O fundo imobiliário Hedge Crédito (HGCR11) reportou um resultado positivo em abril de 2025, com R$ 1,34 por cota, impulsionado por eventos extraordinários e indexação à inflação. No entanto, o cenário de inadimplência de dois de seus maiores CRIs compromete 9,8% do patrimônio líquido (PL) e preocupa os investidores quanto à sustentabilidade dos rendimentos.
Indicadores financeiros de abril: desempenho acima da média
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Resultado acumulado no mês: R$ 1,34 por cota
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Rendimento distribuído: R$ 1,50 por cota
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Reserva acumulada: cresceu de R$ 0,45 para R$ 0,74 por cota
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Rentabilidade da carteira de CRIs: +1,60% em abril
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Liquidez diária média: R$ 2 milhões
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Número de cotistas: 101.961
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Preço de mercado: R$ 96,80 (com leve deságio em relação ao valor patrimonial)
O fundo segue entregando um dos maiores dividend yields mensais do setor de papel, equivalente a 1,55% no mês (cerca de 21,0% ao ano), mesmo diante de eventos não recorrentes.
Dois CRIs inadimplentes somam 9,8% do PL
A performance do fundo foi eclipsada por inadimplência em dois grandes ativos, que juntos somam R$ 92 milhões de um PL estimado em R$ 940 milhões:
1. CRI Cricota – 4,6% do PL
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Valor da operação: R$ 70 milhões
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Índice: IPCA + 7,75%
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Garantias: sete lajes corporativas, cotas de SPE, fiança pessoal e fundo de reserva
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Situação: inadimplência em abril; assembleia aprovou execução de garantias
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Impacto potencial: ainda incalculável, mas pode afetar dividendos futuros se não for recuperado
2. CRI Mega Moda – cerca de 5,2% do PL
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Um dos maiores CRIs da carteira
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Apresenta dificuldades operacionais e sinais de calote iminente
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Apesar disso, não foi incluído na watchlist oficial do fundo
Juntas, as duas operações representam 9,8% do patrimônio do fundo, número elevado e preocupante para um fundo de crédito estruturado, principalmente considerando a natureza da alocação em ativos de risco moderado.
Alerta sobre Urca Prime: posição derrete 60%
Outro destaque negativo do relatório foi a posição no FII Urca Prime Renda, que chegou a representar até 1% da carteira:
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Preço anterior: R$ 100
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Preço atual: R$ 44 (queda de 56%)
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Comentário da gestão: “Estávamos brincando com fogo”; posição considerada arriscada
A exposição ao fundo Urca, que sofreu forte desvalorização, revela uma falha tática na gestão do portfólio secundário, principalmente no que tange à análise de risco de fundos de fundos.
Composição da carteira: foco em IPCA e diversificação moderada
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Indexação predominante: 78% atrelado ao IPCA; 18% ao CDI
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Setores: varejo, residencial, logístico e corporativo
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Alocação por tipo de ativo: 100% em CRIs, após redução de FOFs e cotas de outros FIIs
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Alavancagem: praticamente nula, sem compromissos relevantes a liquidar
Apesar de manter perfil conservador na estrutura de capital, o fundo ainda carrega riscos consideráveis na qualidade de crédito de algumas operações estruturadas, especialmente com incorporadoras e empreendimentos em regiões menos resilientes.
Análise final: dividendos atrativos, mas risco elevado
O HGCR11 continua oferecendo dividendos mensais elevados, mas a crescente inadimplência em operações relevantes e a falta de transparência sobre a gestão dos riscos exigem atenção dos cotistas.
A execução das garantias pode levar meses, e até lá, há incertezas sobre a capacidade de manter a atual política de distribuição. Com quase R$ 100 milhões em risco, qualquer falha na recuperação de crédito pode impactar o fundo e provocar reavaliações negativas do mercado.
O post HGCR11 sofre com inadimplência de CRIs e vê 10% do portfólio comprometido apareceu primeiro em O Petróleo.