Leia Também:
Morte de Larissa Manoela: polícia faz revelação inédita sobre crime
Padrasto de Larissa Manoela presta depoimento à polícia; saiba mais
Grávida morre após queda de balão com 33 pessoas em SP
Articulação nacionalO presidente do Conselho Regional de Química da Bahia, Antônio César de Macêdo explica que a entidade age na fiscalização, mas não tem poder de prisão ou de fechamento de estabelecimentos.“O arsênio é uma substância muito perigosa e sabemos que a venda clandestina existe, então, quando detectamos irregularidades, denunciamos ao Ministério Público e outros órgãos”, diz Antônio, destacando que atuam em colaboração com a Polícia Civil, Polícia Federal, Anvisa e Ibama.Os conselhos também colaboram na elaboração de leis de controle mais rigorosas desta e de outras substâncias, como o chumbinho – outro derivado do arsênio – que é proibido pela Anvisa, apesar de ser vendido como raticida. “Normalmente são empresas de fundo de quintal, por isso temos trabalhado para aumentar a fiscalização, minimizar os danos e fazer com que as empresas sejam regularizadas”.O arsênio tem diversas aplicações, como na indústria metalúrgica, na fabricação de semicondutores, em tratamentos médicos, além de compor a produção de agrotóxicos. Mas também tem sido usado em crimes de envenenamento. No ano passado, outro caso chocou o país: quatro pessoas de uma mesma família morreram na cidade de Torres, no Rio Grande do Sul, depois de comerem um bolo natalino envenenado.Quais são os sintomas de envenenamento por arsênio?
Bahia possui Centro de Informação e assistência Toxicológica
| Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE
O crime fez com que autoridades como o CFQ, a Sociedade Brasileira de Toxicologia e os Centros de Informação e Assistência Toxicológica de todo o país entrassem em alerta. “Por ser um pó branco, diluível em água. Ele é confundido com outros produtos caseiros, como o sal de cozinha”, afirma a infectologista Andrea Alves, que atua no CIATox baiano.Andrea explica que o grau de toxidade e os impactos no organismo vão depender da dosagem e de outros fatores como o peso da pessoa e suas condições físicas. E que o veneno provoca um colapso dentro das células, com consequências nos sistemas digestivo, cardiovascular e neurológico. “Em geral, os primeiros sintomas já se apresentam de 30 minutos a duas horas após a ingestão, com náuseas, vômitos e diarreia, até chegar a quadros de desidratação e disfunção de vários órgãos”.Como os sintomas iniciais não são específicos e podem ser confundidos com outras doenças, alerta a especialista, é preciso avaliar com atenção a história trazida pelo paciente e seus familiares. E procurar atendimento médico rapidamente. O CIATox oferece orientações aos profissionais de saúde de entidades públicas e privadas, assim como à comunidade em geral, através do telefone 0800 284 4343, que funciona 24 horas.Após a avaliação, se for necessário, será indicado a utilização de soros e antídotos, e onde encontrá-lo na região mais próxima da vítima. O órgão também realiza testes toxicológicos.No caso do arsênio, informa Andrea, é usado o DMSA, que age retirando o metal do organismo através de um processo chamado de quelação. Em alguns casos, nas contaminações crônicas por exposição ao produto, há outras possibilidades de tratamento.O CIATox não fez nenhum registro de envenenamento por arsênio na Bahia nos últimos três anos. Agora em 2025 houve uma suspeita, que não foi confirmada. No entanto, há vários casos de intoxicação por outros produtos químicos e até misturas caseiras. “É muito importante prestar atenção naquilo que estamos consumindo, qual a origem, o aspecto da embalagem e se está dentro da validade. Nós temos que ficar atentos”, aconselha a coordenadora do centro, Carli Ventura.O arsênio vai ser regulado?Dois projetos de lei foram apresentados para regulamentar a venda do arsênio no Brasil: o primeiro deles, o PL 985/2025, tem autoria do deputado federal Lula da Fonte (PP/PE) e pretende proibir a venda a pessoas naturais de arsênio e de venenos de qualquer espécie sem identificação e comprovação da necessidade de uso. No momento, o projeto aguarda a designação de um relator na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.Já o PL 1381/2025, de autoria do deputado federal Gilson Daniel (PODE/ES), regulamenta a comercialização, o transporte, o armazenamento e o controle do arsênio e seus compostos, e dá outras providências. O projeto também espera a designação de um relator na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados. Ainda não há previsão de tramitação para nenhum dos dois.