Marina Lima exalta nova geração LGBT+: “Isso me enche de orgulho”

Se você ligar o rádio agora, não importa a estação, muito provavelmente vai ouvir Marina Lima. Tem sido assim desde os anos 1980, quando ela estourou no Brasil com sucessos como Fullgás, À Francesa, Nosso Estranho Amor, Eu Te Amo Você e Acontecimentos.Verdadeira criadora de clássicos da música popular, a cantora carioca de 69 anos (faz 70 em setembro) traz a Salvador sua mais nova turnê: Rota 69, um show de música, letra e dança para quem se afina com a ideologia desta artista virginiana.Dentro do projeto Concha para Todos e acompanhada dos músicos Arthur Kunz (bateria) Carol Mathias (teclados), Giovanni Bizotto (violão) e Gustavo Corsi (guitarra), além da bailarina Carol Rangel, Marina se apresenta amanhã, às 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA).A artista confessa que o intuito do show é fazê-la voltar a gostar de se apresentar em público, já que sempre foi mais feliz dentro de estúdio, fazendo disco.“Com o Rota 69, me vejo feliz e conectada com o público e adorando fazer shows. Hoje, no palco, me sinto devolvendo todo esse amor que recebo há 45 anos. Hoje, sinto prazer em cantar num palco”, afirma Marina ao A TARDE.A turnê celebra 45 anos de carreira da cantora e compositora (completados o ano passado, afinal seu primeiro registro fonográfico é de 1979 – Simples Como Fogo), e tem este título em alusão tanto à rodovia norte-americana Rota 66 — imortalizada como símbolo de liberdade da juventude nos Estados Unidos, onde Marina passou parte da infância — como aos 69 anos da artista.“Rota 69 é um show sobre a minha trajetória, sobre a minha rota até agora por aqui, mas faz parte dessa rota alguém imenso que permeou toda minha vida e obra: meu irmão (Antonio) Cícero. Eu e Cícero criamos uma obra juntos”, sinaliza a cantora.De Fullgás a Billie Eilish

|  Foto: Divulgação

Idealizado e dirigido por Candé Salles, o show é uma prova da inquietação e da energia da artista. Com roteiro retrospectivo, exibição de poemas por vídeo – como Guardar, do irmão e parceiro Antonio Cicero (1945-2024) –, Rota 69 tem ainda reprodução de áudios de gravações de músicas como Anna Bella e I’m on Fire.No repertório, dentre tantos sucessos, Me Chama, Mesmo Que Seja Eu, Eu Te Amo Você, Nada por Mim, Nem Luxo Nem Lixo e Na Minha Mão (do álbum Pierrot do Brasil, de 1998).Mas Marina avisa que o repertório não será somente de músicas que a plateia conhece e gosta de cantar. Vai ter também canções compostas com outros parceiros, além de alguns rocks e releituras, como o pop sáfico Lunch, da californiana Billie Eilish.“É um show grande pra públicos grandes. As pessoas estão interessadas também em outras questões, não só em ouvir sucessos. Então, independente de tocar Fullgás e outras músicas conhecidas, coloquei algumas canções que são igualmente importantes pra mim, mas não são tão hits”, detalha a musa.E complementa: “elas falam também de coisas que interessam às pessoas que gostam de música e gostam da vida. Eu gosto de falar de assuntos que vão ficar pra sempre. Minha praia é falar de sentimentos. Os costumes mudam, mas as questões não. Então, as questões estão sempre presentes no meu repertório”.

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Precursora LGBT+Indubitavelmente, uma das mais importantes figuras da cena musical dos anos 1980 e 90, a autora de O Lado Quente do Ser, nestas mais de quatro décadas de estrada imprimiu canções que embalaram corações solitários, nem tão solitários assim, e que casaram muita gente pós-moderna, contemporânea. São 23 discos lançados que, até hoje, reverberam cheios de vigor.E desde Nosso Estranho Amor, música gravada em dueto com Caetano Veloso no sedutor álbum Olhos Felizes, Marina, de certa forma, tem flertado e empunhado a bandeira da comunidade sexualmente minorizada. Isto, há mais de 40 anos, mais precisamente em 1981.

Faço parte da comunidade LGBTQIAP+. Essa luta é minha também. Hoje em dia, os jovens podem ser o que eles quiserem e isso me deixa cheia de orgulho, porque eu assumi minha bissexualidade ainda jovem e na época era um problema

Sempre ligada no que há de novo na música, a cantora carioca reconhece que gosta de estar conectada com a geração mais jovem.“Fiz um projeto chamado Vozes, onde cantei com Ana Frango Elétrico, no Rio, fui conhecer o trabalho dela e gostei muito. Também, recentemente, cantei a música Eu não sei dançar, com Agnes Nunes, e adoro o jeito que ela canta”.De mais a mais, também é fã confessa da música produzida por aqui. “Adoro música baiana. Escuto muito e também já gravei algumas canções. Neste show, canto Beija-Flor, uma música linda da Timbalada que gravei no disco Abrigo (1995). Bloco do Prazer é uma música do Moraes que eu adoro e também está no show”, finaliza.E mesmo com o problema que sofreu nas cordas vocais, há cerca de 30 anos, e a fez se ausentar da cena musical por um tempo, Marina não se intimidou.Curiosa e eternamente inquieta, continuou na estrada, produzindo, se atualizando, lançando discos e, agora, com disposição para encarar qualquer palco. Inclusive, para gáudio dos fãs, vem aí mais um álbum, o primeiro da musa após a partida do irmão.Rota 69, com Marina Lima / 15 de junho / 19 horas / Concha Acústica do TCA / terceiro lote: R$ 60 (meia) e R$ 120 (inteira) / vendas na bilheteria do Teatro castro alves e pelo site do Sympla

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