Mulheres geram renda com recursos 100% da Caatinga

Neide Alves de Moraes, Maria e Margarida Alves: todas produtoras rurais, com mãos doces para o artesanato e a culinária, usando os recursos 100% da Caatinga. As histórias dessas três mulheres sertanejas se unem e formam um grande exemplo de cooperativismo e bioeconomia na cadeia produtiva agrícola de Euclides da Cunha e do Povoado de Raso, em Canudos.Neide e o seu marido João Carlos Júnior, começaram a empreender mais ou menos há 3 anos, através do Néctar da Caatinga, um projeto apícola que produz meis saborizados com produtos originários do bioma, como a caatinga de cheiro, alecrim e tantos outras plantas que trazem sabor e vida aos produtos.“O Néctar da Caatinga nasceu do amor pelo bioma. Nós trabalhamos em um projeto que acompanha as Araras-Azul-de-Lear. Nessas andanças às comunidades, nós vimos o que cada comunidade produzia com os descartes da natureza. Foi onde nasceu o desejo de uma mulher ajudar a outra e onde vimos que com o descarte da natureza nós também poderíamos usar para alimento, como as folhas do alecrim e a caatinga de cheiro para usar no tempero dos nossos produtos”, inicia a empreendedora.

Neide Alves, empreendedora

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Frutos da CaatingaCom a rede de cooperativismo entre mulheres sertanejas, Neide conheceu dona Maria e dona Margarida, a Pida. Produtoras rurais e artesãs, elas três iniciaram uma união através da bioeconomia, com a extração sustentável e consciente de recursos da Caatinga brasileira, como com o coco de licuri, o barbante feito da bromélia crauá e das frutas e produtos naturais do bioma.“Nas comunidades, tinham mulheres que também faziam trabalhos de tecer o fio do barbante feito com o crauá. Foi daí que imaginamos que nós também poderíamos enfeitar os nossos produtos com os recursos da natureza, com recursos da Caatinga, que não precisa agredir o meio ambiente”, continuou ela.

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Há cerca de 8km, Neide e o seu marido administram um apiário para o cuidado de abelhas e para a produção de mel. Através da meliponicultura, a família extrai o mel da abelha africanizada. Há todo um cuidado para que todo o processo de criação até a colheita do mel seja feito de forma sustentável. Exemplo é a adaptação com reservatório de água da chuva para as abelhas com golfos para que as abelhas não caiam na água e morram afogadas.“O golfo filtra a água, tira todas as sujeiras que caem no reservatório e ajuda a abelha a sair da água. Essa questão e tantas outras que estamos pensando, também pode nos ajudar a trazer um selo orgânico para podermos levar o sabor 100% natural aos nossos produtos”, continua ela.Mulheres que ajudam mulheresMaria Alves da Silva e Margarida Alves moram a 50 km de distância de Neide, no Povoado de Raso, em Canudos. Em uma região simples, com rebanhos de bovinos, ovinos e caprinos, elas também geram renda com a produção do artesanato.Através do crauá, uma espécie de bromélia nativa da caatinga brasileira, é extraído e produzido um barbante que é usado pelas mulheres do Povoado do Raso para a preparação dos produtos de dona Maria e Neide.É dona Margarida que vai até o roçado para tirar o crauá. Ela corta os espinhos que envolvem a planta, e tira toda a polpa da planta, que aos poucos vai exibindo as fibras, que ao secar viram linhas soltas que formarão o barbante.“Eu faço o barbante tecendo as redes a partir das fibras já secas e vou emendando uma por uma. Quando está pronta, dou para Maria, Neide e outras mulheres, que colocam o barbante em seus produtos. É um trabalho que vai gerar renda para outras mulheres”, diz a artesã.

Dona Margarida é artesã e mora no Povoado de Raso

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Dona Maria vive há 30 anos no Povoado de Raso. Sempre trabalhou como agricultora e produtora rural. Além da criação de bovinos, ovinos e caprinos, a artesã também aproveita os recursos naturais da Caatinga para dar um novo ar aos seus doces, licores e geleias.A artesã também traz um sabor diferente para os seus produtos. Um dos mais pedidos, o licor de maracujá da caatinga chama a atenção pelo seu sabor mais doce e cítrico. Mas além disso, o carisma que ela traz nas embalagens revive a força do bioma.“Trabalho na roça, e depois comecei a trabalhar fazendo geleias de umbu e de maracujá da caatinga, licores de vários sabores, doces e de tudo a gente faz um pouco. Os coquinhos de licuri a gente pega na roça onde tem a palmeira. A arara-azul-de-lear corta os coquinhos ainda verde. Depois de seco, a gente pega e coloca nas nossas embalagens junto com as cordinhas do crauá. Fica a coisa mais linda”, completa dona Maria.

Dona Maria Alves, artesã e produtora rural

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