Enquanto a Clabin anunciou R$ 79 milhões em dividendos no primeiro trimestre de 2025 e entregou um lucro operacional acima das expectativas, suas ações acumulam queda de mais de 20% no ano. A disparidade entre fundamentos sólidos e a reação do mercado levanta uma questão-chave: será que estamos diante de uma oportunidade subestimada?
Descompasso entre o mercado e os números da Clabin
Apesar da queda de 3% no lucro líquido — que fechou o 1T25 em R$ 446 milhões — a Clabin entregou crescimento robusto no EBITDA, totalizando R$ 1,86 bilhão (+12,5% no comparativo anual). O desempenho operacional veio forte, especialmente nos segmentos de papel e embalagens, que compensaram a retração da divisão de celulose.
Enquanto isso, o mercado penalizou fortemente o papel KLBN11, que caiu de R$ 25 para R$ 20 — uma desvalorização que contrasta com os fundamentos da companhia.
Receita líquida, margens e fluxo de caixa
A receita líquida cresceu 10% no trimestre, alcançando R$ 4,6 bilhões. A margem EBITDA ajustada saltou de 37% para 38%, e o fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 492 milhões — algo incomum no primeiro trimestre, que costuma ser de queima de caixa.
Esses dados, por si só, já colocam a empresa em posição favorável, mas há mais.
Alavancagem sob controle e proteção cambial
A alavancagem caiu de 4,5x para 4,0x EBITDA, reforçando a robustez financeira. Além disso, a companhia tem R$ 9,34 bilhões em liquidez, cobrindo 35 meses do cronograma de amortizações. Cerca de 66% da dívida em dólar está atrelada a taxa fixa, o que mitiga riscos cambiais até 2027.
Exportações ganham força
Com o dólar médio saltando de R$ 4,95 para R$ 5,85, a Clabin aumentou sua exposição ao mercado externo: as exportações passaram a representar 47% da receita, frente aos 42% no 1T24. Esse movimento compensou a redução no consumo doméstico, reflexo de um cenário macro ainda fragilizado.
Política de dividendos baseada em EBITDA favorece o investidor
Diferente de empresas que pagam dividendos sobre o lucro líquido, a Clabin adota uma política de distribuição com base no EBITDA ajustado — garantindo pagamentos mesmo em momentos de pressão nos resultados líquidos.
No 1T25, os dividendos pagos representaram 15% do EBITDA do período, dentro do intervalo da política (10% a 20%). Isso resulta em um dividend yield atual de 6,36% para KLBN11 — superior ao de muitos ativos da bolsa, mesmo com a desvalorização recente.
Queda exagerada? Análise técnica sugere retomada
De acordo com análise técnica semanal, as ações da Clabin respeitaram regiões de suporte entre R$ 17,54 e R$ 18,25, com rejeição na resistência de R$ 19,96. Caso o papel supere os R$ 20,40, pode buscar R$ 21,34, configurando uma reversão de tendência de médio prazo.
Essa leitura técnica reforça o argumento de que a queda pode ter sido excessiva — e que há espaço para recuperação.
Projeções e preço teto: quanto vale a KLBN11 em 2025?
Com um EBITDA projetado de R$ 6,63 bilhões para o ano e payout estimado em 19%, o dividend yield esperado é de R$ 1,29 por ação.
Veja os preços teto conforme a expectativa de dividend yield:
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Yield de 4%: R$ 32,26
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Yield de 6%: R$ 21,51
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Yield de 8%: R$ 16,13
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Yield de 10%: R$ 12,91
Com as ações negociadas a cerca de R$ 20, elas ainda oferecem um potencial atrativo para investidores que miram um yield entre 6% e 8%.
Qual ação da Clabin comprar: KLBN3, KLBN4 ou KLBN11?
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KLBN11: ação unitária com maior liquidez e composição de 1 ON + 4 PNs. Ideal para operações mais avançadas, como dividendos sintéticos.
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KLBN4: preferencial com melhor dividend yield (6,44%) e múltiplos mais descontados.
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KLBN3: ordinária com menor atratividade no momento, menor yield e múltiplos menos favoráveis.
Para investidores que buscam liquidez e flexibilidade, KLBN11 é a escolha mais equilibrada. Já KLBN4 pode interessar aos que priorizam rendimento passivo com desconto.
Próximo anúncio de dividendos: quando e quanto?
Com base no histórico, a Clabin costuma anunciar dividendos no fim de julho ou início de agosto, com pagamento em meados de agosto. A expectativa do mercado é de um novo pagamento entre R$ 0,27 e R$ 0,32 por ação KLBN11.
Esse possível anúncio pode ser impulsionado pelos bons números operacionais e pela solidez financeira demonstrada no 1T25.
O que dizem os analistas?
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Genial Investimentos: recomendação de compra com preço-alvo reduzido de R$ 27 para R$ 23,50, ainda apontando upside de 22,5%.
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Citi: compra com preço-alvo de R$ 28, o que representa um potencial de valorização de cerca de 50%.
Ambas as casas de análise consideram a queda das ações injustificada diante da performance operacional da empresa.
Oportunidade à vista ou armadilha de curto prazo?
A Clabin vive um momento de forte assimetria: fundamentos sólidos, dividendos em alta e uma queda de ações que pode abrir uma janela estratégica de compra. Para investidores com foco em longo prazo e atenção ao preço teto, o cenário pode ser promissor. Mas, como sempre, é preciso cautela e análise — o que não falta para quem acompanha de perto o ativo.
O post Queda de 20% nas ações da Clabin acende alerta: entenda por que pode ser hora de comprar apareceu primeiro em O Petróleo.