbrio da microbiota intestinal;
Iogurte natural e kefir: fontes de probióticos, contribuem para a diversidade de bactérias benéficas no intestino;
Gengibre: tem propriedades anti-inflamatórias e pode aliviar sintomas como náuseas e desconforto após as refeições;
Chás de hortelã e camomila: recomendados por seus efeitos calmantes e por ajudarem a reduzir cólicas e gases.
A Anvisa também destaca a importância da hidratação para o bom funcionamento do intestino, pois a água facilita a ação das fibras e evita o ressecamento das fezes.
Produtos que ajudam no cuidado com a saúde digestiva
Além da alimentação equilibrada e da prática de hábitos saudáveis, alguns produtos podem contribuir para o bom funcionamento do sistema gastrointestinal.
Contudo, o uso deve ser sempre orientado por um profissional de saúde, especialmente em casos de sintomas persistentes.
A seguir, confira quais são eles:
Probióticos, como bifidobactérias e lactobacilos, equilibram a microbiota intestinal e ajudam a restaurar a flora em casos de desequilíbrio;
Enzimas digestivas, como amilase e lipase, favorecem a quebra de nutrientes e melhoram a absorção de alimentos;
Antiácidos contendo hidróxido de alumínio ou magnésio aliviam sintomas imediatos de azia e refluxo ácido;
Laxantes suaves, como os à base de lactulose, promovem o alívio da constipação sem agredir o intestino;
Reguladores intestinais com fibras solúveis e insolúveis ajudam a normalizar o trânsito intestinal;
Em casos de diarreia aguda, medicamentos à base de loperamida podem reduzir a frequência das evacuações e aliviar cólicas.
Em todos os casos, é essencial observar a frequência, a intensidade dos sintomas, e sempre procurar um médico para avaliar a causa da diarreia antes de iniciar qualquer tratamento.
O uso de medicamentos, como o loperamida, por exemplo, pode aliviar os sintomas, mas não deve ser feito sem orientação profissional, já que pode mascarar problemas mais sérios, como intolerâncias alimentares, infecções ou até mesmo doenças inflamatórias do intestino.
A importância de sempre procurar orientação médica
Embora mudanças no estilo de vida e o uso de produtos específicos possam aliviar sintomas digestivos, é importante buscar orientação médica em casos de desconforto persistente.
Somente um profissional de saúde pode investigar as causas do problema, indicar exames e orientar o tratamento correto. Evitar a automedicação é uma forma de se proteger e cuidar da saúde de verdade.
Farmacêutica responsável
Eliane Messias Rodrigues – CRF ativo: CRF/SP 43.895
