Apesar de figurar entre as empresas mais lucrativas da B3 no 1º trimestre de 2025, o Banco do Brasil (BBAS3) acendeu um sinal de alerta no mercado. O motivo vai além do recuo nos lucros e está ligado a um problema bilionário: a crise do FIES. O programa de financiamento estudantil do governo já acumula uma inadimplência superior a 68% entre os contratos administrados pelo banco — uma bomba-relógio que ameaça resultados futuros, dividendos e a capacidade de concessão de crédito da instituição.
Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o prejuízo do FIES já supera R$ 15,7 bilhões. O Banco do Brasil é responsável por cerca de 840 mil contratos, dos quais 572 mil estão inadimplentes. O rombo pode se agravar, com estimativas de perdas adicionais de bilhões de reais para o BB e a Caixa Econômica Federal.
Inadimplência explode e compromete lucros e PDDs
O impacto já aparece nos números. O lucro do Banco do Brasil caiu para R$ 7,4 bilhões no 1T25 — retração de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL), que era de 21,7% no início de 2024, recuou para 16,7%, frustrando as expectativas do mercado, que projetavam pelo menos 18,2%.
Outro dado preocupante é a alta na inadimplência acima de 90 dias, que saltou de 3,32% para 3,86% no comparativo entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025 — o maior avanço em trimestres consecutivos nos últimos anos. Isso forçou o banco a elevar suas provisões para perdas (PDDs), afetando diretamente o lucro líquido e o capital disponível para novas operações.
Ações em queda, dividendos pressionados e suporte em teste
Com a deterioração dos indicadores, as ações BBAS3 acumulam queda de 16,5% nos últimos 12 meses. No momento da análise, os papéis eram negociados a R$ 21,45, com um P/L de apenas 5,65 e P/VP de 0,68 — sinalizando forte desconto em relação ao valor patrimonial. O dividend yield atual, inflado pela queda nas cotações, chega a 14%.
Para investidores de longo prazo, esse cenário pode representar oportunidade. Segundo projeções conservadoras do canal Ativo Virtual, com lucro estimado de R$ 33,97 bilhões em 2025 e payout de 40%, o preço teto para diferentes perfis de investidor varia de R$ 59,28 (para DY de 4%) até R$ 23,71 (DY de 10%).
Especialistas divididos: crise ou oportunidade?
A XP Investimentos ainda recomenda a compra de BBAS3, projetando dividend yield de 8,6% ao ano. Já outros analistas alertam para a pressão da inadimplência no agronegócio e no FIES, que pode comprometer o desempenho do banco nos próximos trimestres.
Luise Barsi, filha do megainvestidor Luiz Barsi, enxerga a queda como uma oportunidade. Ela afirma que o Banco do Brasil é um exemplo clássico de como as narrativas mudam rápido no mercado e reforça o interesse em comprar ações do banco a preços descontados.
Risco real, mas fundamentos sólidos
A crise do FIES expõe uma fragilidade importante nos resultados do Banco do Brasil, com efeitos diretos na lucratividade, dividendos e percepção de risco do mercado. Por outro lado, a base de capital do BB continua sólida, e o banco mantém o compromisso de distribuir pelo menos 40% do lucro líquido aos acionistas.
Investidores devem ficar atentos aos desdobramentos da reestruturação do FIES, à evolução dos indicadores de inadimplência e às sinalizações da diretoria sobre a política de dividendos. O momento exige cautela, mas também pode oferecer oportunidades para quem investe com foco no longo prazo.
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