‘O livro me acalma’, diz jovem interna do Degase ao se encontrar com a autora Thalita Rebouças na Bienal do Livro


A menina, que tem 18 anos, conta que achava que não gostava de ler, mas acabou descobrindo que os livros fazem uma boa companhia e a ajudam a dormir. No sábado, outra jovem teve um encontro emocionante com a autora Elayne Baeta. Autora Thalita Rebouças se encontra com jovem fã
Divulgação/Bienal do Livro Rio/Filmart
Uma jovem de 18 anos teve um encontro com Thalita Rebouças na tarde desta segunda-feira (16). A menina, que é interna do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), ganhou um exemplar autografado do lançamento da autora: O Diário de Uma Garota Esquisita.
A garota contou que lê os livros da autora desde os 14 anos, que seu favorito é Fala sério, mãe! – história que ela se identificava por ter uma relação complicada em casa, mas que aos poucos entendeu que a família tinha razão.
“O livro me acalma, me ajuda a dormir. É leve, e eu amo. Eu achava que não gostava de ler. Aí peguei o primeiro livro e vi que era bom. Quando comecei, descobri que gosto. E gosto muito”, afirma.
Desde então, ela lê durante as madrugadas, quando o alojamento já está em silêncio. É nesse tempo quieto que os livros fazem companhia e trazem sentido para a adolescente.
A adolescente contou que compartilha livros com outras meninas da unidade e convidou a autora para visitar a biblioteca do Degase.
Jovem se encontra com autora Elayne Baeta
Divulgação/Bienal do Livro Rio
No sábado (14), outra jovem, de 16 anos, que já passou pelo Degase e está em liberdade assistida, se encontrou com a best-seller Elayne Baeta, uma das suas autoras favoritas.
A jovem carioca faz parte de um clube do livro que há um ano e meio acontece dentro do Degase, fruto de uma iniciativa da Galera Record. Foi por meio dessa atividade que ela conheceu a obra de Elayne Baeta, se apaixonou por leitura e começou a se arriscar na escrita.
Elayne se emocionou ao ouvir a história da jovem e saber mais sobre a paixão dela pelos livros.
“Eu sou de Salvador, mas do interior da Bahia. Comecei a trabalhar aos 12 anos, trabalhei de tudo, até em funerária. Escrevia na internet, metade com esperança, metade sem. Um dia, abri o computador para olhar um e-mail do Serasa quando, três mensagens abaixo, estava uma proposta de publicação da Rafaella Machado [editora executiva da Galera Record]. Eu enlouqueci. Tudo isso aqui é fruto de muita luta”, contou Elayne, emocionada.
A jovem, por sua vez, compartilhou que só começou a escrever por insistência da bibliotecária no Degase, que a estimulou a participar de um concurso.
“Eu sempre dava desculpa. Dizia que não tinha folha, que depois faria. Até que ela falou: ‘Eu preciso que você faça, porque eu preciso encerrar o concurso’. Fiz quatro páginas, frente e verso, e entreguei. Disse que só continuaria se ficasse em primeiro lugar, e eu fiquei. Nem eu acreditava, mas todo mundo dizia que eu tinha criatividade, que eu tinha que continuar”, contou.
Com brilho nos olhos, ela explicou que se enxergou na história de Elayne e que, assim como ela, quer fazer da literatura uma possibilidade real de futuro.
“Eu não estou aqui só por mim. As pessoas acreditaram mais em mim do que eu mesma. E ouvir agora da Elayne que ela acredita em mim faz eu ter mais vontade de continuar. Acho que a partir de hoje meu hobby favorito vai ser esse: leitura e escrita”, garantiu a jovem, que não descarta voltar um dia à Bienal como autora.
Rafaella Machado, responsável por descobrir Elayne nas redes sociais, acompanhou de perto o encontro na Bienal e também se emocionou:
“É impossível não ficar impactada com histórias como essa. A Elayne representa exatamente o poder transformador da literatura. Ver que uma jovem, em um contexto tão difícil, encontrou nos livros uma possibilidade real de futuro, nos mostra que estamos no caminho certo. É para isso que a gente publica livros, é para isso que a gente faz cultura”.
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