WHGR11 aposta em CRIs, permutas e recompra de imóveis, mas falta de transparência preocupa

O fundo imobiliário WHGR11 adota uma estratégia multiestratégia com diversificação entre CRIs, fundos imobiliários e até operações de recompra de imóveis. Apesar da ousadia no modelo, a falta de clareza nas informações e os custos elevados levantam dúvidas sobre sua atratividade.

O WHGR11, fundo gerido pela WHG, se posiciona no mercado com uma proposta diferenciada. Embora seja classificado como um fundo de papel, sua atuação vai além dos tradicionais CRIs, incluindo também permutas financeiras, aquisição de cotas de outros FIIs e uma modalidade rara: operações de recompra de imóveis.

Mas será que essa mistura de estratégias compensa os riscos e os altos custos envolvidos?

Estratégia multiestratégia: entre inovação e complexidade

CRIs dominam o portfólio, mas com composição mista

O WHGR11 tem cerca de 75% de sua carteira alocada em CRIs, divididos entre ativos de baixo risco (high grade) e papéis de maior risco (high yield). Esse equilíbrio posiciona o fundo como medium risk, ou seja, risco médio.

Entre os CRIs destacados estão:

  • Centro Logístico Rio Claro (IPCA + 9,6%)

  • Brookfield (prazo curto, boas garantias)

  • Perdizes, com destaque negativo: a garantia é descrita apenas como “promessa”, o que levanta um sinal de alerta.

Permutas e retrovendas: fontes alternativas de receita

O WHGR11 também investe em permutas financeiras, nas quais cede recursos em troca de participação no VGV (Valor Geral de Vendas) de empreendimentos. Porém, não há clareza sobre a quantidade de unidades envolvidas, o estágio das obras ou os percentuais de participação.

Mais incomum ainda são as operações de retrovenda. Nelas, o fundo compra imóveis de incorporadoras, que mantêm o direito de recompra futura com correção de CDI + prêmio. Essa operação oferece liquidez às construtoras, mas pode prejudicar o cotista: se der certo, o ganho é limitado; se der errado, o fundo fica com ativos pouco líquidos.

Exposição a outros FIIs e riscos de alocação

Além dos CRIs, o fundo mantém cerca de 15% em cotas de outros FIIs, com destaque para:

  • MCRE11 (Mauá Capital) – maior exposição, embora não seja um fundo muito atrativo

  • RBRF11 e KNIP11 – FIIs comprados recentemente, buscando valor em fundos descontados

Mesmo com essa diversificação, algumas escolhas geram questionamentos, especialmente pela falta de explicações sobre os critérios adotados para as alocações.

Receita “Frankenstein” e alta taxa de performance

A gestão do WHGR11 se orgulha da receita vinda de múltiplas fontes: CRIs, cotas de FIIs, permutas e retrovenda. Essa “colcha de retalhos” de receitas pode parecer robusta, mas complica a análise e dificulta previsibilidade.

Outro ponto sensível é o custo do fundo. A taxa de performance é de 20% sobre o que exceder IPCA + CDI + IMA-B5, o que representa uma barreira baixa para a gestora atingir e cobrar desempenho adicional. Ou seja, mesmo resultados medianos podem gerar cobranças extras para os cotistas.

Falta de transparência incomoda investidores

Apesar da proposta ousada, o fundo peca seriamente na transparência. Nos relatórios gerenciais, faltam:

  • Detalhes sobre as garantias dos CRIs

  • Informações sobre os devedores e finalidade dos recursos

  • Dados completos das permutas (número de unidades, percentual no VGV, estágio das obras)

A expressão “promessa de garantia” usada em um dos CRIs é um exemplo claro da falta de rigor informativo, o que pode afastar investidores que buscam segurança.

Vale a pena investir no WHGR11?

O WHGR11 é um fundo com proposta inovadora, que busca entregar retornos acima da média por meio de uma abordagem multiestratégica. No entanto, a execução ainda deixa a desejar, principalmente pela falta de transparência, custo elevado e risco mal dimensionado em algumas operações.

Para investidores experientes e que aceitam maior risco em busca de rentabilidade, pode haver valor em acompanhar o fundo. Já para quem prioriza previsibilidade, comunicação clara e perfil conservador, o WHGR11 talvez ainda não esteja pronto para entrar na carteira.

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