Trump mira chips e agita mercados: Ibovespa sobe e dólar cai com isenção temporária

Nesta segunda-feira, o mercado financeiro brasileiro iniciou o dia em clima de otimismo, com o Ibovespa operando em alta e o dólar recuando para a casa dos R$ 5,80. A recuperação do índice, que chegou aos 129 mil pontos, foi impulsionada por fatores internacionais — principalmente pela decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de isentar temporariamente smartphones e computadores de novas tarifas de importação.

A medida, ainda que pontual, trouxe alívio aos investidores globais, principalmente ao setor de tecnologia, que vinha sendo pressionado pela ameaça de novas barreiras comerciais. Como resultado, as ações da Petrobras (PETR4) subiram cerca de 2% e as da Vale (VALE3) avançaram 1% no pregão.

Trump pressiona indústria de semicondutores com nova tarifa

Apesar do alívio inicial, Trump anunciou que novas tarifas sobre chips semicondutores importados serão detalhadas na próxima semana. Segundo o ex-presidente, o objetivo é impulsionar a fabricação doméstica de semicondutores nos EUA, um setor considerado estratégico e sensível em tempos de disputas geopolíticas.

Ao ser questionado por jornalistas sobre a possibilidade de smartphones permanecerem isentos, Trump desconversou, mas defendeu uma abordagem flexível. “Ninguém deve ser tão rígido assim”, afirmou, sinalizando que pode haver concessões pontuais para empresas do setor.

Flexibilidade ou contradição? Análise aponta risco para o comércio global

Para Gino Olivares, economista-chefe da ASI Multibrasil, o movimento de Trump pode ter repercussões negativas para a economia global. Em entrevista à CNN Money, Olivares destacou que a imposição de tarifas sobre componentes críticos como chips pode gerar efeitos em cascata na cadeia de produção e, consequentemente, no preço de produtos eletrônicos ao redor do mundo.

“Se os EUA pressionarem ainda mais as importações, o mundo pode pagar a conta. Isso afeta desde a produção industrial até o consumo final”, alertou o economista, destacando o risco de uma nova onda de inflação importada.

Wall Street reage positivamente, mas com cautela

Os principais índices de Nova York também abriram em alta nesta segunda-feira, refletindo o alívio momentâneo trazido pela isenção tarifária. No entanto, a cautela prevalece entre os analistas, que veem incerteza na estratégia de Trump. Para o mercado, tudo dependerá da extensão e da duração das medidas.

Empresas de tecnologia, especialmente aquelas com cadeias produtivas na Ásia, estão em alerta. A indústria de semicondutores, epicentro da nova disputa, envolve gigantes como TSMC, Samsung e Intel — todas altamente sensíveis a mudanças tarifárias.

Impactos no Brasil: dólar em queda e ações em alta

A influência das decisões internacionais se refletiu diretamente no pregão brasileiro. A queda do dólar, combinada com o bom desempenho das commodities e a expectativa de manutenção dos estímulos nos EUA, fortaleceu o apetite por risco.

Papéis de empresas exportadoras se beneficiaram do cenário, enquanto o setor de tecnologia local ainda reage de forma mais cautelosa. Com a volatilidade externa em pauta, investidores brasileiros seguem atentos à evolução das tarifas e ao posicionamento do governo Biden frente às declarações de Trump.

Contexto geopolítico e implicações econômicas

As tarifas de Trump têm como pano de fundo o reposicionamento dos EUA na cadeia de produção global, especialmente frente à China. Ao buscar incentivar a produção interna de semicondutores, o ex-presidente reforça sua narrativa de soberania econômica e independência tecnológica.

No entanto, especialistas alertam que medidas protecionistas podem gerar distorções no comércio, reduzir a competitividade e impactar negativamente o crescimento global. O temor é que uma nova escalada tarifária comprometa o frágil equilíbrio econômico em meio a sinais de desaceleração nas principais economias.

O que observar nos próximos dias?

  • Anúncio oficial das tarifas sobre chips: Trump prometeu divulgar detalhes na próxima semana.

  • Reações da China e da União Europeia: possíveis retaliações comerciais podem reacender tensões.

  • Impacto nos mercados emergentes: moedas e ações sensíveis a commodities, como o Brasil, devem continuar voláteis.

  • Desdobramentos na cadeia tecnológica global: empresas que dependem de chips importados podem antecipar estoques ou rever contratos.

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