Enxaqueca: o que realmente trata, o que não funciona e o que pode até piorar as dores de cabeça

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A enxaqueca é uma condição neurológica crônica que afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se da segunda maior causa de anos vividos com incapacidade. Quem sofre com esse problema sabe o quanto ele é debilitante: dor intensa, náuseas, sensibilidade à luz e ao som, além de prejuízos na memória, sono e atenção.

Para ajudar a entender de forma clara o que realmente funciona no tratamento, o neurologista Dr. Tiago de Paula, especialista em Cefaleia, reuniu os principais métodos e separou o que trata, o que não trata, o que ajuda e o que piora a enxaqueca. Acompanhe:

Analgésicos comuns não tratam

Medicamentos como dipirona, paracetamol e ibuprofeno, bem como os da classe dos triptanos, aliviam momentaneamente a dor, mas não atuam sobre a causa. Além disso, o uso frequente pode levar à cefaleia por uso excessivo de medicação, criando um ciclo de dependência e agravamento do quadro.

Toxina botulínica e remédios preventivos funcionam

A toxina botulínica, aplicada em pontos específicos, reduz a sensibilidade cerebral à dor. Da mesma forma, medicamentos como betabloqueadores, anticonvulsivantes e anticorpos monoclonais anti-CGRP têm eficácia comprovada na prevenção das crises. Para casos graves, a combinação de tratamentos costuma ser mais eficiente.

Cafeína e chocolate devem ser evitados

Embora pareçam ajudar em um primeiro momento, café, chás estimulantes e chocolate podem agravar o quadro, principalmente por seu efeito rebote. A recomendação é limitar o consumo, principalmente em quem tem crises frequentes.

Acupuntura e massagem não são eficazes

Apesar da popularidade, esses métodos não contam com respaldo científico sólido para tratar enxaqueca. Em alguns casos, a massagem pode até servir de gatilho para novas dores.

Terapias complementares ajudam no controle

A fisioterapia e o RPG são indicados quando há tensão muscular associada. Além disso, práticas como psicoterapia, meditação e mindfulness contribuem para a redução das crises, especialmente quando há ansiedade ou estresse como fatores desencadeantes.

Exercícios físicos têm efeito positivo

O exercício aeróbico regular ajuda a prevenir as crises. No entanto, durante períodos de dor intensa, ele pode ser um gatilho. Por isso, deve ser incluído no tratamento de forma gradual e com orientação.

Cirurgia não é indicada

Cirurgias para enxaqueca ainda são consideradas experimentais e não são recomendadas por sociedades médicas. Muitos pacientes não melhoram com a intervenção, e os riscos superam os benefícios.

Alimentação e estilo de vida fazem diferença

Evitar alimentos gatilho — como vinho, queijos envelhecidos e chocolate — é uma estratégia importante, especialmente no início do tratamento. Além disso, uma rotina com sono regular, alimentação equilibrada e acompanhamento multiprofissional aumenta significativamente as chances de melhora.

Tratamento multidisciplinar é mais eficaz

A atuação conjunta de neurologistas, nutricionistas, psicoterapeutas e dentistas traz resultados mais rápidos e duradouros. Com um plano abrangente, que inclui desde a medicação até a modificação de hábitos, o paciente encontra mais controle e qualidade de vida.

“Tratar a enxaqueca exige entender o cérebro sensível do paciente. Quando tratamos de forma ampla — com medicação, estilo de vida saudável e suporte profissional — o controle é muito mais eficaz”, afirma o Dr. Tiago de Paula.

Fonte: Dr. Tiago de Paula — Médico neurologista especialista em Cefaleia pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP), membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). CRMSP 168999 | RQE 18111 | Instagram: @drtiagodepaula

 

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