Rumo anuncia R$ 1,5 bilhão em dividendos e governo propõe aumentar imposto sobre JCP

O mercado financeiro começou o mês de junho agitado com dois movimentos opostos, mas igualmente relevantes para os investidores. De um lado, grandes companhias brasileiras como Rumo Logística e CEMIG anunciaram a distribuição de bilhões em proventos, impulsionando o otimismo de acionistas que apostam em renda passiva. De outro, o governo federal apresentou uma proposta de aumento na alíquota de imposto de renda sobre o Juro sobre Capital Próprio (JCP), o que pode reduzir significativamente o retorno líquido desses investimentos.

Esse contraste entre distribuições generosas de dividendos e ameaças de maior tributação acendeu o alerta entre investidores, especialmente aqueles que mantêm ações de empresas com histórico de alto payout via JCP. A seguir, veja os detalhes sobre os pagamentos anunciados, as estatísticas históricas e o impacto potencial das mudanças fiscais propostas.

Rumo volta ao radar dos dividendos com distribuição recorde

Após anos com política conservadora de proventos, a Rumo Logística (RAIL3) anunciou um dividendo extraordinário de R$ 1,5 bilhão, equivalentes a R$ 0,81 por ação ordinária. O pagamento será feito em 25 de junho de 2025, com data de corte em 16 de junho.

Essa distribuição vem da reserva de lucros acumulada e marca o maior pagamento da história da companhia, controlada pela Cosan. A iniciativa surpreende o mercado, considerando que:

  • Entre 2015 e 2021, a Rumo não distribuiu dividendos.

  • Em 2022, retomou com pagamento simbólico de R$ 0,02 por ação.

  • Em 2023, o valor subiu para R$ 0,12 por ação.

Com essa distribuição, o dividend yield (DY) estimado com base no preço atual (R$ 19,80) é de aproximadamente 4,09%, um dos mais altos já registrados pela companhia. O anúncio sinaliza uma possível mudança na política de retorno ao acionista, refletindo maior geração de caixa operacional.

CEMIG pagará R$ 0,67 por ação em junho e deve ultrapassar R$ 2 bilhões em 2025

A CEMIG (CMIG4) confirmou que pagará a primeira parcela dos proventos em 30 de junho, no valor bruto de R$ 0,67 por ação, sendo R$ 0,35 via Juros sobre Capital Próprio (JCP) e R$ 0,32 como dividendos.

Considerando o número total de ações preferenciais e ordinárias, a companhia deve distribuir mais de R$ 2,1 bilhões ao longo de 2025, consolidando-se como uma das principais pagadoras da Bolsa brasileira.

Indicadores históricos da CEMIG:

  • Dividend yield médio (últimos 5 anos): 9,4%

  • Payout médio: entre 50% e 75% do lucro líquido

  • Lucro líquido de 2024: R$ 4,3 bilhões

  • Proventos pagos em 2024: R$ 2,8 bilhões

A segunda parcela está prevista para 30 de dezembro, seguindo o padrão da empresa. Entretanto, vale atenção ao fato de que uma parcela significativa dos pagamentos é realizada por JCP, que poderá sofrer impacto com a proposta de aumento de tributação.

Governo propõe aumento da alíquota do JCP de 15% para 20%

Como parte de um pacote de medidas para ampliar a arrecadação, o governo federal propôs:

  • Elevação da alíquota do Imposto de Renda sobre o JCP de 15% para 20%

  • Unificação da alíquota para aplicações financeiras em 17,5%

Caso aprovado, o impacto será direto na rentabilidade líquida de quem recebe JCP, principalmente investidores de empresas como CEMIG, bancos e seguradoras, que utilizam esse mecanismo com frequência.

Comparativo do impacto para o investidor:

  • Com IR de 15%: JCP bruto de R$ 1.000 resulta em R$ 850 líquidos

  • Com IR de 20%: JCP bruto de R$ 1.000 resulta em R$ 800 líquidos

  • Redução de 5,88% no valor líquido recebido

Apesar do discurso oficial de que a proposta visa atingir os grandes investidores, analistas apontam que investidores médios também serão afetados, inclusive aqueles que constroem patrimônio com foco em renda passiva.

O que muda para o investidor?

A proposta de aumento da tributação exige atenção à natureza dos proventos pagos pelas empresas:

  • Empresas como a Rumo, que distribuem dividendos puros, não têm imposto retido na fonte até o momento.

  • Já companhias como a CEMIG, que pagam parte significativa dos proventos via JCP, sofrerão redução do retorno líquido caso a proposta seja aprovada.

Na prática, investidores devem avaliar o tipo de distribuição adotada pelas empresas em suas carteiras, uma vez que o impacto da nova alíquota pode comprometer o yield efetivo.

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