“Teerã arderá”: nova ameaça de Israel eleva risco de guerra total no Oriente Médio

Masud Pezeshkian, o presidente iraniano, prometeu neste sábado, 14, uma resposta “ainda mais forte” para Israel. A declaração veio após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dizer que quer bombardear “todos os locais do regime” no segundo dia da ofensiva.O Irã acusou Israel de precipitar o Oriente Médio em um “perigoso ciclo de violência” e de minar as conversas entre Teerã e Washington sobre o programa nuclear iraniano.Omã, que atua como mediador entre os Estados Unidos e o Irã nesse diálogo, anunciou que a nova rodada de reuniões prevista para domingo em sua capital, Mascate, foi cancelada. “A diplomacia e o diálogo continuam sendo o único caminho para uma paz duradoura”, declarou no X o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr Albusaidi.Mas Pezeshkian afirmou que “o Irã não aceitará exigências irracionais sob pressão e não se sentará à mesa de negociações enquanto o regime sionista continuar com seus ataques”, durante uma ligação com seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

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Israel ameaça ‘fazer Teerã arder’Pelo segundo dia consecutivo, a aviação israelense prosseguiu com ataques a diversos locais, em especial sistemas de defesa antiaérea na região de Teerã e dezenas de lançadores de mísseis.O objetivo: desmantelar as capacidades militares e nucleares de seu arqui-inimigo.”Muito em breve, vocês verão aviões israelenses (…) no céu de Teerã. Atacaremos todos os locais e alvos do regime”, afirmou Netanyahu, que disse contar com o “apoio claro” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.”Infligimos um golpe real ao programa nuclear” do Irã, acrescentou.Na noite deste sábado, as defesas antiaéreas foram ativadas em Teerã e em seis províncias, incluindo o porto estratégico de Bandar Abbas, segundo a mídia local.Pouco depois, o Exército de Israel afirmou ter bombardeado uma instalação subterrânea de lançamento de mísseis no oeste do Irã.Israel diz ter informações dos seus serviços de inteligência segundo as quais o Irã está se aproximando de um “ponto sem retorno” no avanço para desenvolver uma bomba atômica.Com esse argumento, o Exército israelense lançou na madrugada de sexta-feira uma operação aérea em massa sobre o Irã, bombardeando mais de 200 instalações militares e nucleares.Israel afirmou ter matado mais de 20 altos comandantes das forças de segurança iranianas.O representante do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, declarou na sexta-feira que pelo menos 78 pessoas morreram e mais de 320 ficaram feridas, “a grande maioria civis”.O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, advertiu que “Teerã arderá” se o Irã continuar lançando mísseis contra seu território.Effie Defrin, porta-voz do Exército israelense, afirmou neste sábado que Israel tem agora “liberdade de ação aérea em todo o oeste do Irã, até Teerã”.Irã reage com promessa de retaliação em massaEm resposta, o Irã lançou mísseis contra Israel na sexta-feira, a maioria dos quais foi interceptada, segundo o Exército israelense. Os Estados Unidos ajudaram a derrubá-los, afirmou um funcionário americano.Mas foram registrados danos significativos na região de Tel Aviv, onde as equipes de resgate relataram três mortos e dezenas de feridos.As potências ocidentais pedem a desescalada, mas ao mesmo tempo o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que seu país está mobilizando “recursos na região, incluindo caças, como parte de um apoio emergencial”.O presidente Pezeshkian, cujo país nega estar fabricando armas nucleares, advertiu neste sábado que a resposta militar do Irã será “ainda mais forte” se Israel persistir com os bombardeios.Um chefe da polícia iraniana e cinco membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, morreram neste sábado em ataques no oeste e centro do país, segundo a mídia local.Além disso, outras duas pessoas morreram em um bombardeio israelense contra uma ambulância no noroeste, segundo o Crescente Vermelho iraniano.O ataque de um drone israelense contra uma refinaria estratégica no sul do Irã provocou neste sábado uma “forte explosão”, segundo uma agência iraniana.Cientistas viram alvo de bombardeiosO Ocidente e Israel suspeitam que o Irã, considerado por especialistas como a única potência nuclear do Oriente Médio, queira se dotar de armas nucleares. Teerã nega e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã possuía, em meados de maio, 408,6 kg de urânio enriquecido a 60%. Tais reservas, se enriquecidas a 90%, o nível necessário para projetar uma bomba atômica, permitiriam fabricar mais de nove bombas desse tipo.Aliado de Israel, o presidente dos EUA, Donald Trump, havia instado Teerã na sexta-feira a chegar a um acordo sobre seu programa nuclear ou se expor a ataques “ainda mais brutais”.Apesar de a comunidade internacional ter feito um apelo à desescalada, Netanyahu advertiu que “virão mais” ataques. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que Israel “lançou uma guerra” que o levará à “sua ruína”.O Exército israelense indicou que nove cientistas nucleares iranianos morreram em seus ataques de sexta-feira, número confirmado pela televisão estatal iraniana.As forças israelenses anunciaram ainda que haviam “desmantelado” uma usina de urânio em Isfahan, no centro do Irã. Os danos nessas instalações e na de Fordo, ao sul de Teerã, foram menores, segundo a organização nuclear iraniana.Uma instalação externa crucial da usina de urânio de Natanz foi “destruída”, informou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com base em relatórios do Irã. Mas o organismo não registrou “nenhum aumento nos níveis de radiação” na região.Voos estão suspensosSegundo a mídia iraniana, ocorreram ataques na cidade de Tabriz, no norte do país, e nas províncias ocidentais de Lorestan, Hamedan e Kermanshah, onde estão situadas bases militares importantes.O espaço aéreo iraniano está fechado “até novo aviso”, anunciou a agência oficial Irna.Em Israel, o principal aeroporto internacional, Ben Gurion, próximo a Tel Aviv, também está fechado por tempo indeterminado.Jordânia, Síria e Líbano, países vizinhos de Israel, anunciaram neste sábado a reabertura de seus espaços aéreos. Mas a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) aconselhou as companhias aéreas a “não operarem no espaço aéreo” desses países, além de Iraque, Irã e Israel.A escalada militar entre esses dois últimos, separados por mais de 1.500 km, faz temer um conflito em larga escala na região, segundo especialistas.Diante do aumento das tensões, o papa Leão XIV fez neste sábado um “apelo à responsabilidade e à razão” aos dois países.

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