Em um dia marcado pela queda global do dólar e expectativa com o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o Ibovespa encerrou em queda, mesmo diante do otimismo externo. A moeda americana fechou abaixo dos R$ 5,60, movimento puxado pela indicação de pausa no corte de juros na Europa e esperanças de reaproximação entre China e EUA. Apesar disso, o índice da bolsa brasileira recuou, pressionado por ações de bancos e da empresa de saúde AP Vida.
Dólar recua no mundo e fecha abaixo de R$ 5,60
O principal destaque do mercado de câmbio nesta quinta-feira (5) foi a desvalorização do dólar frente a diversas moedas emergentes e desenvolvidas. No Brasil, a cotação caiu para menos de R$ 5,60, acompanhando o movimento global de alívio nas tensões monetárias.
O recuo foi impulsionado pela sinalização do Banco Central Europeu de que deve interromper, ao menos temporariamente, seu ciclo de cortes de juros. A decisão reforça a percepção de cautela nos mercados desenvolvidos e influencia a expectativa de comportamento semelhante por parte do Federal Reserve, banco central dos EUA.
Além disso, declarações do ex-presidente americano Donald Trump sobre estar disposto a se reunir com o líder chinês Xi Jinping foram bem recebidas, reacendendo esperanças de um acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Ibovespa fecha em queda, mesmo com dólar fraco
Embora a queda do dólar seja, em muitos momentos, positiva para o fluxo estrangeiro na bolsa brasileira, o Ibovespa não sustentou os ganhos e encerrou o pregão com retração superior a 0%, aos 136.200 pontos.
As ações de bancos, como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, exerceram forte pressão negativa, acompanhadas pelos papéis da AP Vida, que sofreu com temores relacionados ao setor de saúde suplementar.
No exterior, o mercado global operava de lado à espera do payroll, o relatório oficial de empregos dos EUA, previsto para esta sexta-feira (6). O dado é decisivo para balizar a política de juros do Fed, em meio a sinais mistos da economia americana.
O que esperar do payroll?
Os analistas estão divididos. Caso os números venham fortes ou em linha com o consenso, o mercado deve reagir positivamente. No entanto, se o relatório indicar uma desaceleração mais intensa no emprego, crescem as apostas de cortes antecipados nos juros americanos. Por outro lado, um dado muito fraco pode acender o alerta de uma possível recessão nos EUA.
Suzano surpreende com fusão global e lidera alta da bolsa
Em meio ao dia de aversão ao risco, a Suzano (SUZB3) se destacou ao anunciar uma operação bilionária com a americana Kimberly-Clark, envolvendo 22 fábricas de papéis sanitários distribuídas por 14 países.
A gigante brasileira do setor de papel e celulose vai investir US$ 1,7 bilhão para adquirir 51% de participação na nova empresa, que nasce como a oitava maior produtora de papel tissue do mundo.
A capacidade de produção da companhia será de cerca de 1 milhão de toneladas por ano, com presença em países da América do Sul, América Central, Europa, África, Oriente Médio e Ásia.
Com a notícia, as ações da Suzano saltaram 6,32%, liderando os ganhos do dia no Ibovespa e compensando, em parte, o desempenho negativo do índice.
Riscos fiscais e incerteza sobre a Selic pressionam mercado
Enquanto no exterior o clima era de expectativa com dados econômicos, no Brasil o foco recaiu sobre o cenário fiscal e o futuro da taxa Selic. O mercado voltou a cogitar a possibilidade de a taxa básica de juros alcançar 15% ao ano, impulsionado pela preocupação com os rumos da política fiscal e a indefinição sobre o IOF.
A decisão sobre esse imposto será debatida no domingo (8), e a indefinição contribui para o clima de cautela entre os investidores.
Classificação de risco e nota do Brasil
Outro fator que chamou a atenção do mercado foi a confirmação da agência de classificação de risco S&P Global, que manteve a nota de crédito do Brasil em BB, com perspectiva estável. Segundo a agência, os déficits fiscais elevados tendem a aumentar a dívida do governo federal, mas o déficit em transações correntes pode recuar com a desaceleração da economia e o aperto monetário.
A decisão da S&P ocorre dias após a Moody’s também revisar a perspectiva brasileira, que passou de positiva para estável, reforçando o tom de prudência diante dos riscos fiscais.
Apesar do alívio no câmbio e da recuperação pontual de ações como Suzano, o mercado brasileiro segue pressionado por incertezas fiscais e expectativas com os dados do mercado de trabalho dos EUA. O desfecho da novela do IOF e a reação ao payroll devem ditar o rumo dos ativos nos próximos dias.
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